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Comportamento

Hotel é ponto de encontro dos 8 irmãos que aprenderam que família é tudo

Paula Maciulevicius | 17/11/2016 08:15
Toda primeira 6ª do mês, irmãos tem encontro marcado no café da manhã de hotel. (Foto: Arquivo Pessoal)
Toda primeira 6ª do mês, irmãos tem encontro marcado no café da manhã de hotel. (Foto: Arquivo Pessoal)

Toda primeira sexta-feira do mês, oito, dos nove filhos de dona Adelina, se reúnem para um café da manhã de hotel. Há cinco meses eles criaram esse hábito e ninguém marca compromisso na data. Das 7h30 às 9h30, eles dedicam cada minuto à saudade da infância e a ouvir as novidades que cada um tem a contar. 

Gilberto, Geny, Neuza, Cleuza, Norberto, Inocência, Euzebio, Lourenço e Elizabete. De 62 anos até a caçula, de 47. Todos são filhos do mesmo pai e da mesma mãe, que ensinou a importância da família e sobretudo o perdão.

Dona Adelina morreu há dois anos, de câncer. E quando os filhos perceberam que sem a casa da mãe para reuni-los, cada um estava indo para um lado, resolveram criar o café da manhã entre irmãos. O ponto de encontro é o mesmo hotel de sempre, Vale Verde.

Na foto, a montagem colocou Geny ao lado dos irmãos: Gilberto, Cleuza, Euzebio, Neuza, Lourenço, Elizabete, Inocência e Norberto. (Foto: Arquivo Pessoal)
Na foto, a montagem colocou Geny ao lado dos irmãos: Gilberto, Cleuza, Euzebio, Neuza, Lourenço, Elizabete, Inocência e Norberto. (Foto: Arquivo Pessoal)

A maioria deles são aposentados e não têm grandes dificuldades na agenda para seguir à risca o compromisso. "A gente se reúne uma vez por mês e fora isso, temos o grupo no Whats", conta a aposentada Elizabete Paiva Valiente, de 47 anos.

A única irmã que não comparece é Geny, que mora em Cuiabá, mas o restante da família deu um jeito e a colocou na foto, numa montagem.

"Nós somos em cinco mulheres, eu e minhas irmãs nos vemos quase todo dia, mas os homens não. Cada um tem sua vida, esposa, netos, alguns já bisnetos. Então assim fica melhor pra gente poder se ver todo mês", explica Elizabete.

A ideia foi aceita por unanimidade, mas partiu do irmão Lourenço. "Hoje em dia estamos vivendo tudo corrido, não? E a nossa mãe sempre pôs isso no nosso coração, o amor de irmãos. Então às vezes passava um, dois meses sem se ver, quando tive a ideia, todo mundo aceitou. A gente se encontra, bate um papo, é um momento gostoso", descreve Lourenço Paiva Valiente, de 48 anos.

As irmãs Inocência, Cleuza, Neuza e Elizabete se veem quase todos os dias. (Foto: Arquivo Pessoal)
As irmãs Inocência, Cleuza, Neuza e Elizabete se veem quase todos os dias. (Foto: Arquivo Pessoal)

Outra vantagem é que por ser no hotel, ninguém dá trabalho para ninguém, o que era preocupação entre os irmãos. Entre bolo, café, suco, salgadinhos e ovos mexidos, não é pela comida que eles se juntam ao redor da mesa. "É uma reunião de família e a gente ri muito. Um conta história, piada, lembra de quando era pequeno", conta Elizabete.

Dona Inocência, de 52 anos, é a quarta filha da escadinha e sabe da dificuldade que é reunir todo mundo. Os encontros tem a parte boa, de contar novidades e também de compartilhar problemas. "A gente divide as particularidades e eu fico feliz da vida. As irmãs moram perto uma da outra, mas os irmãos não. Cada um de um lado da cidade", argumenta a dona de casa Inocência Paiva Valiente da Silva.

O perdão - Os irmãos são todos em escadinha mesmo e no passado, não foi nada fácil para a mãe, Adelina, criar todos eles. O marido foi embora logo que Elizabete, a caçula, nasceu e só voltou 20 anos depois. 

"Não fomos criados por ele. Ela que sustentou todos sozinha enquanto ele estava pelo mundo. Depois que ficou velho, voltou e todo mundo perdoou ele", conta a filha. Foi o ensinamento de dona Adelina que fez com que os filhos não criassem rancor do pai. "Ela que dizia que nós tínhamos nosso pai, tínhamos que perdoar, ter contato e cuidar dele. Foi um processo muito doloroso, porque ele tinha abandonado a gente", recorda. 

Os irmãos mais velhos que tiveram de arrumar emprego logo cedo para ajudar na criação dos quatro mais novos. E três meses depois de Adelina morrer, o marido também se foi. Se viva estivesse, a senhorinha ficaria era muito feliz.

"Porque era isso que ela queria, que ninguém se separasse um do outro, que ninguém fosse viver a sua vida e largasse os irmãos, ela prezava muito pela família", resume. Por isso, dia 2 de dezembro, Gilberto, Neuza, Cleuza, Norberto, Inocência, Euzebio, Lourenço e Elizabete tem encontro marcado no hotel, para o café da manhã entre irmãos.

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Inocência e Neuza no café da manhã. (Foto: Arquivo Pessoal)
Inocência e Neuza no café da manhã. (Foto: Arquivo Pessoal)
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