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Comportamento

Usando bastidor herdado da avó, Cristiane transformou ansiedade em arte

O bordado também é calmaria para a advogada de mente inquieta que aprendeu a com cada ponto a controlar a ansiedade e afastar os dias sombrios da depressão.

Kimberly Teodoro | 12/02/2019 09:22
Hoje a linha e a agulha materializam desenhos que antes só existiam na mente de Cristiane (Foto: Aquivo Pessoal)
Hoje a linha e a agulha materializam desenhos que antes só existiam na mente de Cristiane (Foto: Aquivo Pessoal)

Nas mãos de Cristiane Schmitt, a linha e agulha dão vida a arte minimalista em bastidores, aqueles “quadros” com bordado em tecido muito populares na internet e que deixam qualquer cantinho mais aconchegante e com toque especial de tudo o que é feito a mão. Além de delicadeza aos ambientes, o bordado também é calmaria para a advogada de mente inquieta que aprendeu a com cada ponto a controlar a ansiedade e afastar os dias sombrios da depressão.

O interesse pelo trabalho manual não é novidade. Na família de Cristiane, está praticamente no sangue, “Minha mãe e minha tia também bordam e, antes delas, a minha avó bordava. O bastidor que eu uso hoje tem 50 anos, é o mesmo que a minha avó usava antes da minha mãe nascer”, conta.

Ela não tem memórias da avó usando o suporte de madeira nesse estilo de bordado. O objeto ficou algum tempo esquecido antes de passar para as mãos da dentista Rita Aparecida Schmitt, mãe e inspiração de Cristiane, com quem ela de fato aprendeu a arte de desenhar no tecido usando as linhas.

Com o bastidor que está há gerações na família, Cristiane aprendeu a transformar ansiedade em produtividade (Foto: Arquivo Pessoal)
Com o bastidor que está há gerações na família, Cristiane aprendeu a transformar ansiedade em produtividade (Foto: Arquivo Pessoal)

“Aprendi a bordar por volta dos 12, 13 anos, com a minha mãe, que além de dentista, acupunturista e terapeuta floral, é também artesã. Ela faz crochê, tricô e bordado, principalmente o ponto cruz. A paixão que ela tem pelo trabalho dela, o jeito como ela ama tudo o que ela faz, ama ajudar pessoas, a personalidade simples e humilde que ela tem, isso é o que me motiva. Eu queria ser mais como ela”, explica Cristiane, que também diz não ter as mãos tão firmes quanto as de Rita, por uma condição chamada hiperidrose, a transpiração excessiva nas mãos, o que dificulta o uso da agulha nesse tipo de bordado, fazendo com que a habilidade ficasse adormecida por anos.

Quando criança, Cristiane sempre teve afinidade com a arte em suas mais diversas formas, principalmente, com a música e a pintura, hobbies que a vida adulta deixou de lado em nome da faculdade de Direito e pouco depois, de um intercâmbio em 2016 para os Estados Unidos.

Depois de muito tempo longe da área de formação e de volta ao Brasil, Cristiane começou a distribuir currículos em busca de um emprego para recomeçar a vida por aqui e quem sabe, mais tarde, investir em um curso de comunicação ou línguas, duas outras paixões da advogada. “Quando eu estava fora, o que eu mais ouvia era que seria muito fácil encontrar um emprego, as pessoas sempre diziam que um currículo bom e Inglês fluente me colocariam de volta no mercado muito rápido. Não foi assim”, relembra.

A ansiedade e a depressão que já estiveram presentes na vida dela ameaçaram mostrar as caras, entre as aulas de Inglês que ela ministra online e o longo silêncio do telefone que não trazia resposta alguma para a procura de Cristiane, sobrava muito tempo livre, que ela decidiu preencher com o ofício presente na família há gerações.

Algumas das peças são da própria Cristiane, que começou bordando as próprias paixões (Foto: Arquivo Pessoal)
Algumas das peças são da própria Cristiane, que começou bordando as próprias paixões (Foto: Arquivo Pessoal)
Séries, filmes, músicas, tudo vira inspiração para os bastidores (Foto: Arquivo Pessoal)
Séries, filmes, músicas, tudo vira inspiração para os bastidores (Foto: Arquivo Pessoal)

“Tentei o crochê, o que não deu muito certo por causa da hiperidrose, a linha abria inteira nas minhas mãos. Voltei ao ponto cruz, que acabou não dando em nada. Foi quando comecei a buscar referências no Pinterest e no Instagram, já tinha visto algumas obras, mas nunca pensei que fosse capaz de fazer algo parecido até o momento em que decidi tentar”, conta.

Com o material encontrado na casa da mãe, ela arriscou os primeiros pontos sem muita técnica e com um resultado “caótico”, o que fez com que ela buscasse tutoriais no youtube, onde aprendeu os pontos básicos para que a linha finalmente materializasse os desenhos imaginados pela mente. “Nunca pensei que fosse ter um retorno tão positivo, as pessoas olham para mim e enxergam uma mulher de quase 1,80 de altura, gordinha, e que não parece nem um pouco delicada e dizem que não achavam que eu fosse capaz de trabalhar com uma coisa tão delicada”, comenta.

Depois do primeiro bastidor, uma Frida que está na parede do consultório da mãe, Cristiane não parou mais e hoje já recebe encomendas pelo Instagram “Embroidery by soul”, que em Português significa “bordado pela alma”, nome que traduz com exatidão o significado do trabalho manual na vida da advogada e aprendiz de artesã. Em cada novo bastidor, ela procura colocar um pouquinho da personalidade de cada cliente, os gostos e paixões para que, quem quer que receba, tenha um pouco de si enfeitando a casa ou a mesa do trabalho.

Mais bordados e novidades sobre o trabalho da Cristiane estão disponíveis no Instagram dela, clicando aqui.

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Frida foi o primeiro bastidor feito por Cristiane que deu certo (Foto: Arquivo Pessoal)
Frida foi o primeiro bastidor feito por Cristiane que deu certo (Foto: Arquivo Pessoal)
Cada bastidor é feito pensando na personalidade de quem vai recebe-lo. (Foto: Arquivo Pessoal)
Cada bastidor é feito pensando na personalidade de quem vai recebe-lo. (Foto: Arquivo Pessoal)
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