Tamanho é documento: baixos vivem + e envelhecem menos
Dentro de cada espécie, os menores indivíduos tendem a viver mais tempo e são notavelmente saudáveis. Essa é uma regra que vale para todos os animais, inclusive para os humanos. Isso quer dizer que as pessoas altas devem se preocupar? Bem, a francesa Jeanne Calment detém o recorde mundial de longevidade: 122 anos e 164 dias e ela tinha 1,50 metro de altura. Logo abaixo dela, está a norte-americana Sarah Knauss, que tinha 1,40 metro, e na terceira posição, estão Marie-Louise Meilleur e Emma Morano, as duas tinham 1,52 metro. Se percorremos a lista dos campeões de longevidade, não há uma só pessoa com altura mediana, todos são de baixa estatura. Mas não é essa lista que demonstra cientificamente que “tamanho é documento”. Esse estudo começou em uma perdida aldeia do Equador.
A Síndrome de Laron.
O médico israelense Zvi Laron começou a estudar um grupo especial de pacientes. Todos eles tinham nanismo. Mas era um nanismo diferente. Claro, os pacientes de Laron eram baixos, com cerca de 1,20 metro de altura. Laron passou oito anos investigando cuidadosamente a causa dessa nova síndrome. Ficou claro que os pacientes que tinham a hoje chamada “síndrome de Laron” são baixos devido a uma mutação genética que envolve o hormônio do crescimento. No entanto, o “defeito” não é encontrado no hormônio em si. Na verdade, eles tem uma boa quantidade de hormônio do crescimento no sangue. A razão pela qual eles não crescem mais é um “defeito” no receptor do hormônio do crescimento. O sinal do hormônio do crescimento nunca chega às células dos pacientes com essa síndrome. O hormônio do crescimento circula em altas concentrações no sangue sem nunca induzir o crescimento.
Uma aldeia na montanha do Equador.
Um médico recém-formado do Equador iria descobrir a chave da Síndrome de Laron. Jaime Guevara Aguirre lembrava-se de ter conhecido uma quantidade inusitada de pessoas com nanismo na região onde passou sua infância. Ele estava pronto para descobrir o motivo. A busca levou Guevara Aguirre de volta à sua região natal na montanhosa cidade de “Loja”. Ele encontrou várias pessoas que pareciam versões em miniatura de seus parentes. A explicação era que todas tinham a Síndrome de Laron. Eles eram filhos de pais e mães com a síndrome. Quem tiver apenas um dos pais com os genes da síndrome não terá nanismo. Há necessidade de ter ambos com essa mutação genética.
Sem câncer.
Guevara Aguirre fez uma descoberta brilhante. Havia ficado claro que as pessoas com Síndrome de Laron quase nunca têm câncer. Durante todo o tempo em que as pessoas da cidade foram estudadas, apenas um caso dessa doença foi observado. Na verdade, os indivíduos com essa síndrome também não tem outras doenças associadas ao envelhecimento. São protegidas contra doenças cardiovasculares, demência e diabetes. E mais, elas nem mesmo têm acne. E tudo isso apesar delas serem fumantes inveterados, beberem em demasia e sempre estarem acima do peso pois sua alimentação é rica em péssima comida.
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