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Aprendizagem pelo inconsciente

Benedicto Ismael Camargo Dutra (*) | 08/05/2013 11:37

Quando vamos ao cinema é para nos distrairmos ou aprender algo novo. Dependendo do tema abordado, vê-se na tela um emaranhado de situações que através de associações mentais tanto podem ser perturbadoras, como agradáveis e estimulantes. Tais visões despertam a igual espécie adormecida no subconsciente do espectador. Quando são positivas, incentivam a coragem e esperança. As cores, os sons, as atitudes, a entonação das vozes, penetram fundo, encontram a porta aberta, atravessam a barreira do raciocínio, e se alojam no eu mais íntimo como se fossem coisas reais.

Há ainda o fator surpresa; de repente surgem cenas grotescas que velozmente adentram sem que haja tempo para reflexão. Como grande parte da população vai se deixando robotizar devido à sua indolência espiritual, agindo como máquina insensível que não quer saber de nada mais além da satisfação de suas necessidades e desejos, os impactos utilizados pelos criadores das tramas tornam-se cada vez mais fortes e chocantes.

Lamentavelmente, formas negativas fazem parte da maioria dos filmes da atualidade. O espectador sai do cinema levando uma carga pesada que afeta o seu bom humor, pois pagou sem saber exatamente o que estava comprando. Algumas pessoas não se incomodam com isso e abandonam a sala de exibição.

A moda, nesta temporada, são filmes de guerra apresentando lutas tão ferozes que nos envergonham como espécie humana. Num desses filmes - que nem me lembro se foi Invasão da Casa Branca, por sinal carregado de ódio e violência desumana, ou um outro - o herói faz uma bomba suja com tudo quanto é metal que encontrou para explodir na cara dos bandidos. Muito triste que algo semelhante tenha sido detonado recentemente na maratona de Boston (EUA), quando a população se confraternizava num momento de paz e alegria. Positivamente os humanos não estão cumprindo a sua tarefa na Criação; falta-lhes vontade e preparo para a vida.

O Brasil e o mundo necessitam de bons roteiristas que apresentem histórias empolgantes de encorajamento, perseverança e fé na melhora da espécie humana. Temos sido submetidos a uma enxurrada de filmes nacionais e estrangeiros que não acrescentam nada, não motivam a coisa alguma, mas suas imagens aceleradas com um som infernal estouram os alto-falantes, criando um mal estar nos espectadores pelo baixo nível do conteúdo apresentado e pelo tempo desperdiçado no cinema, que poderia ter sido aproveitado para a leitura de um bom livro.

Como bem resume o escritor peruano Mario Vargas Llosa, que esteve recentemente em São Paulo para proferir a palestra Civilização do Espetáculo, na abertura do Fronteiras do Pensamento, falando sobre a decadência cultural: “a mesma cultura que nos tirou das grutas e nos levou às estrelas pode, desprovida de fogo, de vigor, nos fazer retroceder às cavernas”. Os cineastas que se cuidem, pois as salas com mais poltronas poderão se esvaziar.

(*) Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, e associado ao Rotary Club São Paulo. Realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida.

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