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Diversão

Sem Igrejinha, supremacia da Vila Carvalho fica bem mais evidente

Ângela Kempfer | 13/02/2013 02:04
Comissão de frente da Vila Carvalho. (Fotos: João Garrigó)
Comissão de frente da Vila Carvalho. (Fotos: João Garrigó)
Destaque mirim da Vila Carvalho.
Destaque mirim da Vila Carvalho.
Cristo fechou desfile da Vila.
Cristo fechou desfile da Vila.

Desde 2009, todos os títulos são da Vila Carvalho. E em 2013, pelo desequilíbrio evidente na avenida, mais um campeonato deve ser verde e rosa.

Este ano a Igrejinha decidiu não concorrer e sobrou para Deixa Falar, Unidos do Cruzeiro e Catedráticos do Samba enfrentarem a “poderosa”. A impressão é de que o orçamento é o dobro das demais escolas do Grupo Especial, pelo luxo presente em todas as alas, ao custo médio de R$ 300,00, cada fantasia.

Bororo, autor do samba e um dos puxadores da Vila, considera natural o desequilíbrio. “Ela vem de seguidas vitórias”. Mas volta a dizer o que todo mundo que faz carnaval em Campo Grande já sabe. “As empresas não acreditam nisso aqui. Daí fica só na conta do Poder Público. Se alguém da iniciativa privada investisse em uma das agremiações, ela desbancaria a Vila Carvalho. Sem dinheiro, as menores fazem o que conseguem.”

Com 600 integrantes, também quase duas vezes o número das outras agremiações, a escola escolheu um enredo nada inovador e pra lá de abrangente: “Brasil mostre a sua cara”.

Na comissão de frente, os“Guardiões dos Reflexos” e um personagem com a mala recheada de dinheiro eram a sugestão ao público para refletir sobre que seria apresentado na sequência. Em 12 alas, a escola falou de desigualdade social, patriotismo e o valor de coisas bem brasileiras, como a natureza e a religiosidade. Por fim, o mais alto carro alegórico do desfile trouxe a figura do Cristo Redentor.

Casal de mestre-sala e porta-bandeira da Deixa Falar.
Casal de mestre-sala e porta-bandeira da Deixa Falar.
A sereia no carro abre-alas da deixa falar.
A sereia no carro abre-alas da deixa falar.
São Jorge é destaque na Deixa Falar.
São Jorge é destaque na Deixa Falar.

Na concorrência - A Deixa Falar recorreu a todos os santos, com o enredo “Crenças e crendices, o mistério fé”, mas começou com atraso de mais de uma hora por problemas no transporte de integrantes.

Fez bonito ao abrir o desfile na avenida Alfredo Scaff com Maculelê e capoeira na comissão de frente, com o grupo Roda de Bamba. Trouxe a sereia e São Jorge no carro abre-alas, o Senhor do Bonfim na ala das baianas e sempre algum detalhe nas fantasias que demonstrava o cuidado na preparação.

A escola exibiu com clareza a proposta do enredo. De cristãos a ciganos, os 350 integrantes mostraram as heranças das religiões afro-brasileiras, o sincretismo, a fusão de doutrinas.

A agremiação saiu com 120 pessoas a menos que no ano passado, uma queda por conta do tempo de preparação. “Nós só acreditamos mesmo que haveria Carnaval em janeiro, quando o novo responsável pela Fundação de Cultura confirmou a estrutura necessária”, diz o presidente da Deixa Falar, Salvador Dodero.

Ao lado das baianas prontas para borrifar perfume na platéia, ele garante que mesmo assim, “a escola está organizada, colorida, animada para desfilar, independente do resultado. É o segundo ano e uma garra bem maior.”

Cavalos alados da Catedráticos do samba.
Cavalos alados da Catedráticos do samba.
Bateria azul e branco da escola.
Bateria azul e branco da escola.
Porta-bandeira da Catedráticos do Samba.
Porta-bandeira da Catedráticos do Samba.

A comissão de frente da Catedráticos do Samba também surpreendeu. Cavalos alados surgiram no mundo mágico de uma floresta encantada. Fantasias foram reaproveitadas do Carnaval de Corumbá, mas a escola garante que com modificações importantes.

Pequenos insetos, como as formigas operárias do conto “A Cigarra e a Formiga”, montaram de forma simples o enredo “De encanto e fascinação, o mundo mágico de uma floresta em festa”, novidade depois de anos homenageando personalidades sul-mato-grossenses e lugares como o Mercadão Municipal.

No carro abre-alas, um manequim, daqueles de loja, fazia as vezes de fada, coisas da simplicidade do nosso Carnaval. Mas logo o mestre sala na cadeira de rodas provou o quanto a comunidade pode ser grande na avenida.

O primeiro incidente da noite ocorreu com a Catedráticos. A roda de um dos 3 carros alegóricos quebrou e tumultuou um pouco a evolução, até ser retirado da avenida.

As baianas da Unidos do Cruzeiro.
As baianas da Unidos do Cruzeiro.
Casal de mestre-sala  e porta-bandeira com garrafas pet.
Casal de mestre-sala e porta-bandeira com garrafas pet.
Integrantes tiveram de levar carro alegórico "no braço"
Integrantes tiveram de levar carro alegórico "no braço"

A terceira a se apresentar foi a Unidos do Cruzeiro, com um desfile pesado, carregado de preto e vermelho. O enredo “Do lixo ao luxo, tenho fé porque até no lixão nascem flores” teve o grupo de teatro Prisma em uma interpretação alegórica da Santa Ceia na comissão de frente.

A ala infantil da escola trouxe o tema para Campo Grande fazendo uma homenagem ao menino Maycon, de 9 anos, que morreu soterrado no lixão no ano passado.

A agremiação também pretendia falar da importância da reciclagem. Mostrou, por exemplo, o artesanato feito com material reaproveitado. Mas em alguns momentos exagerou nas latinhas e plásticos na execução dos 3 carros alegóricos, deixando uma sensação de desordem. Os sacos de lixo pretos apareceram até nas saias das baianas.

Já na metade do desfile, um dos carros da escola também teve problemas na estrutura e foi levado no braço até a dispersão.

Vinícius Benites, de 17 anos, era rei da ala “Mundo reciclado é melhor”, mas perdeu a majestade para ajudar a Cruzeiro a empurrar a alegoria e terminar o desfile dentro do tempo. “É assim, tem de fazer de tudo. No meu caso, é o rei protegendo a escola, né”.

A apuração dos resultados do Carnaval de 2013 será nesta quarta-feira, na praça do Rádio Clube, a partir das 17 horas.

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