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Comportamento

Desenganado no hospital, motorista de ônibus diz que sobreviveu ouvindo música

Aline Araújo | 29/07/2015 06:45
A música sempre fez parte do dia a dia da família. (Foto: Vanessa Tamires)
A música sempre fez parte do dia a dia da família. (Foto: Vanessa Tamires)

Marcos Vieira, de 48 anos, sempre teve o violão como companheiro. Começou a tocar na igreja, e ao longo dos 25 anos de casamento, era que quem toca para a para a esposa Rosana Ventura cantar durante cerimonias religiosas. A música sempre fez parte da rotina da família, tanto que a paixão foi passada de pai para o filho.

E no momento que a família mais precisou de força, a música estava lá como instrumento de fé. Marcos sofreu um acidente e a família passou por um momento difícil, com receio de que ele não sobrevivesse.

Ele é motorista de ônibus e no dia 14 de outubro estava de folga. Havia prometido a um amigo que mora no bairro onde cresceu, Otávio Pécora, que iria ajudá-lo a reformar o telhado de casa, porque já tinha feito isso outras vezes. Mas caiu do telhado, teve traumatismo craniano grave e foi para o hospital em coma.

Rosana sempre acreditou na melhora. (Foto: Vanessa Tamires)
Rosana sempre acreditou na melhora. (Foto: Vanessa Tamires)

“No dia a dia as vezes a gente esquece do que realmente é importante. Eu trabalhar sem nem sequer falar com o meu pai, nem dar tchau. Voltei, dormi e acordei com a noticia que o pior tinha acontecido. Meu mundo virou de cabeça para baixo”, relata o músico e publicitário Robson Vieira, filho de Marcos.

Foram 15 dias de coma. Rosana ia ao hospital todos os dias e cantava para o marido, cantava a música “Te louvo em verdade”, da banda Rosa de Saron. “Mesmo na tempestade, mesmo que se agite o mar. Te louvo, te louvo em verdade...”, sempre a mesma música.

“Quando a mãe cantava, mesmo em coma, ele sempre mexia alguma coisa, os batimentos aceleravam”, lembra Barbara Vieira, de 18 anos.

Depois de 15 dias, Marcos despertou, porém estava em estado vegetativo. Foram outros 15 dias internado até o médico afirmar, após complicação do quadro, que não haveria mais jeito e que eles deveriam tomar as providencias já que a morte era uma questão de tempo.

A família acabou ficando mais próxima. (Foto: Vanessa Tamires)
A família acabou ficando mais próxima. (Foto: Vanessa Tamires)

“A médica me olhou com cara de piedade, quando eu disse que tudo que ela podia fazer ela tinha feito, mas para Deus nada era impossível e eu tinha muita fé”, lembra Rosana. Foi quando a família chamou um padre para mais uma benção.

Na madrugada seguinte, Marcos começou a reagir aos medicamentos, o quadro mudou, dias depois ele teve alta. “Para a gente foi um milagre, porque a melhora não teve explicação, nem os médicos entenderem”, comenta Robson.

Em casa, foram muitos cuidados, mas com o carinho da família, fé e muita música, a evolução surgiu aos poucos, uma conquista a cada dia. “Lembro que um dia eu disse para ele fazer um sinal se estava me ouvindo e ele, que antes só movimentava os olhos, fez pela primeira vez um movimento com os dedos”

Hoje, dez meses depois do acidente, Marcos já fala, faz alguns movimentos com as mãos e as pernas e assim deixa claro que acredita em voltar a andar.

Rosana é cabeleireira, mas fechou o salão para cuidar do marido, nesse tempo, em que a licença do INSS ainda não havia saído, nunca faltou nada para a família graças a comunidade do bairro e aos amigos.

Marcos está se recuperando aos poucos. (Foto: Vanessa Tamires)
Marcos está se recuperando aos poucos. (Foto: Vanessa Tamires)

"Quando ele precisava de alimentação especial, leite estava quase no fim, e eu pensava que teria que dar um jeito de comprar, sempre vinha alguém para ajudar com uma lata nova”, conta a esposa.

O acidente de Marcos uniu a família e evidenciou a importância da música para recuperação dele. “Eu não me lembro de nada até fevereiro desse ano, sumiu da minha memória, mas a música sempre foi um instrumento de fé”, comenta Marcos. “O que eu quero muito agora e voltar a enxergar direito e a andar. Quero muito voltar a tocar violão”, reforça.

Hoje os tratamentos são fisioterapia e fonoaudiologia. Para auxiliar a cobrir gastos, a família está promovendo uma feijoada no dia 16 de agosto, com a ajuda de quem mora no bairro. A festa vai ser na Cantina São João Wagner, na rua Galo da Serra, 255, por coincidência, em frente a casa onde Marcos sofreu o acidente.

Robson, que começou a tocar por incentivo do pai, e hoje toca profissionalmente por barzinhos da cidade, vai fazer o som do almoço solidário. É claro que a mãe também vai dar uma palinha no palco. O convite custa R$ 20,00 e pode ser reservado pelo telefone 3356-3942.

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