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Comportamento

Quando menino com câncer enfrentaria máquina 0, família também raspou a cabeça

Ângela Kempfer | 25/02/2014 06:57
Primos e tios em dia de corte coletivo, em solidariedade a Lucas (bermuda azul)
Primos e tios em dia de corte coletivo, em solidariedade a Lucas (bermuda azul)

No dia em que a “ficha caiu” para Lucas, a família estava ao lado para mandar o medo embora. O menino de 13 anos voltava para casa com a imagem de mechas de cabelo caindo pelo carro. Era inevitável, estava ficando careca por conta da quimioterapia. O câncer, descoberto em dezembro, nunca foi tão evidente desde a notícia no consultório.

Mas foi só encontrar a família para tudo virar brincadeira. Todos estavam lá, reunidos na casa do primo Gabriel Barbosa, a espera do garoto. “Somos muito unidos. É um pelo outro. Estamos todos sofrendo e lutando junto com ele”, justifica Gabriel.

Com a máquina de corte nas mãos, um a um os homens foram raspando a cabeça, a exemplo de tantos outros casos de afeto diante do câncer. Uma decisão para mostrar que o cabelo é o que menos importa na luta de um garoto que mal começou a viver e já enfrenta uma barra daquelas. “Começou com os primos, mas depois os tios e os amigos também entraram”, conta Gabriel.

O irmão mais velho, que hoje vive em São Paulo, fez o mesmo à distância e enviou a foto. O tio, na França, também aderiu ao “movimento máquina zero”. Assim, deu até para rir um pouco da situação. “Meu cabelo era lisinho, bonito, de repente começou a cair. Pensei que seria mais difícil, mas com eles ficou bem mais fácil”, comenta o menino, comprovando que a atitude reproduzida por aí é como carinho para quem tem a doença.

“A queda de cabelo é um momento muito complicado. Parece que é quando ele realmente percebeu a gravidade. Foi quando caiu a ficha”, reforça a mãe.

Lucas em família. (Foto: Marcelo Victor)
Lucas em família. (Foto: Marcelo Victor)

Durante três meses, Lucas passou por inúmeros especialistas sem um diagnóstico. Com dores pelo corpo e febre alta, nem a dipirona receitada por vários médicos ameniza mais a temperatura.

O menino acabou no Hospital Universitário, internado. Onze dias depois, os pais souberam do linfoma. “Foi no dia 3 de dezembro, a gente já não aguentava mais esperar uma resposta. Nunca vou esquecer. A gente acha que nunca vai acontecer com um de nós”, lembra a mãe Rosemeire Barbosa.

O pai foi incumbido de dar a notícia a Lucas, que só chorou, muito. “Foi difícil demais pra mim. Com o tempo fui me informando, perguntando para os meus pais. Assim, aprendi a lidar um pouco com a doença”, explica, já se preparando para a terceira fase de quimioterapia.

Na primeira sessão, nem um efeito colateral surgiu. Mas depois da segunda, o cabelo caiu. A mãe já se preparava para encarar o cabeleireiro, mas foi surpreendida pela família.

“Normalmente é uma psicóloga que corta, mas fui até um salão para cortar. Como não tinha horário. Acabou que todo mundo raspou a cabeça. Eles iam fazendo desenhos com o cabelo e virou uma grande brincadeira. Foi tão tranquilo que ele nem percebeu que ia passar por aquilo.

Na família de 6 irmãs e 2 irmãos, o que não falta é gente e, agora, também gratidão. "Só não virou um trauma, por causa da família”, agradece Rosemeire.

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