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Comportamento

Professora de MS representa Brasil em festival internacional na França

Professora foi uma das 10 artistas escolhidas em todo o País para participar de festival internacional

Por Clayton Neves | 11/07/2025 07:12

Aos 25 anos, a professora Emy Mateus Santos é prova de que arte, educação e resistência andam juntas e vão muito longe. De Campo Grande, ela foi uma das 10 artistas escolhidas em todo o País para participar dos Encontros Mundiais de Jovens Profissionais das Artes Performativas, integrando a programação do Festival Off Avignon, na França, um dos maiores e mais prestigiados festivais de artes cênicas do mundo.

A seleção foi feita pela Fundação Nacional de Artes, por meio de um edital inédito que buscava jovens criadores de todas as regiões do Brasil. O grupo brasileiro faz parte de uma agenda intensa, que mistura atividades artísticas, pedagógicas e institucionais, com direito a imersão completa nos bastidores dos festivais In e Off Avignon.

O evento reúne jovens de países como Alemanha, Armênia, Canadá, Cazaquistão, Escócia, Estados Unidos, França, Romênia, Turquia, Uzbequistão e Suécia, fomentando um intercâmbio cultural entre nações.

Para Emy, que já está na França, o encontro é uma oportunidade única de troca com artistas, produtores e curadores de várias partes do mundo. “O Festival de Avignon é o maior festival de teatro do mundo. São muitas performances e acontecem ao mesmo tempo em diversos teatros. É uma cidade histórica, onde é muito forte esse aspecto cultural e artístico”, explicou.

Professora de MS representa Brasil em festival internacional na França
Emy em clique na cidade de Avignon, na França. (Foto: Renata Pires)

Muito além de um intercâmbio artístico, Emy carrega consigo bandeiras e vozes que raramente têm espaço em grandes palcos. “Para mim é muito importante estar aqui, porque de alguma forma eu não venho sozinha, eu venho representando toda a minha comunidade. Seja a comunidade LGBTQAPN+, seja as pessoas negras, seja essa representação dentro da educação”, afirmou a professora, que é uma mulher preta e transexual.

Emy fundou, há mais de dois anos um coletivo formado majoritariamente por pessoas trans e travestis negras em Campo Grande. A partir desse trabalho, ela constrói o projeto ´O culto das Travestis’ e sua pesquisa sobre a ‘ética do cuidado’.

“O que eu defendi no projeto para ele ser selecionado e para eu representar o Brasil aqui na França, em Avignon, é justamente a coletividade e a força das pessoas trans e travestis dentro da arte brasileira”, disse.

Com sua participação, a professora espera reforçar a importância de uma arte que valoriza identidades e territórios específicos.

Professora de MS representa Brasil em festival internacional na França
Aluna de escola pública, Emy é prova de que arte, educação e resistência andam juntas. (Foto: Arquivo Pessoal)

“É pensar que minha obra, que é o culto das travestis, e a proposição da minha pesquisa, que é a ética do cuidado, ganham uma outra forma em uma outra relevância para além do nosso Estado, para quem olha e consegue enxergar a potência e entender a necessidade da defesa de uma arte específica, de um território e de identidades muito específicas”, avalia.

A experiência também fortalece a prática docente de Emy, que vê na educação um instrumento fundamental de transformação. “Eu acredito que a educação é a principal ferramenta de transformação social e eu sou um exemplo vivo disso. Eu sou fruto da escola pública, entrei na universidade por ações afirmativas e políticas de cota. Me torno professora e retomo esse espaço que foi me tirado, entendo a arte como também essa ferramenta que pode transformar a vida das pessoas”, afirma.

Hoje, Emy se enxerga como uma referência para quem, no passado, não via representatividade. “É muito importante para mim entender que a minha trajetória parte desses lugares. Antes eu não via nenhuma pessoa como eu e hoje eu consigo olhar e ver pessoas se sentindo representadas pela forma que eu ocupo esses passos, pelo que eu faço, pelo que eu falo e pelo meu trabalho”, observa.

Durante o festival, a professora participa de workshops, residências artísticas e apresentações. “A gente participa de atividades, troca experiências, fala dos nossos processos criativos, participa de workshops e residências dentro do aspecto cultural”, finaliza.

Na Europa, a presença sul-mato-grossense mostra ao mundo que a arte brasileira é potente, diversa e cheia de histórias que merecem e precisam  ser ouvidas.

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