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Comportamento

Para quem mora no principal cruzamento da cidade, até escada vira comércio

Anny Malagolini | 05/11/2013 07:01
Cruzamento da 14 de julho com a avenida Afonso Pena.
Cruzamento da 14 de julho com a avenida Afonso Pena.

Não tem vizinho para pedir uma xícara de açúcar, porque os prédios ao lado são comerciais. No cruzamento mais movimentado de Campo Grande, Ivone Barbosa de Macedo, de 49 anos, viu no apartamento na esquina entre a rua 14 de Julho e a avenida Afonso Pena o local ideal para morar com a família, mesmo com o tormento do burburinho das pessoas e do trânsito.

Da fotografia, ofício deixado de lado em São Paulo, agora a sobrevivência vem do sorvete italiano. No mesmo endereço, ela aproveita a escadaria que leva ao apartamento para ganhar a vida.

Ivone diz que adora o silêncio, mas que para ganhar dinheiro precisa abrir mão do sossego. Há cinco anos, ela e a família, de 5 cinco pessoas, dividem o espaço pequeno por uma aluguel de R$ 1.2 mil.

De apenas dois quartos, mas com várias sacadas, o prédio antigo sempre provocou curiosidade sobre quem ocupa o endereço "ilustre". Na entrada, a primeira escada mudou, mas a segunda, de madeira, é a boa notícia sobre a preservação da Arquitetura.

Ela conta que é campo-grandense, mas morou quase a vida toda em São Paulo. Retornou à cidade para criar os três filhos, na calmaria de interior que pensava só essa Capital ter. 

Mas no endereço que escolheu nada é muito tranquilo. “É muita coisa terrível”, define Ivone sobre o que é morar em um dos principais pontos do comércio da Capital. Incêndio de grande proporção, rachas e acidentes de carros, brigas e até assassinato fazem parte da rotina. “No Carnaval acordei com tiroteio”, revela. Adventista, ela reclama até dos casais gays que costumam trocar carinho em publico.

Apesar de tudo e de ter de pagar pelo estacionamento para o carro da família, ela diz ter trocado uma casa no bairro Nova Lima pelo Centro por conta da comodidade. “Tudo é perto, e quase não gasto com gasolina”. 

Apesar dos pesares, Ivone garante que morar no coração da cidade também tem suas vantagens e na madrugada costuma fotografar a vida que passa pelo cruzamento conhecido. “Já conheci várias avenidas, mas essa é especial. E daqui eu tenho a melhor vista”, afirma.

Na porta da casa, Ivone aproveitou e montou sorveteria.
Na porta da casa, Ivone aproveitou e montou sorveteria.
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