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Manicure superou traição e voltou a viver quando se jogou no muay thai

Jack ganhou das clientes o apelido de “rainha do muay thai”, diante da volta por cima que ela deu na vida

Thailla Torres | 18/11/2021 08:12
Jackelline com seu mestre de muay thai em Campo Grande. (Foto: Arquivo Pessoal)
Jackelline com seu mestre de muay thai em Campo Grande. (Foto: Arquivo Pessoal)

Salão de beleza é, sem dúvidas, uma terapia do riso e da emoção quando se é toda ouvidos para uma boa história. Nessa de perguntar o que tem de bom no bairro do profissional que atende no local, o Lado B encontrou o sorriso e a história da manicure Jackelinne Galhardo, de 28 anos.

De máscara, no primeiro momento, dificilmente você imagina que por trás do talento com as unhas, ela também se destaca na luta. Sim, Jackelinne ganhou título de Rainha do Muay Thai pelas próprias clientes ao provar que mulheres gordas também podem arrasar na arte marcial.

E a história que a fez chegar até a academia, ela conta sem pudores, como forma de mostrar à mulherada que paixão nenhuma nesse mundo merece tirar o lugar do amor próprio.

A manicure viu na modalidade um caminho para sair da depressão. (Foto: Arquivo Pessoal)
A manicure viu na modalidade um caminho para sair da depressão. (Foto: Arquivo Pessoal)

Nascida em Francisco Alves (PR), Jackelinne morou até os 11 anos no Paraguai. Aprendeu a cantar na igreja aos 5 e nunca quis abandonar a música. Nem quando chegou a Campo Grande e viveu momentos difíceis na vida ela imaginava que um dia fosse se ver em meio à depressão, mas um dia, a doença bateu à porta potencializada pela dor de perder seu casamento para uma infidelidade cruel do marido.

A traição arrasou com o coração de Jackelinne, que após quase 8 anos de união, viu a saúde emocional desmoronar. “Achava que eu tinha perdido meu chão, porque eu o tinha como a minha vida, a gente sempre acha que um amor é tudo, mas leva tempo para aprender que não”.

Mais do que tempo, Jackelinne viu ir para o ralo a autoestima, o sorriso e até a vontade de viver. “Cheguei ao ponto de querer morrer, vagava de noite com dor, chorando. Uma vez, lembro que amanheci na frente da casa dele chorando, sem o chamar, fiquei ali só chorando”.

A situação ficou ainda mais dramática quando ela passou a tomar uma dose cavalar de medicação para tentar sobreviver e evitar crises de ansiedade. “Eram três comprimidos por dia, especialmente para dormir, senão eu passava a noite acordada”.

Quando toda dor parecia não ter fim, Jackelinne foi surpreendida pela insistência de uma vizinha amiga. “Minha vizinha ficou sabendo da minha situação e resolveu me apresentar pro irmão dela, que é mestre de muay thai. Cheguei lá dopada. Fiz a primeira aula praticamente obrigada. Mas logo no primeiro dia, consegui colocar toda minha dor para fora. Foi uma mistura de choro com porrada e desabafo. Ao final da aula, parece que eu tinha me encontrado”.

Mas, naquele dia, outra questão impactou Jackelinne. Ela conta que vida toda foi gorda e muito bem resolvida com o próprio corpo, mas encarar uma atividade que envolvia luta era algo que ela não imaginava possível, diante do preconceito existente. “Há quem pense que não posso porque sou gordinha, mas o peso não interfere, desde que a prática seja realizada com profissionais que sejam qualificados e sabem trabalhar com diferentes características dos alunos”, conta a manicure.

Ao se dar conta que poderia tranquilamente praticar a modalidade, Jackelinne decidiu dar a volta por cima. “Dali em diante, o muay thai se tornou a minha paixão, não vou negar”.

Em um ano, ela eliminou 37 quilos. Depois disso, ela admite que parou por um tempo por causa de um novo namoro, mas após dar adeus ao relacionamento que não a deixava 100%, ela retornou com a atividade física e voltou a ser feliz. “Hoje, eu falo que para ficar comigo tem que entender que o muay thai me faz bem e eu não vou abandoná-lo”.

Mais do que praticar, Jackeline virou uma defensora da atividade e já levou muita mulher para a academia. “Todo mundo é capaz de fazer, basta encontrar um local ideal e se atentar ao profissional, é de extrema importância que o mestre ou professor tenha o real conhecimento sobre muay thai”, sugere.

Divertida e falante, quem encontra Jackeline hoje no salão de beleza, nem imagina a dor vivida nos últimos anos após uma desilusão amorosa. “Consegui perdoar, seguir a minha vida e eliminar os comprimidos. Hoje, eu não tomo remédio”, comemora.

Hoje, clientes a chamam até de "rainha do muay thai".
Hoje, clientes a chamam até de "rainha do muay thai".

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