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Comportamento

Com latas de tinta, artista movimenta jovens do Santa Luzia e Los Angeles

Projeto da artista plástica e grafiteira Marilena Grolli levou a arte urbana do grafitti também à Aldeia Urbana Marçal de Souza

Thaís Pimenta | 23/06/2018 08:07
Transformação social por meio da arte urbana, essa era a proposta do Conexões Grafitti. (Foto: Thaís Pimenta)
Transformação social por meio da arte urbana, essa era a proposta do Conexões Grafitti. (Foto: Thaís Pimenta)

O poder de união da comunidade, para transformação social e urbana fizeram a artista plástica e grafiteira Marilena Grolli movimentar um projeto desde o início do ano, o ''Conexões Grafitti''. Com latas de tinta, ela provou ser possível o resgate da autoestima de jovens de três comunidades periféricas na Capital, a aldeia urbana Marçal de Souza, e os bairros Santa Luzia e Los Angeles.

Depois de cerca de 30h de oficina nesses três locais, da aproximação de 90 jovens com a arte do grafitti, e da familiarização com o patrimônio histórico de cada comunidade, Marilena encerrou o projeto, contemplado pelo Fmic (Fundo Municipal de Investimentos Culturais) de 2017, nesta sexta-feira (21), em uma noite de grafitti ao vivo feito por representantes de cada uma dessas áreas, música e arte, na Galeria Grolli.

À esquerda dois grafiteiros que vieram de Dourados pintar no evento, CFO, Thays e Marilena, a direita.  (Foto: Thaís Pimenta)
À esquerda dois grafiteiros que vieram de Dourados pintar no evento, CFO, Thays e Marilena, a direita. (Foto: Thaís Pimenta)

''Foi um projeto especial porque eu consegui provar que a arte urbana tem o poder de resgatar a autoestima de um jovem e, quando o coloca em contato com os várias possibilidades que uma lata de tinta ou um pote de tinta, traz, acaba aproximando esse jovem do patrimônio histórico, e isso afeta não só a vida dele, como se reflete também em toda a comunidade'', diz Grolli.

Em contato direto com pessoas que mostraram ter uma capacidade e, por que não, talento gigantesco para se expressar por meio do desenho, a grafiteira sonha em promover mais e mais edição do Conexões Grafitti, levá-lo a cinco comunidades neste ano, e fazer dele um projeto nacional.

''É uma oficina classe média alta por conta de seus altos custos, oferecidas de graça a esses locais. Por meio da criatividade, eles tiveram acesso às suas essências e isso foi muito importante de se acompanhar. Por isso acho que se o poder público não consegue, sozinho, dar conta dessas pessoas, ficou mais que provado que um projeto desses faz sua parte''. 

A professora de história de Rio Verde, Thays Regina Biehl, esteve no local como representante da Aldeia Marçal de Souza no evento. Em cerca de 6h, ela terminou um desenho em que criou uma espécie de ''yng yang'', da dualidade do bem e do mal, representados por meio de animais regionais. ''Eu descobri que gosto muito de desenhar, de me aperfeiçoar nos desenhos de animais. Aqui eu trouxe a Presa e o Predador do Pantanal'', conta ela.

Thays e sua Presa e Predador. (Foto: Thaís Pimenta)
Thays e sua Presa e Predador. (Foto: Thaís Pimenta)

Ela já carregava cerco conhecimento sobre desenho, mas conta que nesta oficina pôde agregar conhecimento técnico e aprendeu como reproduzir a técnica do grafitti em sua expressão artística. ''Eu costumo fazer muito uso de charges e desenhos em minhas aulas, pois sinto que assim eu consigo resumir um capítulo inteiro de um livro e ainda chamar atenção dos alunos de forma lúdica''.

Thays disse que acredita que iniciativas como as de Grolli permite que aqueles jovens que sentem a ânsia e a inquietude de se expressarem, canalizem toda essa ansiedade para o muro. ''Eu acho muito possível que se um projeto como esse tome a minha cidade, por exemplo, saiam de lá novos Kobras ou talentosos grafiteiros como os irmãos Gêmeos'', completa ela, em referência aos dois grandes nomes da arte urbana nacional, Os Gêmeos e o Kobra.

Cristian Ferreira Ocampos assina CFO e sonha em se tornar um artista visual no futuro. (Foto: Thaís Pimenta)
Cristian Ferreira Ocampos assina CFO e sonha em se tornar um artista visual no futuro. (Foto: Thaís Pimenta)

Cristian Ferreira Ocampos, de 20 anos, esteve no evento representando o bairro Los Angeles. Tímido, ele sonha em, um dia, poder viver só de grafitti, e se tornar um artista visual de Mato Grosso do Sul, coisa que antes dessa oficina ele nem imaginaria ser possível. ''Esse projeto me mostrou que é sim possível viver disso, tanto é que a Grolli trabalha e se sustenta com o grafitti'', diz.

Ele sempre curtiu desenhar e, mesmo contra vontade da mãe, fez das paredes do seu quarto grandes telas para expressar sua identidade, ainda em formação. ''Ainda não tenho um traço meu, algo que caracterize o desenho como meu. Eu tenho assinado com as iniciais do meu nome, CFO, e vou descobrindo essas coisas com o tempo''.

O jovem acredita que foi chamado pra estar ali, no encerramento do projeto, pois dentre cerca de 30 jovens que participaram do Conexões Graffiti, ele acha que foi um dos que levou mais a sério o encontro. Marilena confirma e explica que escolheu ''os representantes que mais visualizou qualidade técnica no desenho''.

As obras pintadas ao vivo serão emolduradas e expostas pela artista plástica, representando a primeira fase desse projeto tão especial.

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