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Capital

Secretaria pede punição de coronel da PM, após prisão de guarda municipal

Angela Kempfer | 22/02/2019 11:15
Briga entre PM e Guarda já provocou até reunião entre o prefeito Marquinhos Trad (no meio) e o secretário de Segurança de MS, Antônio Carlos Videira, à direita. (Foto: Divulgação/PMCG).
Briga entre PM e Guarda já provocou até reunião entre o prefeito Marquinhos Trad (no meio) e o secretário de Segurança de MS, Antônio Carlos Videira, à direita. (Foto: Divulgação/PMCG).

A prisão de um guarda municipal no início deste mês virou denúncia contra coronel da Polícia Militar em Campo Grande. O pedido de apuração foi enviado à Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), à Câmara Municipal e ao MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) pela Sesdes (Secretaria Especial de Segurança e Defesa Social) nesta terça-feira (19).

O caso que levou à denúncia ocorreu no dia 3 de fevereiro. No entanto, toda a história envolvendo guarda municipal e coronel da Polícia Militar começou no primeiro dia do mês, com o roubo de duas bicicletas no Parque das Nações Indígenas.

Conforme apurações feitas pela Sesdes, o filho do coronel Claudemir de Melo Domingos Braz, comandante do 1º Batalhão da Polícia Militar e dois amigos foram roubados por dois suspeitos armados com uma faca. No dia seguinte, em rondas pelo Bairro Nova Lima, guardas municipais se depararam com dois adolescentes, cada um com uma bicicleta.

Segundo o relato dos servidores, eles resolveram abordar a dupla, mas cada um correu para um lado. Apenas um deles foi abordado, um adolescente de 16 anos, com quem foi encontrada uma faca de aproximadamente 30 centímetros. No momento em que os policiais soltaram o jovem para guardar a arma apreendida, ele fugiu para um terreno baldio e não foi mais encontrado.

No entanto, a bicicleta que estava com ele ficou para trás e também foi apreendida pelos servidores. Em vez de entregar o objeto para a Polícia Civil, os guardas desmontaram a roda, guardaram na viatura e levaram para a base operacional do Bairro Estrela D'alva.

No dia 3, Maiso Marques Farias, um dos guardas municipais que recuperou a bicicleta, foi chamado para ir até a base, onde supostamente receberia agradecimento pelo trabalho. No local, no entanto, encontrou o coronel, recebeu voz de prisão e foi levado para a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) Centro.

Até o momento da prisão, no entanto, as apurações feitas pela Sesdes apontaram que o comandante localizou a residência do adolescente de 16 anos que estava com a bicicleta, confirmou se de fato era a roubado do filho e levou a mãe do jovem até a delegacia para registrar um boletim de ocorrência contra os guardas municipais, já que na versão dele os servidores o agrediram e levaram a bicicleta, um boné e um relógio, a força.

Essa denúncia, feita pela mãe do adolescente, resultou em uma auditória na secretária, onde todos os envolvidos na ocorrência foram ouvidos. Ao fim do procedimento, a conclusão foi de que o único erro dos guardas foi levar a bicicleta para a base sem “qualquer providência ou comunicado aos superiores”.

O documento afirmou ainda que o comportamento do coronel foi “desacertado e desproporcional”, já que descobriu sobre a recuperação da bicicleta do filho por meio de guardas municipais, agiu como oficial fora da área de atuação do batalhão que comanda em um dia de folga (pois estava de bermuda e camiseta) e ainda ameaçou os servidores de plantão de prisão após sacar a arma.

O relatório ressalta ainda que o comandante “demostrou interesses escusos à elucidação do roubo”, já que foi até a casa do adolescente e levou, em seu carro, a mãe do suspeito para a delegacia, onde um boletim de ocorrência contra os servidores foi registrado. “Em nenhum momento Claudemir questionou, realizou diligência ou tomou outras providências visando localizar e apreender o adolescente infrator”.

Com a conclusão da auditória nas mãos, o secretário Valério Azambuja, encaminhou ao Ministério Público, a Sejusp e também ao vereador Delegado Wellington, presidente da Comissão Permanente de Segurança Pública da Câmara, documento pedindo as “providências que entenderem cabíveis” em relação aos fatos.

A denúncia foi protocolada nos três órgãos na terça-feira, dia 19 de fevereiro. A equipe de reportagem entrou em contato com o Ministério Público que até ontem não afirmou não ter recebido a denúncia oficialmente.

Briga antiga – Esse não é a primeira vez que o comandante do 1º Batalhão se envolve em brigas com guardas municiais. No início de janeiro um policial de 49 anos registrou um boletim de ocorrência de ameaça contra o coronel, informando que ele teria dito que iria “se lembrar dele”.

A discussão entre os dois teria começado em um grupo e se estendido para o privado. Nos áudios não fica claro o que teria motivado a briga. O caso, conforme apurado pelo Campo Grande News, é investigado em segredo de justiça.

Depois desse episodio, prisões de agentes das duas forças marcaram a rixa entre eles. No inicio de fevereiro um policial militar foi detido em uma UBS (Unidade Básica de Saúde) do Nova Bahia. No dia, um sargento da PM teria se desentendido com uma enfermeira e foi detido pelos municipais. A abordagem foi questionada pelos militares que alegaram agressão.

Outros dois guardas municipais foram presos pela Polícia Militar nos últimos dias, ambos por porte ilegal de arma – um deles após efetuar disparos em frente a uma conveniência e o segundo depois de fugir de uma blitz na Avenida Ernesto Geisel.

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