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Meio Ambiente

Para fugir das queimadas urbanas, animais invadem casas e comércios

Em época de estiagem, o chamado "fogo no mato" provoca estragos também para os bichos que vivem perto das cidades

Anahi Gurgel | 23/07/2018 16:24
Antas sendo tratada por veterinários. Animal foi resgatado com diversas queimaduras pela PMA no dia 16. (Foto: Divulgação/PMA)
Antas sendo tratada por veterinários. Animal foi resgatado com diversas queimaduras pela PMA no dia 16. (Foto: Divulgação/PMA)

Corta o coração observar uma área de vegetação logo após ser completamente devastada por um incêndio. Tem a forte fumaça, fuligem, plantas destruídas mas, o que chama atenção, são pássaros sobrevoando as cinzas na tentativa desesperada de encontrar seus filhotes. A cena é comum quando ocorrem queimadas também em terrenos baldios urbanos: pode ser em menor proporção à rural, mas as consequências são incalculáveis.

O primeiro impacto, de imediato, são os animais se refugiarem para dentro das casas, das lojas, locais mais próximos para se abrigar.

“Isso é muito comum em Campo Grande, pois é uma cidade muito arborizada, com extensas áreas verdes. Há registro de queimadas à beira de córregos, nascentes, em APPs [Áreas de Proteção Ambiental]. Repovoar leva muito tempo”, disse André Luiz Siqueira, diretor-presidente da ONG Ecoa – Ecologia e Ação.

Cutia foi resgatada após incêndio em Coxim, no dia 19, mas não resistiu. (Foto: Divulgação/PMA)
Cutia foi resgatada após incêndio em Coxim, no dia 19, mas não resistiu. (Foto: Divulgação/PMA)

Ele explica que poucas são as espécies que conseguem sair ilesas de um incêndio. “Não é só o fogo, mas a própria fumaça prejudica. Tamanduás, preás, cotias, répteis, anfíbios e muitos insetos saem desesperados, invadem imóveis. Pássaros têm mais facilidade mas, se ainda são filhotes, as chances diminuem”, conta.

No último dia 18, no período da manhã, grande incêndio destruiu uma área localizada no Bairro Chácara Cachoeira, em Campo Grande. Horas depois, eram diversas as espécies de aves procurando seus ninhos, já completamente destruídos. Uma cutia bastante queimada chegou a invadir o hospital Proncor, que fica ao lado, mas os militares não conseguiram resgatar o animal.

A PMA (Polícia Militar Ambiental) consegue recuperar poucos animais. “Muitos morrem ou se afugentam longe do fogo e, muito possivelmente, morrem depois”, acredita o tenente-coronel Edmilson Queiroz.

No dia 16, a corporação resgatou uma anta, no município de Coxim, com queimaduras nas patas e na paleta, que continua em tratamento no Cras (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres).

No dia 19, foi um cutia encontrada, também em Coxim, com ferimentos graves nas patas e no abdômen. Infelizmente, não resistiu. 

Pássaro foi registrado em cerca do Chácara Cachoeira, após queimada, no dia 18. (Foto: ernando Antunes)
Pássaro foi registrado em cerca do Chácara Cachoeira, após queimada, no dia 18. (Foto: ernando Antunes)

Mais campanhas - André Siqueira defende a adoção em áreas urbanas, das mesmas estratégias de combate ao fogo adotadas em áreas rurais.

“Precisa ser mais intenso o trabalho de prevenção a queimadas também na cidade, brigadas comunitárias, campanhas de conscientização mais abrangentes, nas escolas. Hoje temos grandes vazios urbanos e os incêndios causam enormes impactos socioeconômicos e ambientais, interferindo na harmonia da biodiversidade e na saúde humana”, enumera.

O pior de tudo é que, de acordo com o Corpo de Bombeiros, grande parte das queimadas ocorre propositalmente. Um verdadeiro desrespeito e falta de conhecimento.

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