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Empregos

Tempo quente diminui rendimento e exige "jeitinho" dos trabalhadores

Luciana Brazil | 14/10/2014 14:58
Chapéu sombrinha é estratégia para jardineiro Edivaldo se livrar do sol. (Foto: Marcos Ermínio)
Chapéu sombrinha é estratégia para jardineiro Edivaldo se livrar do sol. (Foto: Marcos Ermínio)

Para fugir do calorão de quase 40°C, o ar-condicionado tem sido, sem dúvida, a melhor e única opção de alívio verdadeiro em Campo Grande. Na hora do trabalho, o ar fresquinho alivia a quentura e ajuda a manter o rendimento de funcionários. Mas uma sala com temperaturas amenas não está ao alcance de todos e algumas profissões exigem a exposição ao sol e ao calor. Nessas condições, o desempenho do serviço acaba ficando prejudicado. Empregados de uma obra, por exemplo, confirmam a queda na produção em dias muito quentes e, para tentar amenizar, buscam "jeitinhos".

Além de provocar a interrupção constante do serviço para o consumo de água, o calor diminui também a produtividade porque provoca lentidão e moleza, como explicam os médicos. Cansados, os funcionários acabam rendendo menos, diminuindo a produção em até 20%, segundo o carpinteiro Giovan Luiz Miranda, 45 anos.

“A gente nem come, só toma água, água e água. Com certeza o rendimento cai. Acho que nem temos fome e até a alimentação muda”, disse Giovan. Sob o sol quente, ele “espalha” o concreto em frente a uma obra na Avenida Afonso Pena.

Pedro Silva garante que o rendimento no trabalho cai por causa do calor. (Foto: Marcos Ermínio)
Pedro Silva garante que o rendimento no trabalho cai por causa do calor. (Foto: Marcos Ermínio)

Para o pedreiro Pedro Silva, 50 anos, esse número pode ser ainda maior. Segundo ele, dependendo do serviço, a produção cai 40%. “Acho que o nosso desempenho cai e fica em 60% nestes dias muitos quentes. É bem complicado”, explica ele enquanto escorre o suor do rosto.

O colega, Marcelo Silva, 36, se protege do sol e, além da camisa de manga cumprida, o pedreiro improvisa junto ao capacete um pedaço de camiseta velha, imitando a touca árabe, objeto que, inclusive, faz parte do EPI (Equipamento de Proteção Individual) obrigatório por lei. “Está bem complicado. Tem que ir para sombra o tempo todo e a gente bebe água toda hora”, conta Marcelo.

Alternativa - O “chapéu sombrinha” ajuda o jardineiro Edivaldo Bezerra Vieira, 35 anos, a suportar o sol, enquanto carpe o canteiro de uma empresa. Ele diz que prefere o modelo sombrinha ao invés do chapéu comum. “É bem melhor porque com o chapéu o suor incomoda e com esse aqui não, fica bem fresquinho”, disse.

“Vamos derreter. O calor é grande demais. Cada dia fica pior. A gente toma água, mas não mata a sede”, reclamou o motorista de betoneira Jeferson da Silva Sampaio, 30 anos.

Mas não é só para quem trabalha ao ar livre que a situação está difícil. Até no centro de poder de Mato Grosso do Sul, a onda de calor torna o dia a dia dos funcionários mais complicados.  Há cerca de dois anos, servidores da Governadoria, na Capital, recorrem ao ventilador, já que o ar-condicionado de todas as salas está com problemas e a licitação para a troca ainda não saiu. Entre os servidores, sem se identificar, eles afirmam que o problema é maior em algumas das salas, em que, sem o improviso dos ventiladores, fica impossível aguentar o tempo quente.

Sob o sol quente, Giovan diz que até os hábitos alimentares mudam. (Foto: Marcos Ermínio)
Sob o sol quente, Giovan diz que até os hábitos alimentares mudam. (Foto: Marcos Ermínio)
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