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Em Pauta

‘Justiça direita’ na luta pela posse da terra – lições com os erros gregos

Mário Sérgio Lorenzetto | 13/01/2014 07:35
‘Justiça direita’ na luta pela posse da terra – lições com os erros gregos

A luta pela posse da terra e a “justiça direita”

Ainda que seja muito exaltada, a sociedade grega antiga era muito desigual. O poder era exercido pelos wanax – “chefe dos palácios” ou “rei” – e os aristoi (“os melhores”) controlavam o sistema político e levavam uma vida faustosa com banquetes cotidianos onde o corte e a divisão das carnes, taças preciosas, servidas com um vinho de qualidade, passavam de mão em mão, como se fosse uma rica cuia de tereré. Poetas e o aedo (um cantor) fechavam o festim dentro da casa. Após, jogos eram realizados fora da casa, dos quais participavam os aristoi, mas também membros das camadas mais pobres.

A agricultura era a principal fonte de riqueza dessa sociedade de desiguais. O solo não era, e continua não sendo, propício à cultura de cereais que era importado de terras que hoje pertencem à Turquia e à Itália. As vinhas e oliveiras ocupavam lugar de destaque e permanecem ocupando até hoje, alguns dos melhores óleos de oliva do mundo são gregos, muitos chegam ao Brasil depois de serem envasados na Espanha.

‘Justiça direita’ na luta pela posse da terra – lições com os erros gregos

Livres, mas submissos à autoridade dos proprietários de terras

Os mais pobres eram os pelatai e os hectemoroi. Os primeiros eram camponeses livres, mas submissos à autoridade dos donos das terras que era um aristoi. Os hectemoroi eram obrigados a pagar uma taxa indicada pela presença de um marco na parcela de terra em que trabalhavam, como não havia cercas usavam esses marcos como limites. Quando não conseguiam pagar essa taxa, poderiam ser vendidos como escravos. Esse estado de posse das terras em mãos dos aristoi provocou lutas, guerras e muitas mortes por uma divisão mais igualitária das terras. A justiça, via de regra, resolvia os conflitos em favor dos aristoi, pois o arconte (encarregado da justiça) e os seis thesmothetas (responsáveis pela elaboração e execução das leis) eram eram escolhidos entre “os melhores”, os aristoi.

Somente em 594 antes de Cristo, Sólon, eleito arconte, tomou a medida revolucionária de arrancar os marcos que indicavam a dependência dos hectemoroi. Sólon recusou uma divisão de terras mais igualitária entre ricos e pobres. Em contrapartida, estabeleceu uma forma de equilíbrio entre eles, ao fixar para cada um – segundo suas palavras – uma “justiça direita” melhorando e organizando o pagamento das taxas. A luta pela posse da terra é quase tão antiga quanto a organização dos homens em sociedades e continua a causar conflitos, guerras e mortes.

‘Justiça direita’ na luta pela posse da terra – lições com os erros gregos
‘Justiça direita’ na luta pela posse da terra – lições com os erros gregos

Negociar é preciso. Ser arrogante é indesejável

Pode ser na prefeitura, em uma moderna loja de um shopping, em uma antiga indústria instalada ou no mais importante meio de comunicação do estado. Existe uma grande diferença entre ter o poder na negociação e ser arrogante.

Todos os especialistas aconselham a jogar com humildade. A usar a humildade para influenciar a negociação. A ideia é abolir frases como: “o senhor não entendeu” que pode, humildemente, ser trocada por um: “desculpe, não deixei isso claro”.

O intuito é passar, durante a negociação, a sensação de que o outro é inteligente, competente e que está no comando dos negócios. Insistir, sempre insistir. Negociação não é algo que se treina uma vez e, depois, nunca mais se usa. É algo que deve ser praticado sempre, de várias maneiras.

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O verdadeiro poder na negociação está no conhecimento

Ter o hábito de levantar informações sobre quem irá negociar é fundamental. Elas estão na internet, na imprensa ou podem ser conseguidas com um mero telefonema. A principal fonte de vantagem competitiva é a posse e utilização de informações e conhecimentos. Encontrar novas formas de satisfazer, perceber com celeridade as mudanças de preferências e principalmente usar um dos sentidos mais negligenciado - a audição. Saber ouvir.

Os melhores negociadores são aqueles que colocam os desejos, as necessidades e expectativas dos outros acima das suas. Quanto mais auxiliam os outros, em uma negociação, na resolução de seus problemas e nos problemas da sociedade como um todo, maior será a oportunidade de conquistar uma boa posição. Negociar é humano e essencial.

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A confiança aumenta a competitividade

O empresário que não compreender qual o interesse do cliente e não ser proativo na proteção desse interesse, provavelmente estará distante de ser ágil, inovador e competitivo. As empresas modernas começam a oferecer um grande diferencial – a confiança. A Amazon começou a pagar reembolsos aos clientes antes mesmo de pedirem, conforme relatado recentemente pela Bloomberg.

A Amazon construiu sistemas automatizados que detectam quando um cliente não pagou o menor preço disponível em um produto ou quando a reprodução de um filme streaming é de má qualidade. A Amazon é um dos maiores “garotos propaganda” da confiabilidade.

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A Jet Blue, empresa de aviação, está no mesmo voo

Problemas mecânicos em seus aviões, atrasos de poucas horas são imediatamente contabilizados. Cada passageiro prejudicado recebe uma carta da Jet Blue pedindo desculpas pelo atraso e informando que, por conta do incidente, terão direito a indenização de acordo com os termos do direito do consumidor. O passageiro não precisa fazer absolutamente nada para receber seu reembolso. Em dois dias o crédito é enviado.

Eles são proativamente confiáveis e cuidam dos interesses de seus clientes.

Os concorrentes da Jet Blue computam um ganho de 10% de passageiros prejudicados que não solicitam reembolso. Bem claro, 10% dos clientes são lesados em seus direitos e as companhias aéreas ficam com o dinheiro.

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O melhor atendimento possível: atitude proativa em favor do cliente

Então, por que empresas inteligentes como a Jet Blue e a Amazon voluntariamente desistem deste “dinheiro grátis”?

Em sua carta anual aos acionistas da Amazon, Bezos explicou que o melhor atendimento de seus clientes oferece muitas vantagens em termos de inovação, agilidade, competição e prioridades de investimento. E é por conta de procurar oferecer o melhor atendimento possível ao cliente que eles implementam tais políticas proativamente confiáveis. Bezos diz que a Amazon é movida internamente a melhorar seus serviços, que eles inventaram o “antes de ter que fazer”, que não são motivados pela concorrência e que essa abordagem ganha mais a confiança dos clientes e induz a rápidas melhorias na experiência do cliente com sua empresa.

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