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A magia do chamamé de Mato Grosso do Sul

Por Gilson Cavalcanti Ricci (*) | 28/01/2015 13:20

O chamamé nasceu em Corrientes, Argentina, em pleno fulgor da Bela Época. Chegou ao sul do antigo Mato Grosso na primeira metade do século XX, trazido pelos imigrantes correntinos e paraguaios que aqui chegavam atraídos por trabalho nas atividades agropecuárias. Logo conquistou o agrado do povo, quando os sanfoneiros vibravam a sanfona nas churrascadas e festas populares. Em Campo Grande, não tardou a se formarem conjuntos típicos e, com a chegada do rádio na cidade, intensificou-se a difusão desse hino à vida, que é o chamamé. Não tardou que entusiastas formassem grupos de intérpretes em várias cidades sul-mato-grossense, mormente em Campo Grande, onde a paixão pelo chamamé vibrava na alma do povo. Tanto, que nas décadas de trinta e quarenta, nos domingos, os chamamezeiros se reuniam na pracinha do Portão de Ferro, no Bairro Amambaí, para tocar chamamé perante a numerosa plateia que se juntava no local logo após a corrida de cavalos na raia da Reta de Ponta Porã, hoje Avenida Bandeirantes.

Atualmente, o chamamé arraigou-se no seio da população do MS, a ponto de competir em pé de igualdade com o chamamé de Corrientes, isto dito pelos próprios correntinos que nos visitam com frequência. Prova disto é o grande sucesso dos nossos músicos nos festivais de chamamé de Corrientes e cidades limítrofes. Recentemente, estive em Puerto Tirol, na província do Chaco, onde foi realizado o 11º Festival del Chamame. Saímos de Campo Grande em excursão promovida por Taveira Júnior, cujo percurso foi feito com muita alegria em excelente ônibus fretado. A única ocorrência negativa foi perpetrada por agentes alfandegários argentinos, que demonstraram incapacidade profissional – ou aversão aos brasileiros -, ao reterem nosso ônibus na aduana durante mais de seis horas consecutivas, sem causa aparente.

O festival em si foi uma apoteose, destacando-se a boa organização do evento, e a excelente educação do público. Nossos intérpretes alcançaram grande sucesso em suas apresentações. Na segunda noite, Davi Júnior, de Campo Grande, levantou o público ao executar no bandoneom chamamés atuais e tradicionais. Na terceira noite, Dom Ramon, de Rio Brilhante, mostrou ao público a magia do chamamé de Mato Grosso do Sul, tocando magistralmente ao acordeão Mi Ranchito, cantando seus versos em português; também, tocou e cantou o rasqueado “Prazer de Fazendeiro”, fazendo o público vibrar ao compasso da estrofe “lenço branco no pescoço, trinta e oito niquelado”. Roaldo, filho de D. Ramon, e Rodrigão, também ao acordeão, coadjuvaram eficazmente com o brilho da magistral apresentação de Don Ramon. Realmente, as apresentações dos nossos artistas nos causaram forte emoção, e sobretudo orgulho, por elevarem bem alto o nome do Brasil e de Mato Grosso do Sul na pátria do chamamé.

Nessa mesma noite, apresentou-se a célebre cantora correntina Gicela Mendez, visivelmente entusiasmada pela apresentação de gala dos nossos intérpretes. Homenageou o Mato Grosso do Sul, cantando em português tradicionais rasqueados do antigo Mato Grosso. Finalmente, observamos o apreço dos argentinos em adotar o nome da rua onde está instalado o Parque Festival Del Chamamne: Calle Campo Grande - uma bela homenagem que muito nos lisonjeia!

(*) Gilson Cavalcanti Ricci, advogado

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