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Comportamento

Com sapo na fachada, bar Alagados é história das cheias na avenida "31 de Março"

Adriano Fernandes | 14/12/2015 06:23
O Bar Alagados existe há 23 anos, no mesmo endereço, na Avenida Fernando Corrêa da Costa. (Foto: Fernando Antunes)
O Bar Alagados existe há 23 anos, no mesmo endereço, na Avenida Fernando Corrêa da Costa. (Foto: Fernando Antunes)

O sapinho desenhado na fachada de um bar na Fernando Corrêa da Costa é o único artifício que indica o “Alagados”. O nome do local foi inspirado na letra de uma das músicas de Os Paralamas do Sucesso, mas também por conta da época em que quando chovia a água alagava tudo na região.

A avenida ainda era chamada de 31 de Março, ou apenas "31", depois de ser a Marginal de Campo Grande. Passados tantos anos, a enxurrada não preocupa mais o barzinho simples, próximo ao cruzamento da Fernando Corrêa com a Rua 14 de Julho. Ali, o Sapo, que também é o apelido do proprietário do imóvel, hoje adora falar dos tempos de domínio do Córrego Prosa, que ainda não era canalizado.

Há 23 anos, o ex-bancário Maurício Albuquerque Dávila, de 45 anos, montava o negócio no endereço, que até aquele ano era só a residência da família. Ele recorda que o maior fluxo de clientes, em 1992, era dos funcionários do prédio do antigo Fórum, onde hoje é o Memorial da Cultura Apolônio de Carvalho.

O Alagados foi ponto de encontro de artistas de Campo Grande, já recebeu Bêbados Habilidosos, Bando do Velho Jack, patrocinou dezenas de eventos de rock, teve Sarau do Zé Geral e serviu até de espaço para exposições de artistas como Cleir e Jorapimo.

O sapinho foi desenhado na fachada lateral do Bar Alagados.(Foto: Fernando Antunes)
O sapinho foi desenhado na fachada lateral do Bar Alagados.(Foto: Fernando Antunes)

Um “costelão” promovido por Maurício persiste até hoje, o último ocorreu no dia 18 de abril. Ao menos uma vez por ano, o comerciante diz que arrecada dinheiro com outros empresários e amigos e a costela é assada ali mesmo, na calçada da Avenida Fernando Corrêa de Costa. Como não alaga mais, o banquete acontece até quando chove, garante o Sapo.

Naquele tempo, o Prosa seguia seu curso natural e causava transtornos em dias de chuva. “Hora que formava o mau tempo, a gente já vinha correndo. Corpo de Bombeiros, todo mundo vinha para amarrar os carros, os móveis...A água levava tudo”, comenta.

Ele recorda que era um período em que o Parque das Nações Indígenas ainda estava em fase de projeto e o entulho e a areia que desciam pelo leito agravavam o caos. “Na última enchente, juntou tanta areia aqui na frente que dava para atravessar de um lado para o outro caminhando”.

Mas também teve muitas situações engraçadas graças ao Prosa. “A água das enchentes descia trazendo botijões de gás e até lata de tinta. Já pintei muita parede com a tinta que eu pegava no rio”, lembra. Sapo também explica, que antes da canalização, mesmo com os ares de progresso que surgiam em volta, a avenida ainda mantinha um aspecto de cerrado.

“A Fernando Corrêa nem tinha esse nome e aqui na frente do bar, ficava uma ´passarela' improvisada, que a água levou. Quando chovia, alagava todo o estacionamento do fórum”, conta ainda sobre tempos mais remotos, quando a família se mudou para o lugar ainda cercado de mato.

Sapo é o apelido do mirandense Mauricio Albuquerque Dávila.(Foto: Fernando Antunes)
Sapo é o apelido do mirandense Mauricio Albuquerque Dávila.(Foto: Fernando Antunes)

Ele lembra em detalhes de como foi o período de aproximadamente 4 anos de duração das obras. “O movimento aqui era intenso de carretas, caminhões e patrolas durante a obra. Essa estrutura que tem hoje, ai por baixo da Fernando Corrêa, foi construída com uma grossa camada de cimento, manilhas e barras de ferro".

Com a obra, o movimento tanto de veículos quanto de clientes, aumentou. As enchentes já não ocorrem mais naquele ponto, mas o córrego ainda cobra seu espaço em meio a cidade. “Hoje a Fernando Corrêa já não alaga mais aqui, mas a obra transferiu os alagamentos”, avalia.

Hoje o Alagados vende salgados e sucos naturais. Maurício até brinca sobre a possibilidade de "franquia", diante das últimas imagens de alagamentos em Campo Grande. O sapo poderia pular em outros pontos, que ainda ficam embaixo d'água. “Pois é. Lá em cima, em frente ao shopping e em outros pontos, o córrego ainda alaga”, ri.

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Avenida Fernando Corrêa da Costa e ao fundo, o sapinho que indica O Bar Alagados.(Foto: Fernando Antunes)
Avenida Fernando Corrêa da Costa e ao fundo, o sapinho que indica O Bar Alagados.(Foto: Fernando Antunes)
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