"Só restava ajudar", diz família sobre doação após morte de padrasto e enteado
O jardineiro Antônio Medina, de 59 anos, morreu após reconhecer o corpo do enteado encontrado em córrego
Antônio Medina, de 59 anos, foi velado na tarde desta terça-feira (7), numa cerimônia simples, com cerca de 10 pessoas, no Cemitério do Cruzeiro, na Avenida Coronel Antonino, em Campo Grande. Foi o segundo enterro na mesma família em menos de uma semana, resultado de história trágica que começou à beira do Córrego Lagoa, na última sexta-feira (3).
Em entrevista ao Campo Grande News, a sobrinha do jardineiro, Leidiana Ortiz, de 31 anos, contou que todos ainda estão em choque. Antônio teve três paradas cardíacas após identificar o corpo do enteado, Henrique Pena, de 42 anos, encontrado morto no córrego.
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Leidiana contou que os dois moravam juntos há cerca de dez anos. “Meu tio não tinha filhos, então tinha o Henrique como um! Já fazia uns 15 dias que estávamos procurando ele, aí quando chegou a notícia para ir reconhecer, a mulher do meu tio não podia porque ela estava com problema no braço, então ele foi. Mas acabou não aguentando, foi um choque”, contou.
Ainda em entrevista, a sobrinha disse que a família acreditava que Antônio iria sair bem dessa, apesar das imagens fortes de reanimação do jardineiro ainda no local, durante meia hora. Socorrido pelos bombeiros, ele deixou o lugar intubado.
“Achamos que ele ia aguentar, sair bem, e voltar para casa, mas infelizmente não voltou”, lamentou a sobrinha, única com condições de falar durante o velório no início da tarde de hoje.
"Meu tio era uma pessoa boa demais, sempre ligava para contar a piada da semana e chamava a gente para ir à casa dele. Agora o que vai ficar só as lembranças boas, até porque não tinha nenhuma ruim", finalizou.
Mas a tragédia em dose dupla não endureceu a família, que resolveu autorizar a doação de órgãos do jardineiro. “Doamos para conseguir ajudar outra família, né? Já tivemos duas perdas, agora só nos restava ajudar alguém”, explicou Leidiana.
Os órgãos, rins, figado e córneas, foram doados para cinco pessoas que moram em MS, no Rio Grande do Sul e em Minas Gerais. Antônio teve morte cerebral constatada na noite de domingo (5), no Hospital Regional.
Sobre a morte de Henrique, o motivo ainda é investigado. Ele deixou a clínica onde estava internado em dezembro e duas semanas depois o corpo foi localizado no córrego, na altura do bairro Tijuca.
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