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As Torres Gêmeas e os jovens, por Luiz Gonzaga Bertelli

Por Luiz Gonzaga Bertelli (*) | 22/09/2011 06:03

Há dez anos, a economia brasileira não tinha saído da primeira marcha e estava longe de crescer o necessário para desinflar os índices de desemprego. Há dez anos, dois aviões foram lançados contra as Torres Gêmeas do World Trade Center, uma tragédia que continua ecoando em todo o mundo e que muitos analistas consideram o início da fase negra da economia norte-americana.

Na época, os Estados Unidos intensificaram a guerra contra o terrorismo, uma decisão que consumiu mais de um trilhão de dólares. Anos depois, com a explosão da bolha do mercado imobiliário, mergulharam numa curva descendente que parece ainda longe do fim – há cerca de um mês, a classificação de risco dos Estados Unidos foi rebaixada, numa decisão inédita da agência Standard & Poors. E mais um agravante: pelo peso dos Estados Unidos somado à crise europeia, a economia mundial em crescente globalização também entrou em alerta.

É bem verdade que o Brasil amadureceu nos últimos 15 anos e conseguiu driblar várias crises. Como drible não é sinônimo de imunidade, a presidente Dilma acertadamente descartou o otimismo irrefreável do antecessor e olha com cautela a turbulência que está se formando no cenário internacional.

Mas, apesar da alegada blindagem da economia, o Brasil continua vulnerável, pois não conseguiu sanar problemas históricos, como a precariedade da infraestrutura, a falta de qualidade da educação e a deficiente preparação da mão de obra, três dos grandes gargalos do desenvolvimento.

Tal fato pesa especialmente para os jovens prejudicados pela dissociação entre o ensino escolar e as exigências do mundo do trabalho, o que resulta na alta taxa de desocupação na faixa dos 14 aos 24 anos. Diante desse quadro, a prática do estágio ganha relevância como fator de inclusão social por duas sólidas razões.

Primeiro, gera uma renda que complementa o orçamento familiar e permite a milhares de filhos de famílias de menor poder aquisitivo concluam seus estudos até a graduação. Segundo, tendo como suporte cursos gratuitos de desenvolvimento pessoal e profissional, o estágio é o grande diferencial para vencer o desafio de ingressar – e permanecer – no mercado de trabalho.

Nunca é demais lembrar que, segundo pesquisa do instituto TNS InterScience, em cada 100 estagiários, 64 são efetivados. Nesse sentido, há muito para comemorar, pois de acordo com números atualizados do CIEE cerca de 500 mil jovens estão inseridos em programas de treinamento de empresas e órgãos públicos parceiros da organização em todo o país.

Em resumo, com o estágio, ganha o jovem que é mais bem preparado para o trabalho; ganham as empresas que formam novos talentos; e, mais que todos, ganha o Brasil que passa a contar com capital humano de melhor qualidade e mais apto a dar sustentação ao desenvolvimento nacional.

(*) Luiz Gonzaga Bertelli é presidente executivo do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), da Academia Paulista de História (APH) e diretor da Fiesp.

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