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Cidades

Condenação de matador revira baú de lembranças tristes

Redação | 09/08/2010 10:25

A leitura, no Campo Grande News , de reportagem sobre a condenação pela justiça de Mato Grosso do Sul de Osvaldo Paula da Silva, pelo assassinato de sete pessoas, reviveu um baú de lembranças tristes para o funcionário público Cleomar Campos da Silva, de 39 anos.

Aos 16 anos, em 1987, ele foi o primeiro a procurar a Polícia Civil para denunciar o desaparecimento do pai, de três irmãos, de uma prima e de um amigo. Todos, segundo as investigações, foram mortos por Osvaldo, conhecido como Buickinho, foragido até hoje. Os seis desapareceram no dia 31 de dezembro de 1986.

O crime ficou conhecido na época como chacina da Pena Verde, nome da fazenda em Ribas do Rio Pardo onde os corpos das seis vítimas foram encontrados, em 4 deles dois meses após sumiço e dois só um ano depois.

O assassino, que após as mortes desapareceu e nunca mais foi localizado, também foi condenado pela morte de Nilson Lionel de Lima,de 11 anos, ocorrida em maio de 1986. O menino sofreu violência sexual e foi asfixiado, em uma casa na Vila Piratininga, em Campo Grande.

Juntas, as condenações de Osvaldo Paula da Silva somam 115 anos. Ele também é procurado por 5 homicídios em Minas Gerais, todos cometidos de forma cruel e por motivos fúteis.

Há mais de uma dezena de mandados de prisão em aberto contra Buickinho, em Mato Grosso do Sul, no Mato Grosso, em São Paulo, no Rio Grande do Sul e em Minas Gerais, seu estado de origem.

Como nunca mais se soube notícias dele, nem vivo nem morto, a condenação determinada pela Justiça atinge uma espécie de fantasma. Não se sabe se um dia será de fato punido como determinou o júri.

Justiça dos homens-Seria fácil imaginar revolta por parte de Cleomar em razão da demora nas condenações e pelo fato de o assassino nunca ter sido preso. Mas a postura dele é diferente: "Pelo menos houve a condenação pela justiça dos homens", afirma.

Para Cleomar, a decisão do Tribunal do Júri de condenar a penas pesadas o homem apontado como autor da morte de seus familiares sinaliza um importante recado para a sociedade. "Penso que isso pode inibir outros criminosos, pois é o tipo de atitude cruel que a sociedade não tolera".

Mesmo com essa postura serena, Cleomar revive, tanto tempo depois, as críticas ao trabalho policial. Ele lembra que à época, só depois que foi divulgada matéria no jornal Correio do Estado é que policiais foram à fazenda onde os corpos foram encontrados.

Baú de lembranças-A memória também traz as lembranças da época dos fatos. Elas revelam acasos que acabaram por terminar em tragédia para três famílias.

Cleomar conta que o pai, Eufrázio Pereira da Silva, 46 anos, trabalharia na fazenda Pena Verde, onde foi morto, e não em uma fazenda vizinha, como informam os processos sobre o caso.

A ida de Campo Grande para Ribas do Rio Pardo, de trem, estava prevista para 2 de janeiro de 1987. "Meu pai decidiu antecipar, para não pegar tumulto na viagem", lembra.

Junto com Eufrázio, foram os filhos, Lucimar de Campos Silva, 14 anos, Claudiomar Campos da Silva, 12 anos, Antônio da Silva, 16 anos, e ainda uma prima dos adolescentes, Cristiane Francisca de Souza, 12 anos, e um amigo deles, Jessé Gomes de Oliveira, 14 anos. De férias, eles foram passear e a ajudar Eufrázio na empreitada.

"Nós só começamos a desconfiar quando venceu o prazo que meu pai havia dado para voltar e eles não voltavam."

Foi aí que o próprio Cleomar e um primo decidiram ir para Ribas do Rio Pardo e mobilizar a polícia para encontrar os desaparecidos. Hoje, 23 anos depois, Cleomar diz que ainda sente a perda, mas fala do assunto com relativa tranquilidade.

Dúvidas - Apesar de não criticar o trabalho da Justiça, ele diz que as mortes nunca ficaram esclarecidas de fato. Para ele, sempre ficou um resquício de incompreensão sobre como um homem sozinho conseguiu matar 6 pessoas, entre elas um homem adulto e quatro adolescentes.

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