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Cidades

Índios pedem prazo de 48 horas para desocupar fazenda

Redação | 09/09/2009 13:58

Os índios guarani-kaiowá que ocupam a fazenda Santo Antonio de Nova Esperança, em Rio Brilhante, devem permanecer na área por pelo menos mais dois dias. Uma oficial da Justiça Federal em Dourados e pelo menos 30 policiais federais chefiados por um delegado de Campo Grande foram ao local na manhã desta quarta-feira para fazer a desocupação da fazenda, cumprindo determinação do TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região. Entretanto, o despejo não vai acontecer hoje.

A guarani-kaiowá Nilde Almeida disse por telefone ao Campo Grande News que as famílias pediram prazo de 48 horas para desmontar as casas de sapé e transferir o acampamento para as margens da BR-163. "Temos muitas crianças e velhos aqui. Também temos nossas coisas, nossa criação. Não podemos deixar tudo para trás. Precisamos desse prazo para levar tudo para a beira da estrada", afirmou Nilde Almeida.

A oficial de Justiça confirmou o acordo para permitir que os índios permaneçam na área por mais dois dias. "A ordem era para desocupar hoje, mas o delegado da Polícia Federal concordou em dar o prazo que eles pediram, até para evitar um confronto. Na sexta-feira vamos voltar aqui e a propriedade deverá estar desocupada", explicou.

Um caminhão da Funai está no local e já começou a ser carregado com pertences dos índios que ocupam a fazenda desde fevereiro de 2008.

Tristes - Nilde Almeida disse que os índios estão "tristes" e "chateados" com a Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul) devido à ação judicial que barrou os estudos antropológicos para identificação de áreas indígenas em Mato Grosso do Sul. "A Funai falou que já deveria ter feito os estudos aqui, mas a ação da Famasul impediu o levantamento", afirmou.

A alegação da Funai, no entanto, é questionada pelo advogado Mário Julio Cerveira, um dos proprietários da fazenda invadida. Segundo ele, o estudo antropológico determinado em maio deste ano pela presidente do TRF não tinha como objetivo avaliar se as terras pertencem ou não aos índios.

"A desembargadora determinou que a Funai levasse um antropólogo ao local para identificar a origem dessas famílias e determinar para onde elas deveriam ser levadas", afirmou Cerveira. No despacho do dia 24 de agosto, Marli Ferreira deixa claro que o trabalho antropológico determinado em maio não visava avaliar se as terras pertencem ou não aos índios.

Nilde Almeida disse que os índios vão permanecer acampados às margens da BR-163 à espera da demarcação da área. "Nossas crianças estão estudando em Rio Brilhante. Não podemos sair daqui, senão elas vão perder o ano. Vamos ficar e esperar pela terra".

A Funai e o MPF (Ministério Público Federal) definem os últimos detalhes para iniciar os estudos antropológicos para identificação de áreas indígenas em 26 municípios de Mato Grosso do Sul. Os efeitos das portarias publicadas em setembro do ano passado após a assinatura de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) chegaram a ser suspensos pelo desembargador Luiz Stephanini, do TRF, no dia 22 de julho. Entretanto, a Funai e o MPF recorreram e conseguiram derrubar a liminar. O trabalho deve começar pelas áreas indígenas e chegar às propriedades particulares em outubro.

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