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Arquitetura

Fechada há anos, casa histórica da Afonso Pena reabre para mostra de arquitetura

Paula Maciulevicius | 02/06/2015 06:23
Fechado há décadas, o casarão, na esquina da Avenida Afonso Pena com a rua Espírito Santo, abre as portas, como "Minha Casa MS". (Foto: Marcelo Calazans)
Fechado há décadas, o casarão, na esquina da Avenida Afonso Pena com a rua Espírito Santo, abre as portas, como "Minha Casa MS". (Foto: Marcelo Calazans)

Histórica na principal avenida da cidade, construída numa época em que Campo Grande acabava pouco antes dali. Em estilo colonial mexicano, o asfalto não lhe dava passagem, mas nem por isso deixava de despertar a curiosidade de eleitores e visitantes à casa do então governador, Pedro Pedrossian.

Fechado há décadas, o casarão, na esquina da Avenida Afonso Pena com a rua Espírito Santo, abre as portas, como "Minha Casa MS", entre o fim de outubro e início de novembro com a mostra de arquitetura "Morar Mais por Menos". Um resgate ao passado arquitetônico da cidade, projetado por Avedis Balabanian e que foi palco de casamentos dos filhos, batizados e festas da família, até sede de fatos históricos como as conversas de criação do estado de Mato Grosso em dois.

Homenageando o Estado, a mostra continua com o conceito "o chique que cabe no bolso". Franquiada, esta será a terceira edição em Campo Grande, que prega decoração viável, com itens de valor menor, ao mesmo tempo em que precisa ser elaborada e criativa. Partindo dessa condição, os arquitetos têm de trabalhar brasilidade, sustentabilidade, inclusão social, tecnologia e inovação e dessa vez, caminhando pela nossa história.

O casarão já passou por pelo menos dois donos depois que foi vendida por Pedrossian em 1986. (Foto: Marcelo Calazans)
O casarão já passou por pelo menos dois donos depois que foi vendida por Pedrossian em 1986. (Foto: Marcelo Calazans)

Foram mais de três meses de negociação até o fechamento para que o casarão fosse a sede.

Projetada no início dos anos 70 pelo arquiteto campo-grandense Avedis Balabanian, a casa foi erguida com detalhes que fossem do agrado da esposa de Pedrossian. O casarão já passou por pelo menos dois donos depois que foi vendida em 1986, com a derrota de Pedrossian nas urnas.

"É uma homenagem a Mato Grosso do Sul e à casa que tem mais história na Afonso Pena. O governador despachava dali, não tinha ainda dividido o Estado e o gabinete era em Cuiabá", descreve a diretora executiva da mostra, Iara Diniz.

Em 2 mil metros quadrados de terreno, 1,6 mil compõe a área construída, a planta para a mostra divide a casa em 50 ambientes. A proposta, segundo o arquiteto e diretor executivo da Morar Mais, Rafael Tonetto, é contar um pouco da história do Estado através de homenagens aa personalidades da época. "Muitos dos ambientes lá dentro terão nomes voltados para o nosso Estado", destaca.

De certo modo 'temática', a casa tem muitos traços de origem mexicana e até símbolos astecos. A planta original distribuía os moradores entre seis suítes, uma grande sala de estar e outra de jantar, além de uma cúpula onde se tem entrada de iluminação externa, onde eram servidos os almoços. "Um trabalho bem legal para quem pegar o ambiente", detalha Tonetto.

No jardim, um poço artificial de 1m de profundidade traz um ar ainda mais temático à casa. Aos olhos de quem passa pela rua, a degradação natural veio com o tempo, mas por dentro, o arquiteto garante que a residência está bem cuidada.

Da mostra de 2012: “Casa da Árvore”, dos paisagistas Lilian Basso e Marcus Antônio Medina. (Foto: Arquivo/Minamar Junior)
Da mostra de 2012: “Casa da Árvore”, dos paisagistas Lilian Basso e Marcus Antônio Medina. (Foto: Arquivo/Minamar Junior)

O foco da mostra será ambientes de residência. "Como estamos falando de uma casa, queremos trazer bastante aconchego de um lar e realmente mostrar para o público que ele pode ter o trabalho de um arquiteto dentro de casa. É ver como seria a minha casa se um arquiteto a fizesse", exemplifica o diretor da Mostra.

Por 45 dias, a casa ficará aberta ao público para visitação paga. O lançamento da Mostra será ainda este mês de junho. Além dos espaços para visitação, a casa vai sediar uma área com restaurante e um café.

"De Pedro para Pedro" - Um espaço já definido é do arquiteto Luis Pedro Scalise. Como homenagem à família Pedrossian, Scalise vai criar o quarto infantil para o 7º bisneto do ex-governador, João Pedro, de 2 anos. "Essa casa na minha época de juventude era um ícone, a maior de Campo Grande. As pessoas passavam na frente para conhecer a casa do governador", comenta o arquiteto.

A homenagem será prestada "à outra ponta da família", como assim prefere dizer Scalise. "Vou entrevistar João Pedro como se ele fosse um cliente, saber qual cor ele mais gosta, que animais, como eu faço para todos os meus clientes", conta Luis Pedro.

Para o arquiteto, mais que reviver o passado, a mostra vai reciclar a memória do campo-grandense. "As pessoas mais jovens não sabem que ali era a casa do governador. Estamos resgatando a história da nossa sociedade, porque era uma casa da sociedade e ela retratou durante muito tempo a casa mais bonita de Campo Grande".

Para a família Pedrossian, ver a residência aberta ao público é uma emoção. "Ali é a cara do meu pai e da minha mãe. Representa um período da vida deles muito importante. Meu pai chegou ao segundo governo, ali está cheio de memórias de família", resume a filha do ex-governador, Rosa Pedrossian, de 58 anos.

Como presente de dois secretários de Governo, Pedrossian ganhou o terreno e foi construindo aos poucos. "Era do estilo que a minha mãe gostava. Cheguei ali com 17 anos, me casei ali, minha irmã e meu irmão se casaram ali também. Todos os netos brincaram naquela casa".

Rosa diz que comentou com o pai da abertura e da homenagem prestada a ele. "Ele adorou a ideia. Para nós, aquela casa é símbolo de uma vida".

Na segunda edição da mostra, projetos dos arquitetos revitalizaram o Rádio Clube. (Foto: Arquivo/Cleber Gellio)
Na segunda edição da mostra, projetos dos arquitetos revitalizaram o Rádio Clube. (Foto: Arquivo/Cleber Gellio)
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