Protestos na Bolívia ameaçam abastecimento de gás
Protestos contra o governo Evo Morales se espalham pelos departamentos bolivianos governados pela oposição. Grupos contrários ao presidente boliviano anunciaram o fechamento de ligações fronteiriças com o Brasil em Santa Cruz, em Beni e Pando, e a ocupação de postos de alfândega.
Os grupos que bloqueiam as rodovias e tomam instiuições públicas se opõem à nova Constituição, aprovada por constituintes governistas e pendente de referendos, e querem que o governo restitua uma parte do imposto sobre os Hidrocarbonetos (IDH) que foi dirigida ao pagamento da "Renta Dignidad", pensão paga pelo governo a todos os maiores de 60 anos.
Em Santa Cruz, o representante do comitê cívico, Luis Alberto Áñez, informou que os autonomistas controlam pelo menos 95% das entidades estatais.
Em Tarija, departamento que concentra 60% da produção do gás que vem ao Brasil, a oposição estabeleceu toque de recolher. A Petrobras afirma que a produção de gás não foi atingida. Duas válvulas do gás que vai para a Argentina foram tomadas, porém o abastecimento continua normal.
Bloqueio - Há quinze dias, populações de Villamintes, Yacuiba e Caraparí, bloqueam as fronteiras com Argentina e Brasil, e impedem o ingresso de óleo diesel para consumo agroindustrial e do transporte público de Tarija e Santa Cruz e o translado de GLP (Gás líquido de Petróleo) a essas regiões e a Beni e Pando.
Representantes do setor empresarial boliviano afirmam que os bloqueios às rodovias em quatro regiões do país, põe em risco a produção avícola, oleaginosa, leiteira, e de milho e arroz, e prevêem impactos no abastecimento de farina importada e a consequênte elvação do preço dos pães.
Os exportadores de Santa Cruz calculam perdas de três a quatro milhões de dólares, e a Confederação de Transporte Internacional de Carga afirma que tem 400 caminhões detidos na fronteira.
Em Santa Cruz também estão sitiadas as oficinas da entidade reguladora de terras e da Aduana em Puerto Suárez e Puerto Quijarro.
Governadores de províncias que fazem fronteira com o Brasil alertam para o risco de blackout na região com o desabastecimento de gás.
Até ontem havia 25 pontos de bloqueio que impediam o transporte de Santa Cruz a Cochabamba e a fronteira com o Brasil. Em Porto Soares os militares fazem a segurança do aeroporto e os serviços ferroviários estão interrompidos.