ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MARÇO, SEXTA  29    CAMPO GRANDE 27º

Meio Ambiente

Projeto libera captação de água em rios de Bonito para consumo e vira polêmica

Rios Formoso, Formosinho, Miranda e Anhumas ficaram ameaçados, reclamam opositores da iniciativa

Nyelder Rodrigues | 24/05/2021 16:42
Câmara de Vereadores de Bonito, onde tramita o projeto; porém, líder do prefeito acredita que ação não vai para frente (Foto: Divulgação)
Câmara de Vereadores de Bonito, onde tramita o projeto; porém, líder do prefeito acredita que ação não vai para frente (Foto: Divulgação)

Cidade turística a 296 km de Campo Grande, Bonito discute atualmente polêmico projeto proposto pelo vereador Irson Casanova, o Casanova do Chapéu (DEM), e que prevê a captação de água de quatro importantes rios do município para o consumo da população. O problema, alegam os opositores, é a falta de critérios.

Criticado por causa de possíveis impactos ambientais que podem até ser irreversíveis, segundo apontam moradores, ambientalistas e demais pessoas interessadas diretamente na preservação do ambiente em Bonito, o projeto está em fase inicial.

"Fica liberada e permitida a captação de água dos rios Anhumas, Formoso, Formosinho e Miranda", consta no primeiro artigo do projeto, que determina ainda ser de responsabilidade da empresa concessionária de saneamento - no caso a Sanesul - a execução do projeto e distribuição para a população".

O problema, reclama parte da própria população, é que a tida falta de critério do projeto para essa captação permite inclusive a criação de açudes e outros itens na região rural, usando as águas desses rios e atrapalhando a preservação dos mesmos.

"Não acredito que vá passar. Eu continuo ligado a empresa do setor de turismo em Bonito e particularmente sou contra. Creio que os demais vereadores também. Dependemos desses rios. É 99,9% que vai ser derrubado", explica o vereador André Luiz Xavier (PSB), que é líder do prefeito na Câmara Municipal.

Ainda segundo explica André, é necessário ao menos laudos do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) para que o projeta possa caminhar. "Mas não tem laudo, não chegou nada disso aqui para a gente", frisa.

Água que vai ao mar - Já o autor da proposta, Casanova, fala que foi mal interpretado pelos opositores da ideia, dizendo que a intenção é apenas solucionar o problema de desabastecimento de água que há anos atinge Bonito.

Balneário Municipal, um dos principais atrativos turísticos de Bonito, é formado pela água do rio Formoso (Foto: Divulgação)
Balneário Municipal, um dos principais atrativos turísticos de Bonito, é formado pela água do rio Formoso (Foto: Divulgação)

"Na verdade isso [o projeto] não prejudica em nada e são apenas meia dúzia jogando pedras. A população de Bonito já sofreu muito sem água, várias vezes. Retirar essa água do rio não muda nada. Se não tira agora vai tudo para o mar", argumenta.

Casanova ainda diz que real efeito no meio ambiente bonitense tem a captação de água do lençol freático, com poços artesianos e similares. "Sou vereador no terceiro mandato já, tenho um histórico. E outra, antes de executar são feitos os projetos de impacto ambiental. Não há risco", garante.

Sobre a hipótese mais provável de recusa do projeto na Câmara de Bonito, o vereador frisa que gosta de desafios, e acredita estar fazendo a parte dele agora para solucionar o desabastecimento. "Se os outros acharem o contrário, não posso fazer nada. Cada um é responsável pelos erros que cometer agora", conclui.

Decreto - O prefeito de Bonito, Josmail Rodrigues (PSB), revogou em abril decreto municipal que declara área de interesse social as margens do rio Formoso, da nascente até a foz no rio Miranda, e provocou reação imediata de conselho e ambientalistas sobre o impacto ambiental ao deixar o rio desprotegido.

O decreto 38, de 7 de março de 2018, proibia a "retirada de água em escala mecânica ou por gravidade, bem como desvio para qualquer fim de utilização, inclusive para abastecimento urbano, bem como a formação de lagos artificiais".

Logo em seguida, houve reação de grupos de conservação, entre eles o Unidos pela Serra da Bodoquena. "A revogação permitirá uma degradação de um dos principais rios cênicos da Serra da Bodoquena. Inclusive, a facilitação da captação de água para fins de abastecimento de água para a população bonitense", diz trecho.

Além da sociedade civil, o Conselho Estadual de Recursos Hídricos aprovou moção encaminhada ao prefeito apontando preocupação e solicitando revisão na decisão tomada "levando em conta que os recursos hídricos são os principais elementos de potencialidade e atração turística do município".

Nos siga no Google Notícias