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Interior

Médica indiciada por morte de estudante era ríspida com pacientes, diz delegado

Viviane Oliveira | 04/06/2012 17:55
Delegado disse que vai encaminhar uma cópia do inquérito para o CRM (Conselho Regional de Medicina). (Foto: Rodrigo Paniazo)
Delegado disse que vai encaminhar uma cópia do inquérito para o CRM (Conselho Regional de Medicina). (Foto: Rodrigo Paniazo)

A médica infectologista Caroline Franciscato, de 31 anos, denunciada pelo erro médico que causou a morte de uma universitária de 19 anos, no hospital João Darci Bigaton, em Bonito, cidade distante 257 quilômetros de Campo Grande, era ríspida com pacientes e não aceitava questionamentos por parte deles.

A informação foi na tarde de hoje (24) durante coletiva de imprensa na DGPC (Diretoria Geral da Polícia Civil). De acordo com o delegado responsável pela investigação Roberto Gurgel, durante oitiva os pacientes relataram o comportamento da médica. Alguns pacientes disseram que deixaram de ir ao hospital por causa dela, que era plantonista desde 2010.

A profissional aplicou dipirona na paciente mesmo constando no prontuário de Letícia Gottardi Correa que era alérgica ao medicamento. Segundo o delegado, Letícia passou por quatro atendimentos no hospital. Primeiro e último foi atendida pelo médico plantonista Iber Gomes Sá Netto e terceiro e quarto pela médica Caroline.

“A paciente acompanhada pelo sogro, Sami de Souza Mustafá, deu entrada na sexta-feira à noite – no dia 6 de abril, com dores abdominais e foi atendida pelo doutor Iber que constatou que era alérgica a dipirona. Ele receitou outros medicamentos e anotou atrás do prontuário alertando sobre a alergia”, disse o delegado.

Letícia foi encaminhada a sala de emergência suspeita de apendicite. Foram solicitados pelo médico vários exames. No sábado de manhã a menina retornou, novamente com o sogro, ainda reclamando de dores – como já havia ocorrido à troca de plantão foi atendida e medicada pela doutora Caroline.

Delegado mostra prontuário, onde está escrito que a paciente era alérgica ao medicamento.
Delegado mostra prontuário, onde está escrito que a paciente era alérgica ao medicamento.

Para a Polícia, o sogro afirma que avisou a médica que Letícia era alérgica a dipirona, no entanto a paciente recebeu o medicamento e foi liberada. “No hospital é praxe o paciente aguardar 30 minutos no hospital após receber a medicação”, pontua Roberto.

Quatro horas depois, Letícia retorna com o noivo, Kalil Mirandola Mustafá, reclamando que as dores estavam mais intensas. Novamente é atendida pela médica que repete a dose de dipirona e de dorflex – medicamento que contém dipirona. “O atendimento durou de 9 a 12 minutos. Como que uma médica ignora uma paciente que está reclamando de dores desde as 17h do dia anterior”, questiona.

Na última ida ao hospital, no mesmo dia, Letícia volta a ser atendida pelo médico Iber, já passando muito mal, ele pede um raio-x e constata que a paciente está com água no pulmão.

Ao ver que ela foi medicada com dipirona, o médico foi categórico em afirmar que escreveu no prontuário que Letícia era alérgica ao medicamento. “O resultado da perícia comprova que a acadêmica morreu de choque anafilático – reação extremamente aguda, o estágio mais grave das reações alérgicas, explica o delegado”.

O laudo afirma que a estudante morreu porque ingeriu dipirona. A médica foi indiciada na última sexta-feira (1º) por homicídio doloso, por dolo eventual, quando a pessoa assume o risco de matar. O Hospital João Darci Bigaton, informou que rescindiu o contrato com a médica desde o mês passado. Ela vai responder o inquérito em liberdade.

Em depoimento, a médica afirma que não sabia que a paciente era alérgica. “Ela alega que não viu no prontuário”, conta, acrescentando que as idas da paciente ao hospital foram registradas pelas câmeras de segurança do hospital.

“Mais de 14 horas de imagens nos auxiliaram e deixaram claras às informações que não batia com depoimento da médica”, finaliza.

Caso - Letícia Gottardi Côrrea morreu no dia 7 de abril, após quatro idas ao hospital. No prontuário da paciente constava que a jovem era alérgica à dipirona.

No entanto, os documentos também comprovam que Letícia recebeu, a mando da médica, duas injeções com o medicamento. O resultado preliminar da causa da morte foi choque anafilático.

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