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Em Pauta

Erva-mate: produção local, lucro local

Mário Sérgio Lorenzetto | 13/11/2019 06:28
Erva-mate: produção local, lucro local

A Mata Atlântica, uma vasta faixa de matas com muita água e biodiversidade, já cobriu grande parte do leste da América do Sul. Mas após três ou quatro décadas de desmatamento maciço para dar lugar à criação de gado, essa enorme floresta tropical foi dizimada. Como na Amazônia, os incêndios consumiram milhares de hectares. No lado paraguaio, apenas um milhão de hectares da Mata Atlântica permanecem incólumes. Até há pouco, eram mais de 10 milhões de hectares dessa mata. É no que resta dessa mata que entra a crescente sede global por uma bebida sul-americana chamada "mate".

Erva-mate: produção local, lucro local

Tavapy, a comunidade paraguaia que cultiva a erva-mate.

Tavapy é uma vila rural no leste do Paraguai. Agora é território de vaca e soja. Essas duas culturas ofertam poucos empregos. Segundo estatísticas do governo paraguaio, apenas um quarto dos residentes rurais têm empregos estáveis. Os jovens fogem da zona rural para as cidades em busca de trabalho. Na esperança de impulsionar a economia local, alguns moradores de Tavapy resolveram criar uma comunidade que planta, colhe e processa a erva-mate. A erva que é tida como um lubrificante social ao ser bebida, começou a ser a articuladora de um forte tecido social. Foram buscar apoio no exterior e estão obtendo bons resultados.

Erva-mate: produção local, lucro local

O mate começa a ser popularizado no exterior.

Todos conhecem a fome e sede de norte americanos e europeus por comidas e bebidas exóticas. Há uma enorme gama de alimentos que vai do açaí a chia que apresentam algum sucesso no consumo dos países ricos. Rico em cafeína, outros estimulantes e antioxidantes, o mate vem ocupando algum espaço nesse mercado. Há uma empresa na Califórnia, denominada Guayaki, que desenvolveu uma linha de bebidas à partir da erva-mate que vem sendo vendida como "sustentável" e com as características de um "superalimento".

Erva-mate: produção local, lucro local

Uma cooperativa de mulheres quer interromper o ciclo de pobreza.

Em Tavapy foi organizada uma cooperativa somente de mulheres que deseja acabar com o ciclo de pobreza que envolve a colheita da folha que dá o mate. "La Hoja Completa", a cooperativa, foi buscar o Fundo Mundial para a Vida Selvagem e uma concessão do governo alemão para plantar, colher, processar e manter os lucros em sua comunidade. São apenas 2,5 hectares cheios de árvores novas e pequenos lotes onde elas cultivam legumes para comer e vender no mercado local. Pouco mais de duas dúzias de mulheres da localidade cuidam das árvores, colhem as folhas, processam, só usam elementos orgânicos e progridem. A "La Hoja Completa" vende seu pó de mate por duas vezes o preço das folhas trituradas e dez vezes a mais que as empresas de mate lhes pagavam anteriormente. E não vão parar aí. Uma empresa alemã manifestou interesse em comprar 100 toneladas de pó de mate anualmente, desde que as mulheres consigam a certificação de seu produto com o selo de "orgânico". O processo de certificação está sendo finalizado. Elas já arrendaram um campo vazio vizinho. Os planos para breves tempos é de aumentar a produção para algo como 180 hectares.

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