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Capital

Vereadores da Bancada Evangélica querem que idosos possam frequentar cultos

Eles apresentaram indicação à prefeitura para que a proibição prevista em decreto se torne uma recomendação

Lucia Morel, Ângela Kempfer e Liniker Ribeiro | 04/06/2020 18:20
Decreto em vigor permite realização de cultos e missas, mas impede presença de idosos. (Foto: Paulo Francis)
Decreto em vigor permite realização de cultos e missas, mas impede presença de idosos. (Foto: Paulo Francis)

Vereadores da Bancada Evangélica da Câmara de Campo Grande querem que idosos sejam autorizados a participar de eventos religiosos, o que atualmente é proibido em decreto municipal. Eles enviaram indicação à prefeitura pedindo que autorize a participação dos maiores de 60 em cultos.

Defenderam a medida em sessão de hoje da Casa de Leis os vereadores Jeremias Flores (Avante), que é pastor e Júnior Longo (PSDB), que é da Assembleia de Deus.

O que os vereadores querem é que a proibição vire “recomendação”. “Tenho visto idosos nas feiras, nos shoppings centers, nas casas lotéricas, alguns sem nenhum tipo de precaução. Pedimos para que seja autorizado, pelo menos, 1 vez por semana. Tem idosos que estão doentes porque não podem ir para igreja, pros cultos e missas”, disse o pastor Jeremias.

Para o padre Márcio dos Reis, pároco da Paróquia Senhor Bom Jesus, no bairro Tiradentes, a indicação dos vereadores é bem-vinda e concorda que, tomando-se as medidas preventivas necessárias, não seria prejudicial que os maiores de 60 voltassem a frequentar as missas.

“Vejo que essa proibição é só em relação às igrejas. No comércio em geral não tem isso. Vemos os idosos por aí, nas lojas, nos mercados e por que a restrição é somente para as igrejas?”, questiona, ressaltando que “se o idoso vai de máscara e faz a assepsia necessária, porque não pode ir à igreja?”.

Na avaliação dele, há sim um risco grande dos idosos desenvolverem problemas emocionais, como depressão e ansiedade, diante do isolamento. O padre explica que na sua paróquia, muitos idosos acabam ficando também longe da família por causa da pandemia e não acha justo que eles tenham que se distanciar também da igreja.

“No Dia das Mães, por exemplo, muitas idosas falaram que a igreja as tinha abandonado. Fizemos um vídeo em homenagem para aliviá-las, mas se algum (idoso) aparecer aqui, tenho que falar para ir pra casa, para cumprir o decreto. Peço que o prefeito olhe para isso com mais carinho”, enfatiza.

Fiel da mesma paróquia que o Padre Márcio, Bernadete Guiotto, 75, que é jornalista, diz que cumpriu fielmente o isolamento nos primeiros 15 dias, mas que depois, não suportou mais. “Eu vi que caminhava para uma depressão, uma neurose e eu sei que não sou assim”, afirma.

Morando sozinha, ela conta que faz parte de sua saúde ir às missas e participar de outros eventos da comunidade, e que por isso, acaba indo, mas sempre de máscara e usando álcool em gel o tempo todo, além, é claro, de manter o distanciamento. “Eu preciso disso, sem isso adoeço, mas o que serve pra mim, não necessariamente serve para o outro”, destaca.

Pastor da 1ª Igreja Evangélica Batista de Campo Grande, localizada no centro, Ronaldo Leite afirma que em sua comunidade os cultos presenciais retornam este fim de semana, seguindo todas as orientações sanitárias, mas sem a presença de idosos.

Igrejas evangélicas também reabriram, mas com medidas de segurança sanitária. (Foto: Paulo Francis)
Igrejas evangélicas também reabriram, mas com medidas de segurança sanitária. (Foto: Paulo Francis)

Em votação online com membros da igreja, ele informou que grande parte dos fieis disseram que não acham adequado o retorno das atividades presenciais, mas 20% gostariam e “em respeito a esses 20% decidimos voltar, mas ainda assim, em obediência ao decreto, orientamos que os grupos de risco não fossem aos cultos”.

Para ele, existem outras maneiras de suprir as necessidades emocionais e dar alguma assistência psicológica e cita que grupo chamado “Viva a Vida”, que trabalha com a terceira idade em sua igreja, faz serenatas aos fieis mais idosos, se reunindo em varandas ou nos quintais das casas, usando máscaras e respeitando o distanciamento.

“Não acredito ser adequado voltar, principalmente nesse momento, já que vendo a semana epidemiológica, ainda há muito contágio e a decisão da 1ª Batista se baseia muito no que decidem seus membros”, destaca.

O pastor, que é também presidente do Conselho Municipal de Pastores, diz entender a necessidade de muitas igrejas de que seus membros idosos possam participar, sabendo que em algumas comunidades, o culto presencial é uma das únicas celebrações. Mas destaca que essa não é a realidade da igreja onde congrega.

Em conversa com o Campo Grande News, o prefeito Marcos Trad (PSD), disse haver dificuldade em alterar o decreto. “É um grupo de risco. Se a ciência determina que eles precisam ter mais cuidado, acho difícil elaborar algo contrário”.

Ele, inclusive, fala da importância da compreensão das pessoas. “São pessoas extremamente maduras, experientes e que sabem que são vulneráveis e fáceis de serem contaminadas”, enfatiza.

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