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Política

Após “vergonha de ser vereador”, Salineiro ouve sermão de João Rocha

Presidente da Câmara Municipal discursou por aproximadamente 40 minutos no plenário da Casa

Jones Mário e Fernanda Palheta | 24/09/2019 12:02
João Rocha (PSDB) criticou fala e atitude do colega de Câmara e de partido, André Salineiro, durante sessão desta terça (Foto: Fernanda Palheta)
João Rocha (PSDB) criticou fala e atitude do colega de Câmara e de partido, André Salineiro, durante sessão desta terça (Foto: Fernanda Palheta)

O presidente da Câmara Municipal de Campo Grande, João Rocha (PSDB), usou seu tempo e o de mais quatro parlamentares para discursar durante a sessão desta terça-feira (24). O tucano “passou sermão” no colega de Casa e de partido, André Salineiro, que disse ter vergonha de ser vereador na última quinta (19), após ter projetos arquivados.

Rocha raramente usa a tribuna do plenário e foi ouvido atentamente pelos parlamentares, que, ao contrário do habitual, permaneceram sentados e em silêncio durante todo o discurso.

Nos primeiros sete minutos, tempo estipulado para cada vereador, João Rocha refletiu sobre o exercício da função e processo de escolha dos representantes em uma eleição, que classificou como “festa democrática”. O presidente destacou parlamentares que “passaram e honraram” a Casa.

A manifestação ganhou tom mais crítico. “Nossa trincheira é a tribuna e precisamos ter responsabilidade, aprender com os mais maduros. Em quase dez anos de mandato vi muitas coisas, certas e erradas, mas jamais perdi o respeito do coletivo. Essa Casa é uma Casa em que prevalece a maioria”, destacou.

Vereadores acompanharam sentados e em silêncio discurso de João Rocha (Foto: Fernanda Palheta)
Vereadores acompanharam sentados e em silêncio discurso de João Rocha (Foto: Fernanda Palheta)

O próximo inscrito para usar a tribuna, vereador Cazuza (PP), cedeu seu sete minutos para Rocha, que emendou: “Ninguém caiu nesse lugar. Fomos escolhidos e a população depositou confiança na gente. Não podemos ter vergonha! Estamos aqui para exercer o mandato”.

João Rocha reforçou que vereadores não devem confundir suas profissões com o ofício de parlamentar. “Aqui não somos professores, engenheiros ou policiais. Somos vereadores. Não podemos nos vestir vereador e querer atuar como em nossas profissões aqui na Casa”. Salineiro é policial federal.

Na última quinta, André Salineiro chegou a rasgar projeto na tribuna da Câmara, em protesto contra a manutenção dos pareceres da CCJR (Comissão Permanente de Legislação, Justiça e Redação Final) pela inconstitucionalidade das matérias arquivadas. Nesta terça, Rocha aproveitou para rebater a atitude.

“Eu jamais rasgaria um projeto. Esse projeto, sendo acatado ou não, foi fruto de trabalho. Ao rasgar o projeto você desrespeita a Casa. Me machuca muito ver um projeto rasgado nesse plenário. Essa atitude me agride”, opinou.

O presidente da Câmara também rechaçou o uso das redes sociais por Salineiro para, segundo ele, “pressionar a Casa”. “Se escondeu atrás de câmeras e vídeos de celular. O vereador foi pelo caminho errado. Este é meu entendimento”.

William Maksoud (PMN), Odilon de Oliveira (PDT) e Eduardo Cury (sem partido) também passaram suas inscrições para utilizar a tribuna para João Rocha. A revolta de Salineiro seguiu como assunto das falas dos demais parlamentares que sucederam o presidente da Câmara. O debate continuou por uma hora.

André Salineiro tentou se inscrever para discursar, mas já não havia vaga. O vereador Jeremias Flores (Avante) cederia seu tempo ao policial federal, porém, passou mesmo para João Rocha, que completou. “Esse debate é importante para aprendermos a lidar com as frustrações. No judô, a primeira coisa que se aprende é a cair. Depois se aprende a derrubar”.

Salineiro permaneceu atento ao discurso do presidente da Casa durante todo o tempo, sentado em sua cadeira.

Projetos arquivados – Na última quinta, os vereadores mantiveram parecer pela inconstitucionalidade de projetos de André Salineiro que tratavam sobre critérios anticorrupção nas licitações públicas em Campo Grande; sobre a concessão de prêmio à pessoa que comunicar às autoridades a prática de crime contra a administração municipal; e que autorizava o Executivo a instituir o programa de incentivo às microcervejarias artesanais, brewpubs e cervejeiros caseiros em Campo Grande.

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