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Comportamento

Para tirar 21 sonhos da gaveta, campanha procura padrinhos na internet

Ângela Kempfer | 21/10/2013 08:11
Ação quer atender pedidos de crianças e adolescentes de abrigos.
Ação quer atender pedidos de crianças e adolescentes de abrigos.

Stella quer fazer faculdade para “virar juíza”. Vicente tem uma vontade mais simples, conhecer a praia “como aquelas da TV”. Mas com as vozes fraquinhas, meio tímidas, eles parecem não acreditar realmente na possibilidade de um dia chegar lá.

Apesar da pouca idade, os 2 já passaram por maus bocados. Foram retirados das famílias por decisão judicial e hoje vivem em um dos abrigos de Campo Grande.

Eles tiveram a chance de falar dos desejos com o projeto “Tire um sonho da gaveta”, criado pela rádio Blink102, em parceria com o Projeto Padrinho, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul.

“Meu sonho é conhecer a praia. Talvez sozinho eu nunca consiga. Mas se alguém me ajudar, poderia ser real”, diz o menino de 9 anos.

O garoto de 12 pede um contrabaixo, um professor de música e o resto é só deixar com ele que, otimista, pensa alto. “Quero tocar em uma banda, viajar pelo mundo e, quando ganhar dinheiro, ajudar minha família. Tenho 9 irmãos”

No total, 21 crianças e adolescentes na mesma situação gravaram mensagens onde falam da felicidade que pode estar em uma viagem, um curso, um produto eletrônico... Como custam caro, os sonhos dependem de padrinhos.

Karine pensa em aprender a tocar violão para depois tocar para os pais e toda a família. Aos 13 anos, Jael quer a matrícula em uma escolinha de futebol e, sem titubear, garante o sucesso como jogador: “Se colocar a bola no meu pé, eu faço. Aonde ela vier, é gol.”

Os textos resumidos, com um nome e a idade dos meninos e meninas, estão na página do projeto. Lá, quem quiser ajudar, ouve o que as crianças têm a dizer, escolhe um sonho para tirar da gaveta, faz o cadastro e os organizadores entram em contato para garantir a ponte da imaginação à prática.

Tem viagem para Disney, passeio em um parque aquático qualquer, uma câmera digital cor de rosa e planos mais complexo, como a vontade de Flora de encontrar um “homem de Deus” para casar no futuro.

Segundo o diretor geral da Blink, o empresário Alex Bachega,, em 2 dias no ar, 5 pessoas fizeram contato para virar padrinhos e realizar os sonhos.” Um deles vai entregar um violino para uma das crianças. Está se propondo a dar também o curso de música”, conta.

Longe dos pais e dos irmãos, muitas vezes por conta da violência dentro de casa, entre uma bicicleta roxa, um quarto novo, aulas em uma escolinha de futebol, de repente eles surgem com um sonho recorrente: voltar a viver em família. “Eu quero que minha mãe saia da prisão”, diz a menina de 13 anos em uma das gravações também disponibilizadas no site.

Para Alex, isso foi justamente o que mais chamou a atenção das pessoas envolvidas na ideia, o sonho de quase todos em um dia voltar para casa, o que vai depender de avaliações feitas por profissionais que acompanham os pais e as crianças.

Pois é, algumas coisas são bem complicadas, mas para amenizar um pouco a dor, que deve ser daquelas de quebrar o coração -, vários outros presentes são bem viáveis.

Cartinha de Karine, uma das postadas no site.
Cartinha de Karine, uma das postadas no site.
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