Pecuária brasileira vive trimestre de recordes e acelera rumo a novos mercados
Expansão nos abates, avanço tecnológico e mercado externo aquecido sustentam o melhor resultado do ano

O 3º trimestre de 2025 marcou um dos momentos mais expressivos da pecuária brasileira. Impulsionado por demanda crescente, custos menores e ambiente sanitário favorável, o setor registrou recordes simultâneos no abate de bovinos, suínos e frangos, além de novos marcos na aquisição de leite e produção de ovos.
RESUMO
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Os dados, divulgados pelo IBGE, revelam não apenas aumento de volume, mas uma reconfiguração da dinâmica produtiva, com ganhos de eficiência e maior presença no mercado internacional.
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Bovinos: força no mercado global e custos menores impulsionam maior abate da história
O abate de bovinos chegou a 11,28 milhões de cabeças, crescimento de:
7,4% frente ao 3º tri de 2024
7,1% em relação ao 2º tri de 2025
A produção de carcaças somou 2,97 milhões de toneladas, refletindo:
+6,5% no ano
+11,2% no trimestre
Além do avanço interno, o grande destaque está no recorde das exportações de carne bovina, mesmo diante da aplicação de tarifas pelos Estados Unidos, que até o trimestre anterior era o segundo principal destino da carne brasileira, atrás apenas da China.
Segundo Angela Lordão, gerente de Pecuária, o setor é beneficiado por um cenário raro:
✔ safra abundante de grãos reduzindo custos de alimentação,
✔ demanda doméstica firme,
✔ clientes internacionais diversificando compras.
O resultado é um ciclo econômico positivo que sustenta a expansão.
Suínos: exportações inéditas e consumo interno em alta
O abate de suínos alcançou 15,81 milhões de cabeças, com avanços de:
5,3% em 12 meses
4,8% frente ao trimestre anterior
O peso das carcaças (1,49 milhão de toneladas) também cresceu fortemente.
O setor protagoniza uma das expansões mais consistentes da pecuária, impulsionado por exportações que atingiram:
recorde de volume,
recorde de faturamento,
com as Filipinas assumindo a liderança entre os destinos.
No mercado interno, cortes mais baratos e práticos ajudam a ampliar o consumo, fortalecendo a demanda em duas frentes: externa e doméstica.
Frangos: sanidade garantida e produção em recuperação acelerada
Os abates de frangos somaram 1,69 bilhão de cabeças, novo recorde trimestral da série, com:
+2,9% em relação ao 3º tri de 2024
+3,0% frente ao 2º tri de 2025
O setor recuperou rapidamente o status de “livre de influenza aviária”, condição essencial para os mercados internacionais, especialmente os mais exigentes.
O peso das carcaças atingiu 3,60 milhões de toneladas, mostrando que o crescimento não se limita ao volume, mas também ao rendimento.
Leite: maior aquisição da série histórica, mas preços pressionados
A aquisição de leite cru somou 7,01 bilhões de litros, o maior valor já registrado, representando:
+10,2% no ano
+7,9% no trimestre
A forte produção foi influenciada por:
margens mais favoráveis, que estimularam investimentos,
condições climáticas positivas,
e incremento tecnológico no campo.
Porém, o excesso de oferta — somado a importações elevadas — derrubou o preço médio pago ao produtor, que caiu para R$ 2,57 por litro, uma redução de:
–8,2% em relação ao 3º tri de 2024
–6,6% frente ao 2º tri de 2025
O setor vive, portanto, um paradoxo: produção recorde, porém rentabilidade pressionada.
Couro: movimento alinhado ao avanço do abate bovino
Os curtumes receberam 11,42 milhões de peças inteiras de couro cru bovino, crescimento de:
8,2% em um ano
6,2% no trimestre
O resultado acompanha diretamente o aumento expressivo do abate bovino, mostrando forte integração entre os elos da cadeia produtiva.
Ovos: segundo maior volume já registrado, apesar da queda trimestral
A produção de ovos atingiu 1,24 bilhão de dúzias, com:
+2,6% em relação ao ano anterior
–0,5% frente ao trimestre anterior
Mesmo com o leve recuo, o setor conquistou o segundo melhor resultado da série histórica, mantendo a tendência de longo prazo de crescimento sustentado pelo aumento do consumo e pela competitividade do produto.

