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Interior

Ladrão de varal tira o sossego de quem mora em distrito "igual ao céu"

Aliny Mary Dias, de Nova América | 09/10/2013 08:54
(Foto: João Garrigó)
(Foto: João Garrigó)
Ladrão de varal tira o sossego de quem mora em distrito "igual ao céu"

Mato Grosso do Sul tem 163 distritos e na maioria deles o companheirismo entre os habitantes e a calmaria do interior são as características marcantes. Em Nova América, distrito de Caarapó distante 283 quilômetros de Campo Grande, o único capaz de tirar o sossego dos moradores é o ladrão de varal.

O distrito fica a 16 quilômetros de Caarapó e possui cerca de 2 mil habitantes que convivem com a fama de um lugar onde “todo mundo conhece todo mundo”. Sem violência e com poucos casos de briga entre casal, o único fato responsável por levar a polícia até o vilarejo é o roubo do varal.

Sobre o assunto, alguns moradores acham graça e outros se revoltam. Segundo a notícia que corre na vila, em algumas épocas do ano os ladrões invadem a cidade e fazem um arrastão nas casas.

(Foto: João Garrigó)
(Foto: João Garrigó)

“Eles costumam vir e roubar cinco casas de uma vez. Levam de tudo, camisas, calças, roupas das crianças e até calcinha”, conta a dona de casa Aparecida Félix Soares, 49 anos.

Alguns moradores acusam indígenas que vivem em aldeias da região em praticar os crimes embriagados. O lado positivo de conhecer a maioria dos moradores é que quando os assaltos começam, todos moradores ficam sabendo que o ladrão está na cidade.

“A gente liga pra todo mundo e avisa que o varal foi assaltado. Todos moradores correm para recolher as roupas do varal e colocar dentro de casa. Muitos até guardam roupas molhadas no quarto”, brinca a dona de casa.

Além do ladrão de varal, outro motivo que faz o sorriso sumir do rosto dos moradores é o asfalto, ou melhor, a falta dele. Viviane Pinheiro, 26 anos, vive em Nova América desde 1995 e garante que o asfalto é o principal problema do lugar.

(Foto: João Garrigó)
(Foto: João Garrigó)

“Quando chove a gente precisa usar bota sete léguas, é muito complicado, precisamos de asfalto urgente para o distrito”, conta a jovem.

Apesar dos pontos negativos, Nova América é o “céu para morar” de muitos moradores. Manuelito Felix, 47 anos e conhecido pelos vizinhos como Bagaceira, não mede elogios ao distrito.

“Eu nasci aqui e criei meus filhos em Nova América. Esse lugar é muito calmo e a gente é muito feliz. Eu tenho certeza que moro no céu”, conta Bagaceira que justifica o apelido porque já teve uma borracharia na cidade.

A renda dos moradores do distrito vem da Usina Nova América, localizada em Caarapó e o frigorífico JBS, a poucos minutos do distrito.

Ruas têm nome de país em Nova América (Foto: João Garrigó)
Ruas têm nome de país em Nova América (Foto: João Garrigó)

Outra curiosidade da cidade são as ruas, todas elas foram batizadas com nomes de países, mas o motivo ou responsável pela escolha ninguém conhece. A avenida principal que conta com os poucos comércios do distrito é a Argentina.

Todos os estabelecimentos são únicos, há um mercado, uma loja de roupas, um posto de saúde, uma farmácia, um posto de combustíveis e um bar. Por conta da falta de concorrência, os preços são tabelados conforme a vontade dos donos.

“Tem dias que o mercado abre 9 horas e a gente só pode comer pão esse horário. Muitas vezes almoçamos pão”, brinca Viviane.

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