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Comportamento

Como dá trabalho preparar um casamento surpresa...ainda mais, 28 anos depois

Paula Maciulevicius | 27/09/2013 06:29
De venda nos olhos, assim chegou a noiva para o casamento surpresa. (Foto: Arquivo Pessoal)
De venda nos olhos, assim chegou a noiva para o casamento surpresa. (Foto: Arquivo Pessoal)

“Tira a venda, entra ali para se confessar, que você vai casar”. Essa foi a frase que o administrador Roberto Pereira Coelho, de 50 anos, disse à mulher na porta da igreja. Ela, até então, não sabia de nada. De olhos vendados, Silvana Marchini Coelho só desconfiou da movimentação no dia, mas ainda assim, o casamento passou longe. Ela pensou que a surpresa se resumia a festa de aniversário em comemoração aos seus 50 anos. Idade que completava no dia seguinte.

Jantar, convite, bonequinhos de bolo, buquê e até o vestido. Tudo foi escolhido pelo marido e pela filha do casal, Amanda Marchini Coelho, de 25 anos. Os planos para o ‘sim’ diante da benção da igreja começaram em maio, depois que a nulidade do casamento de Silvana na igreja Católica foi deferida.

Silvana já vinha de uma união. Roberto não. Os dois se conheceram em 1985, ano que já consideram como de casamento. Mas foi há três anos, quando eles voltaram a frequentar a igreja Católica e participar de um grupo de cursilho, que o sonho de entrar na igreja aflorou novamente. “Matrimônio é quando os dois se tornam um. São melhores amigos, companheiros, carregam uma cumplicidade e isso a gente já tem há 28 anos”, diz ela.

Casal já estava junto há 28 anos. (Foto: João Garrigó)
Casal já estava junto há 28 anos. (Foto: João Garrigó)

Roberto teve três meses para planejar todo um casamento em sigilo. “Eu falei para a Amanda, o aniversário da sua mãe é dia 31 de agosto, vamos fazer a festa surpresa e ela vai casar sem saber”, relembra.

Um homem apaixonado, o marido conta animado de toda correria de um casamento que ele enfrentou o desafio de planejar sozinho. “Mas como fazer um casamento surpresa? A noiva tem que saber.” A interrogação que passa pela nossa cabeça foi a mesma que tomou Roberto. Alguns procedimentos junto à igreja que tinham de ser feitos em conjunto, foram transferidos para depois do altar. Uma forcinha dos padres para manter a cerimônia em segredo.

Na check-list, o jantar foi todo organizado pelos amigos, mas e o vestido? “Teria de ser um que não configurasse de noiva e que ela pudesse provar antes para garantir que não precisaria de ajustes”, explica Roberto. Ele escolheu um longo e rosê. Na loja, pediu para que a vendedora experimentasse e no olhômetro, teve a certeza de que era aquele. Mas por via das dúvidas, combinou com uma prima que sempre empresta e também usa as roupas de Silvana, para que desse o vestido a ela, de modo que a noiva provaria o modelo com antecedência.

O "sim" no altar aconteceu depois da nulidade matrimonial da primeira união dela.
O "sim" no altar aconteceu depois da nulidade matrimonial da primeira união dela.

Chegado o grande dia, 31 de agosto, o dilema foi de convencer a mãe a ir ao salão. Papel de responsabilidade da filha. “Como é que ela vai casar descabelada e sem maquiagem”, comentou Amanda. A jovem conseguiu levar Silvana ao salão com a desculpa de que iriam comemorar o aniversário em um restaurante. 

Enquanto a noiva se preparava no salão. Na festa tinha um noivo à beira do desespero. Se não bastasse a ansiedade, Roberto foi surpreendido pelo bispo emérito Dom Vitório, que iria realizar a cerimônia com a pergunta “há quanto tempo você não se confessa? Ele me perguntou e eu disse só faz só 35 anos”.

O nervoso batendo à porta, um casamento surpresa e um padre que precisava da confissão de três décadas. Assim resumiu os minutos antes de subir ao altar. “Foi até bom, dei uma pausa, se tivesse entrado direto na capela, tinha tido um troço”, comenta Roberto.

À caminho da cerimônia, a filha mandou que a noiva colocasse óculos escuros e uma venda nos olhos. Com esse pedido, Silvana pensou ter matado a charada. “Ah, é festa. Eu tinha certeza que era festa de 50 anos”, recorda.

A surpresa veio com a frase dita por Roberto, que a gente aqui reproduziu, na abertura da matéria. Já com os olhos atentos a cada detalhe, ela também passou pela confissão e os preparativos finais para deixar a aniversariante com cara de noiva. Uma tiara emprestada apareceu, o buquê, o terço e o irmão mais velho para conduzi-la até o altar.

“Já não bastava a surpresa do matrimônio, teve o encontro com a família inteira. Quando eu vi eles e entrei com Ave Maria, aí comecei a chorar. Você liga os pontos, minha mãe chegou a falar de casamento”, diz Silvana. No entanto, como a mãe da noiva sofre de Alzheimer, nos momentos em que ela falava de matrimônio, ninguém considerava e a surpresa aconteceu.

“No fundo eu até imaginava uma surpresa de aniversário, mas matrimônio? Acho que nessa história toda, quanta gente deve ter pensado essa mulher é de sorte e eu sou mesmo”.

Depois do ‘sim’, a festa ocorreu perfeitamente. Silvana e Roberto receberam 140 convidados que foram testemunhas da surpresa que ele preparou. Para ela, foi a realização de um sonho dela e a comemoração de 50 anos de idade. “O maior presente que ele podia me dar, ele me deu”, finaliza Silvana.

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