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Cidades

Em meio a guerra de liminares, 492 mil votam em clima tranquilo nas escolas

Flávia Lima e Viviane Oliveira | 02/12/2015 14:27
Alunos votam na escola Joaquim Murtinho, que atualmente conta com 4 mil estudantes. (Foto:Marcos Ermínio)
Alunos votam na escola Joaquim Murtinho, que atualmente conta com 4 mil estudantes. (Foto:Marcos Ermínio)

A eleição para a escolha dos diretores das 286 escolas da Rede Estadual de Educação, que acontece nos 79 municípios nesta quarta-feira (2), deve levar às urnas 492.649 eleitores entre pais de alunos, alunos e funcionários Voltardas escolas. Só na Capital, 77 estabelecimentos elegem os novos diretores hoje.

A estimativa é da SED (Secretaria de Educação do Estado), que também confirmou a participação de 476 candidatos para os cargos de diretor e diretor-adjunto que concorrem através de 353 chapas.

O processo ocorre em meio a uma polêmica, já que pelo menos 17 ações foram impetradas na Justiça por professores reprovados na prova obrigatória que dá direito a participação no pleito.

A assessoria da SED confirma três liminares, que ainda estão em julgamento. Segundo o advogado da Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul), Ronaldo Franco, na noite desta terça-feira (1), a Justiça garantiu quatro liminares referentes a dois processos, um na Capital e três de Miranda, autorizando a participação dos profissionais no processo.

Um dos pontos que gerou as várias ações foi relacionado a quatro questões dissertativas que foram corrigidas por duas pessoas. Conforme as regras, caso as notas tivessem muita discrepância, uma terceira pessoa faria a correção, prevalecendo essa última nota.

No entanto, de acordo com Franco, houve casos em que o candidato obteve notas idênticas e mesmo assim o terceiro corretor foi acionado, emitindo nota zero. “Isso influenciou totalmente na avaliação”, disse. Franco também ressalta que a Secretaria de Educação só entregou o espelho da prova para os candidatos recorrerem à Justiça após muita insistência.

Tanto a secretária de Educação, Maria Cecília Amendola da Motta quanto a presidente da comissão do processo eleitoral, Mary Nilci dos Santos, estavam no período da manhã na região da Grande Dourados, de onde acompanharam o início da votação.

As duas já estão de volta a Capital. Segundo a secretária, a viagem foi por questões pessoais e agora a tarde ela acompanha o processo na SED. "Não vejo necessidade de percorrer as escolas porque esse é um processo antigo, que todas as unidades já estão acostumadas e nunca registramos nenhum incidente grave", afirma Maria Cecília.

Quanto as liminares impetradas por alguns professores, a secretária diz que algumas já foram cassadas, impossibilitando a participação no processo. Ela explica que, caso outras sejam cassadas após o processo eleitoral, o diretor eleito perde o cargo. "Não sei o número total de liminares, mas já estamos recorrendo de outras duas que foram concedidas ontem a noite", destaca.

Ela contesta as reclamações sobre a falta de clareza nas regras da prova prestada pelos interessados em se candidatar ao cargo de diretor. "Não houve problema nenhum. Todas as questões foram muito bem explicadas. Apenas algumas pessoas que se sentiram prejudicadas e decidiram entrar na Justiça, o que é natural", diz.

Maria Cecília também considera importante a participação de toda a comunidade escolar, valorizando o voto e a oportunidade de contribuir com as ações que venham a ser desenvolvidas pelos diretores eleitos.

Acompanhada por Mary Nilci, a secretária viaja nesta quinta-feira (3) para Brasília, onde representam o Estado na entrega do prêmio nacional de Gestão Escolar.

Tranquilidade – Nas duas escolas visitadas pelo Campo Grande News na manhã desta quarta-feira, o movimento nas salas reservadas para a votação, que acontece através de cédulas de papel, foi tranquilo.

Na escola Arlindo de Andrade Gomes, no Bairro Lar do Trabalhador, o presidente da comissão eleitoral, Denilson Domingues, acredita que pelo menos duas mil pessoas irão participar do pleito.

As aulas não foram suspensas para a votação. “As salas estão sendo dispensadas aos poucos para que os alunos votem”, explica. No Arlindo de Andrade concorre chapa única formada pelos professores Marcelo José de Souza, que já é diretor-adjunto e pela coordenadora Matilde de Araújo Lima.

Denilson explicou que 12 professores da escola se interessaram em participar do processo, porém, muitos não passaram na prova obrigatória, ficando apenas três aptos, sendo que um deles passou em um concurso da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) e desistiu do processo.

Aluna do Arlindo de Andrade, Francielly de Souza, 18, conta que participa pela segunda vez do pleito e diz que pelo fato de Marcelo ser um professor querido pelos alunos, chegou a ter um movimento na escola para que ele não concorresse. “Vamos perder um ótimo professor, mas a escola vai ganhar um diretor excelente”, ressalta.

Na escola Joaquim Murtinho, na região central, o processo também transcorre sem o registro de incidentes. A única chapa concorrente é composta apenas pelo professor de História Claudio Morinigo, que leciona há 16 anos na unidade.

A presidente da comissão escolar, Elma de Pinho Nunes, diz que no início do processo eram 14 concorrentes, que também foram desistindo, ficando apenas dois educadores concorrendo ao cargo de diretor. Como uma das concorrentes está grávida, ela decidiu sair, restando apenas Claudio.

Elma explica que, caso ele seja eleito, a SED deve indicar um adjunto ou então a pessoa será escolhida através de um banco de dados da escola, que conta com um total de 4 mil alunos. Devem votar pelo menos duas mil pessoas, segundo estimativa de Elma.

Para o estudante Fredy Samuel, 20, aluno do 3º ano, que faz parte da comissão eleitoral que representa os alunos, o professor é um bom candidato, já que se envolve com os problemas dos alunos também fora da escola, sempre buscando auxiliar.

A aluna do 1º ano Lívian Leonel , 15, acredita que participar da escolha do diretor é importante para reivindicar melhorias futuras e por isso aprova o fato da comunidade escolar ter permissão para votar. “Acho bacana termos o direito de escolha, mas gostaria que tivessem mais chapas”, ressalta.

Regras - O processo eleitoral ocorre até às 20 horas. Para votar, é preciso levar um documento com foto. Conforme as regras da Secretaria de Educação do Estado, é permitida uma reeleição para qualquer uma das funções, através do voto secreto e direto.

Concluída a apuração, o presidente da Comissão Escolar disponibilizará, por meio do Sistema de Apuração de Eleições da Secretaria de Estado de Educação, no prazo de 24 horas, o resultado final, indicando a chapa ou candidato eleito

O estudante Fredy Samuel acredita que o professor Claudio é um bom candidato. (Foto:Marcos Ermínio)
O estudante Fredy Samuel acredita que o professor Claudio é um bom candidato. (Foto:Marcos Ermínio)
Lívian Leonel, que estuda no Joaquim Murtinho, gostaria que mais chapas participassem do processo. (Foto:Marcos Ermínio)
Lívian Leonel, que estuda no Joaquim Murtinho, gostaria que mais chapas participassem do processo. (Foto:Marcos Ermínio)
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