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Artes

Morada dos Baís terá café, cinecult, salas e palco para atrações culturais

Paula Maciulevicius | 18/03/2015 13:30
Documento assinado firma uma gestão compartilhada entre Sesc e Prefeitura para uso da Morada dos Baís.  (Foto: Marcelo Calazans)
Documento assinado firma uma gestão compartilhada entre Sesc e Prefeitura para uso da Morada dos Baís. (Foto: Marcelo Calazans)

Não é restaurante e a estrutura tombada também não será alterada, mas a Morada dos Baís, na Avenida Afonso Pena, em Campo Grande, passará a receber as atrações culturais que o Sesc traz à Capital. Assinado no último dia 6 de março, o documento que autoriza o uso do espaço pelo Sesc foi firmado entre a instituição, a Fundac (Fundação Municipal de Cultura) e a Sedesc (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Turismo e Agronegócio). Pelos próximos 12 meses, o complexo que envolve Morada dos Baís e Orla Ferroviária, será administrado pelo Sesc.

O assunto gerou polêmica nessa terça-feira e fez com que vereadores cobrassem explicações da Fundac e da Prefeitura. Como a parte tombada não terá estrutura alterada, de imediato Prefeitura e Sesc já estão prevendo a reforma e que o espaço abra para funcionamento ainda este mês de março. 

Hoje a Morada dos Baís se resume à saída e comercialização do City Tour e às exposições temporárias da Fundac, mas nada que movimente a cultura no local.

Superintendente do Turismo Maria do Carmo e titular da Sedesc Natal, descrevem projeto. (Foto: Marcelo Calazans)
Superintendente do Turismo Maria do Carmo e titular da Sedesc Natal, descrevem projeto. (Foto: Marcelo Calazans)

Ao Lado B, a superintendente do Turismo, Maria do Carmo Portocarrero Petelinkar, explica que o projeto de obra vai contemplar o anexo dos fundos, área que não é tombada e que até dezembro de 2013 pertencia à Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), também através de um convênio de gestão compartilhada.

"Naquela área, onde não é tombado, será construído um café-escola, onde profissionais, principalmente jovens, vão passar por capacitação. Vai atender também cursos de confeitaria, barman", descreve a superintendente.

A casa em si, a Morada dos Baís, não será mexida. São ao todo 10 salas que comportam o Museu Lídia Baís e exposições temporárias da Fundac e que passarão a receber salas para oficinas de pintura, desenho e um cine cult com capacidade para 40 pessoas.

"Na parte da frente, o Sesc que já adquiriu parte do acervo da Lídia Baís, vai completar o museu e melhorar a preservação", completa Maria do Carmo.

Reforma será feita no anexo onde Abrasel ocupava para dar lugar ao café e salas. (Foto: Marcelo Calazans)
Reforma será feita no anexo onde Abrasel ocupava para dar lugar ao café e salas. (Foto: Marcelo Calazans)

Reforma - No anexo do fundo, construído mais recentemente, os ambientes hoje desocupados vão dar lugar às salas de reunião, de leitura, de aula, hall do serviço do café e lounges com deck e projetos de paisagismo. Na área externa, o pátio vai receber um palco próprio para as apresentações do "Palco Giratório".

"O Sesc já tem parceria com as companhias de teatro, mas vamos focar sempre em artistas regionais. Nossa prioridade é estabelecer a nossa cultural, este é o enfoque principal", destaca a superintendente.

O documento assinado firma uma gestão compartilhada entre Sesc e Prefeitura. O titular da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Turismo e Agronegócio, Natal Baglione deixa claro que o imóvel não será alterado. "Apenas as salas internas vão ser usadas para atividades culturais, é uma atividade de fomento cultural", afirma.

Segundo Natal, além da reforma e do uso da Morada dos Baís, o Sesc ficará a cargo do complexo também da Orla Ferroviária. O projeto deles prevê revitalização do trecho da Orla da Avenida Afonso Pena à Rua Barão do Rio Branco. "Ali dos trilhos, eles vão revitalizar, colocar ações culturais, apresentações, exposições. O efeito que a gente espera é que desperte em outras instituições, para que elas também adotem trechos até a Estação Ferroviária", oferece.

Sesc e Prefeitura ainda estão na fase de fazer o inventário do acervo da Morada e também de autorização do projeto de reforma do anexo. O que deve permanecer na Morada é o Centro de Atendimento ao Turista e a comercialização do City Tour.

"Não estamos passando o imóvel para o Sesc, ele não vai explorar comercialmente. A Prefeitura aprovando o projeto, eles que vão pagar e administrar", enfatiza Natal.

Com relação à autorização por se tratar de um imóvel tombado pelo Patrimônio Histórico, a superintendente do Turismo explica que ele só poderia impedir se houve modificação de estrutura em prédio tombado. "Precisa da autorização desde que não haja nenhuma alteração da estrutura. O que não vai acontecer, frisa Maria do Carmo".

Hoje o Sesc é o responsável por trazer produções de qualidade, que circuitam no meio alternativo do País e totalmente de graça. A administração do local ficará a cargo do Sesc que vai permanecer com um escritório no local.

Pátio também será mexido e vai ganhar palco para apresentações. (Foto: Marcelo Calazans)
Pátio também será mexido e vai ganhar palco para apresentações. (Foto: Marcelo Calazans)
Hoje Morada se resume à exposições temporárias, sem muita força. (Foto: Marcelo Calazans)
Hoje Morada se resume à exposições temporárias, sem muita força. (Foto: Marcelo Calazans)
Das 10 salas da Morada, estrutura não será alterada, apenas ocupada pelo Sesc. (Foto: Marcelo Calazans)
Das 10 salas da Morada, estrutura não será alterada, apenas ocupada pelo Sesc. (Foto: Marcelo Calazans)

O que vai funcionar - Para o complexo, o Sesc já divulgou que as ações previstas são: Sarau Cultural; Café Literário, Filosófico e Musical; lançamentos de livros; encontros de cinéfilos; exibições cinematográficas; apresentações artísticas renomadas nacionalmente, como o Palco Giratório (maior projeto de circulação de artes cênicas da América Latina), SESC Dramaturgia, SESC Partituras, SESC Encena, Sonora Brasil; bem como, performances de artistas locais nas diversas linguagens.

O local estará aberto para ensaios e encontros artísticos de fomento a produção. “O Sesc MS, trabalha rigorosamente cumprindo todas as leis que norteiam sua atuação. Quanto à ocupação de um imóvel tombado, como é o caso da Morada dos Baís, não seria diferente. Estamos cientes das responsabilidades, direitos e deveres que prezam a parceria entre nossa Instituição e o governo municipal, e é isso, que torna o lugar tão atrativo para o desenvolvimento de programações culturais. A iniciativa prevê que, além da classe artística, a população sul-mato-grossense e turistas, frequentem e consumam cultura”, afirma Regina Ferro.

A gestão compartilhada firmada aqui na Capital não é exceção. O Sesc tem tomado como exemplo a ação no estado vizinho Mato Grosso, no antigo prédio "Arsenal", em Cuiabá, importante centro cultural que desde 2002 está sob os cuidados do Sesc.

Nosso objetivo é construir, com a participação da comunidade artística, um espaço que também será dinamizado para o estudo científico cultural, daqueles que fazem da arte um importante instrumento de disseminação da cultura sul-mato-grossense”, completa Regina. 

História - O prédio foi tombado como Patrimônio Histórico do município em junho de 1986. Na década de 90, ele foi restaurado com projeto dos arquitetos Regina Maura Lopes Couto, Fernando Antônio Castilho e Mário Sérgio Sobral Costa, preservando as pinturas de Lídia Baís, e assim, permanece até hoje.

A história da cidade conta que quando comerciante, Bernardo Franco Baís, em 1913, autorizou a construção do sobrado, hoje conhecido como Morada dos Baís. A obra, concluída em 1918, foi residência da família até 1938. Lídia Baís, filha de Bernardo, foi uma das artistas plásticas da época, e pintou painéis nas paredes do prédio. A sala azul e a rosa tornaram-se atração na cidade.

Da década de 40 até 1974, o prédio foi propriedade da família Pimentel, que transformou o local em uma pensão. Após o incêndio de 1974, o madeiramento da cobertura, telhas de ardósia e pisos de madeira – trazidos da Europa por Bernardo Franco Baís – foram destruídos. Nos anos seguintes, o imóvel foi destinado ao comércio, tendo diversos usos: sapataria, casa lotérica e alfaiataria, até entrar em um período de abandono e depredação. 

Museu Lídia Baís ainda vai ganhar peças de acervo compradas pelo Sesc. (Foto: Marcelo Calazans)
Museu Lídia Baís ainda vai ganhar peças de acervo compradas pelo Sesc. (Foto: Marcelo Calazans)
Documento prevê também revitalização e ocupação da Orla. (Foto: Marcelo Calazans)
Documento prevê também revitalização e ocupação da Orla. (Foto: Marcelo Calazans)
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