Palacete de 1860 inspira e mostra como reuso faz tanto sentido
A convite da Casacor MS, Lado B esteve na edição do Rio de Janeiro e visitou os 38 ambientes da mostra carioca
Ainda que transformar do zero seja essência na arquitetura, preservar e ressignificar também têm sabor especial. Assim é possível olhar bem os espaços nas suas diferentes versões. Colocar o novo e o antigo no mesmo lugar não faz mal, desde que sejam feitas escolhas que não anulem nenhuma das histórias.
Na Casacor Rio de Janeiro deste ano, criar 38 ambientes na histórica residência Brando Barbosa, construída em 1860, situada no bairro do Jardim Botânico, foi o maior desafio dos profissionais junto da difícil tarefa de organizar e abrir as portas de uma das maiores mostras de arquitetura em plena pandemia, que bloqueou grande parte dos eventos pelo país.
Com um time de 58 arquitetos, a mostra carioca vinha sendo pensada desde março de 2020. Diante da beleza da morada com mais de 160 anos, o desafio era preencher os espaços com cores, textura e originalidade sem anular nenhum detalhe importante do palacete, que tem mais de 2.500 metros quadros de construção e 12 mil metros quadrados de área externa, com boa parte tomada pela Mata Atlântica.
O palacete se impõe não só pela sua história, mas também pelas divisões e ambientes. Por ser um imóvel tombado, toda a implantação da mostra foi pensada para priorizar todos os pisos, portais e pés direitos da casa.
Talvez pudesse ter tido mais ambientes do lado de fora da casa, afinal são 12 mil metros quadrados, mas, na visão da sócia-diretora da mostra, Patrícia Mayer, “isso não fez tanta falta”. “As pessoas estão amando sair de dentro de casa. A mostra veio como um sopro de respiro, de verde, de esperança. Tivemos sorte de ter essa casa. Com toda modéstia a gente teve muita coragem”, avalia.
Com beleza indiscutível nos detalhes da casa que ficam à mostra e intocados, o que se percebe em todo ambiente é o uso do antigo ou do que seria descarte, deixando um recado do quanto às histórias daqueles elementos são importantes. “Todos aceitaram fazer os ambientes dessa forma, respeitando o palacete”, afirma.
Por isso, se destacam ambientes com menos composições. “A casa um tempo atrás tinha derrubado todas as paredes, o mundo respirou por muito tempo a tendência dos lofts. Com a pandemia todo mundo ficou dentro de casa, então as paredes se tornaram presentes novamente. Por isso, é notável que haja uma exploração desses detalhes”, explica.
Ao mesmo tempo, Patrícia explica que existe uma leveza e beleza nas cores, nas texturas, na quantidade de objetos e moveis que estão nos espaços. “Isso traduz um pouco do que as pessoas estão procurando. Elas procuram uma casa confortável, elas procuram um pouco de verde, uma casa funcional e leve. Além disso, estamos praticando muito sustentabilidade, tudo foi reaproveitada com toque de pintura, um branco, uma laca. Tudo o que era bom foi olhado pelo time de arquitetos e realmente aproveitado”, comenta.
Boa parte dos projetos tira proveito das cores, luzes, e texturas da arquitetura original da casa, mas foca-se no bem-viver contemporâneo. Épocas e estilos diferentes se misturam pela casa. Desde lustres luxuosos em ambientes cheios de cor até paredes de azulejos portugueses que dividem espaços com móveis de design atual. As plantas tropicais também aparecem em alguns espaços, trazendo um clima urban jungle.
Em tempos de pandemia e necessidade de isolamento, espaços externos ganharam destaque na mostra, como a instalação Jardim Secreto assinada por Diego Raposo e Manu Simas traz uma proposta facilmente replicável: dois iglus infláveis de plástico servem como refúgios portáteis idealizados melhor conexão com a natureza, criança um espaço dedicado a contemplação. O ambiente tem decoração contemporânea, poucos móveis, o que valoriza a integração com o jardim.
A Varanda do Casal, projetada pela paisagista Anna Luiza Rothier, é um espaço que conta com três propostas: gourmet, home office ou spa. Todo o entorno do guarda-corpo foi cercado com jardineiras projetadas pela paisagista, repletas de espécies de plantas tropicais, com destaque para as palmeiras.
Sobre as visitas na mostra carioca – Neste ano, para visitar os ambientes externos da mostra não há necessidade de agendamento prévio, diferentemente dos internos que devem ter visitas presenciais limitadas.
Casacor MS – Em função da pandemia, a Casacor Mato Grosso do Sul que estava prevista para o primeiro semestre de 2020 também foi adiada. Agora a maior mostra de arquitetura e design do estado está prevista para ser realizada de 19 de agosto a 03 de outubro em um casarão localizado na Rua Goiás.
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