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Comportamento

"Mãe sempre sabe. Não adianta esconder". Foi o que ela disse quando eu me assumi

Elverson Cardozo | 07/04/2015 07:11
"Tenho o maior orgulho de ser a pessoa que me tornei". (Foto: Alcides Neto)
"Tenho o maior orgulho de ser a pessoa que me tornei". (Foto: Alcides Neto)

Na sexta matéria da série "Saindo do Armário", o bacharel em Ciência da Computação Eraldo Ribeiro de Souza Junior, 21, é quem dá a cara tapa e conta como foi se assumir gays aos 18 anos. Ele bem que pensou em fazer isso antes, mas ficou com medo dos julgamentos e de ser desprezado pela própria família. No final das contas, tudo deu certo. A maioria o apoiou, mas alguns, como era esperado, deixaram para trás anos de amizade. Eraldo não ficou se lamentando. Tocou a vida e está feliz. É isso o que importa.

“Mãe sempre sabe. Não adianta esconder”

Não é fácil para ninguém enfrentar essa situação. Se assumir, bater no peito e falar “eu sou gay” requer muita coragem e força para enfrentar todo o preconceito de uma sociedade hipócrita. Eu demorei para “sair do armário”.

Quando contei para minha mãe já estava com 18 anos e no meu primeiro relacionamento gay. “Mãe sempre sabe. Não adianta esconder”. Foi o que ela disse quando eu me assumi. Também ouvi ela falar que o amor que sentia por mim seria o mesmo e que não iria deixar ninguém fazer piadinha a meu respeito na frente dela.

Não tive a mesma conversa com meu pai. Na época, ele já não morava em casa. Nós nunca tivemos um bom relacionamento mesmo. Mas ele conheceu meu parceiro e nunca tocou no assunto.

Minha família inteira sabe da minha orientação sexual. Boa parte dos meus parentes sentem orgulho da minha coragem de ter enfrentado e calado a boca de muita gente. Alguns não aceitam e eu respeito. Ninguém é obrigado a aceitar. Só quero que me respeitem.

Pensei em contar que era gay antes, mas não fiz isso por medo de ser julgado pelas pessoas que sempre estavam ao meu redor. Tinha medo de como eles iriam “digerir” essa informação. Mas, no final das contas, foi tranquilo. Muitos se distanciaram. Amigos de infância se afastaram de mim. Era o que previa. Os verdadeiros ficaram e estão até hoje ao meu lado.

Tirei um peso enorme das costas depois que saí do armário e isso me deixou aliviado. Hoje, com certeza, sou mais feliz e tenho amor próprio. Não saio falando da minha orientação sexual para todo mundo. Fico na minha, mas também não nego quando me perguntam.

Tenho o maior orgulho de ser a pessoa que me tornei. Me acho seguro e sensato. Muita coisa mudou na minha vida depois disso e posso garantir que foi para melhor. Conheci pessoas que me mostraram que gostar alguém do mesmo sexo não é errado.

Também percebi que, apesar do preconceito, ainda existem aqueles que estão do nosso lado. Sou o maior orgulho dos meus irmãos. Tenho o apoio deles, da minha supermãe e dos meus amigos. É isso o que importa. O resto é resto.

Orientação sexual não é uma escolha. Acredito que a gente nasce assim. Quem é que escolhe viver sendo olhado de lado? Quem é que escolhe sofrer preconceito?

Envie seu relato - Se identificou com a história da Eraldo? Tem alguma para contar? Compartilhe com a gente! Mande um e-mail para ladob@news.com.br

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