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Comportamento

Ele virou João há 16 anos e roda o País "em nome Deus" com seu carrinho amarelo

Paula Maciulevicius | 20/11/2013 06:10
João, o mensageiro de Deus. Pela fé, ele prega a prova científica da existência de Deus através do ciclo da borboleta. (Fotos: Cleber Gellio)
João, o mensageiro de Deus. Pela fé, ele prega a prova científica da existência de Deus através do ciclo da borboleta. (Fotos: Cleber Gellio)

Ele nasceu Nelson, mas virou João há 16 anos. A certidão de nascimento traz além dos dois nomes, datas e até países diferentes. O Nelson tem 71, João completará 17 no dia 14 de dezembro. Nelson nasceu no Uruguai, já o João, apesar do sotaque castelhano, é nascido em Foz do Iguaçu. João, o mensageiro de Deus está em Campo Grande, veio de Curitiba, mas nos últimos anos, não tem por onde não tenha passado. Foram mais de 140 mil quilômetros rodados na América do Sul, tudo percorrido com os próprios pés, para provar cientificamente, a existência de Deus.

“Eu voltei a nascer por batismo de Deus há 16 anos. São 55 de carne, mas aquele que estava no corpo nasceu há 71 anos”, explica o João, Mensageiro de Deus. O nome veio como um sinal, uma escolha de quem o elegeu para a missão. “Foi Deus, um sinal de Deus, no pensamento ele me falou teu nome será João e eu acatei”, diz.

A interpretação dele é de que no livro da vida, para cada um de nós, há um nome específico a ser dado em uma segunda vinda. Com a barba e os cabelos totalmente brancos e compridos, lhes faltam dentes, mas não palavras. O vocabulário imposto em cada mensagem evidencia que por traz da vestimenta de estopa de João, existiu um Nelson estudado.

O Nelson, dito em terceira pessoa sempre, só ficou mesmo no álbum de fotografias.
O Nelson, dito em terceira pessoa sempre, só ficou mesmo no álbum de fotografias.

Não tem endereço fixo e nem contato com a família além das fotos imprimidas que carrega no pequeno álbum. Tudo o que ele tem, materialmente falando, se resume ao carrinho amarelo. Mas por debaixo da roupa já gasta, um homem que tem história, conteúdo e acima de tudo, fé. Ele não precisa mesmo de mais nada.

Igreja ele não tem. Prega que a fidelidade e lealdade é, exclusivamente, a Deus. Roteiro também não. A missão chega em pensamento telepático, relata João e por onde ele vai, conta com a bondade e apoio das pessoas para alimentação e comodidade.

O segundo item, ele não precisa tanto. Já que a cama é o próprio carrinho. A tampa que abre a caixa, guarda uma outra lá dentro. Ele junta as duas e com a porta que abriu, nivela o colchão e dorme ali mesmo.

“Até os meus 20 anos, eu era ateu. Aos 37, numa viagem como mochileiro aconteceram coisas que fizeram com que o Nelson reconsiderasse o ateísmo”. Ele descreve o próprio passado na terceira pessoa. O eu de agora é o João, o Nelson será sempre conjugado no pretérito.

Em uma outra viagem, novas demonstrações fizeram com que ele, Nelson, voltasse a acreditar em Deus. “Mas Nelson tinha dificuldade de acreditar em algo que não tivesse prova científica, Nelson estudou matemática, foi policial, tudo tem que ser provado. Passei 11 anos pedindo provas. Uma pessoa viva para um Deus vivo”, narra.

Do carrinho que empurra, ele faz a cama.
Do carrinho que empurra, ele faz a cama.

Foram necessários 12 anos para que ele, numa situação de deserto, tivesse o que chama de revelação. “Que consistia essa prova científica”, completa.

“Deus mandou eu sair e divulgar. Apresentar o mundo paralelo ao nosso, um mundo de referências. A metodologia científica reconhece a analogia como meio de prova. Deus apresenta o mundo que nós compreendemos, mas nós não temos condição de saber o mundo pós esse. Então o mundo de referência é análogo ao mundo animal”, explica.

A analogia que ele prega é que a nossa vida é como os estágios de uma borboleta. “A primeira etapa é o ovo, depois o lagarto, o casulo e no final, a borboleta. Nós estamos hoje, no estágio mais rudimentar, apenas começando o nosso caminho, o que equivale ao ovo. Deus fala ponho a vida e volto a toma-la, nós sem saber do outro lado, não podemos compreender”.

A missão que ele tem só acaba quando a vida dele aqui também chegar ao fim. As vestimentas, ele explica que segue o que antigamente simbolizava o arrependimento. Talvez, dos pecados de Nelson.

“Se sou feliz? Sempre me perguntam isso. Sou muito. Estou cumprindo o que ele me pediu”, resume a felicidade.

A aparência mais se equipara a de um personagem do Velho Testamento. No entanto, questionado se ele é “a imagem e semelhança de Deus”, João responde que não. “A imagem e semelhança de um cavalo. Nós temos muito a evoluir para chegar à imagem de Deus”.

“O que eu te falei não é a mensagem, são dados estatísticos”. É assim que ele classifica a entrevista. A mensagem mesmo, está sendo passada em palestras e hoje, João, o mensageiro, vai estar hoje, às 9h, no gabinete do vereador Eduardo Romero, na Câmara Municipal.

Na mensagem que ele prega estamos vivendo o estágio mais rudimentar do ciclo. O ovo. É preciso muito para virar lagarto, casulo até chegar a borboleta.
Na mensagem que ele prega estamos vivendo o estágio mais rudimentar do ciclo. O ovo. É preciso muito para virar lagarto, casulo até chegar a borboleta.
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