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Compreendendo a promoção dos conflitos e do ódio

Por Valfrido Medeiros Chaves (*) | 31/03/2015 14:15

Não é preciso ser historiador ou cientista político para lembrarmos como a violência, o medo e o terror têm sido instrumentos do poder e da dominação, tanto no mundo antigo quanto moderno. Da mesma forma se sabe que a religião sempre foi um dos pilares da dominação e até do terror: o festim canibalístico Tupinambá, o sacrifício cruel de jovens entre Maias e Astecas, o fogo purificador que imolou milhares de“hereges” e “bruxas” na Idade Média, são manifestações do entrelaçamento da fé ou pensamento mágico com a prática do poder nas sociedades. É longo o trajeto histórico, passando por Atenas, Roma, Paris, Inglaterra, pioneiros americanos,através do qual se desenvolveu um conceito de democracia e civilização onde,dentro da lei, o cidadão comum pesaria tanto quanto o Bispo, o General, o Rei,ou Presidente.

É ainda do conhecimento comum que a civilização associada à noção de democracia e da lei que a todos sujeita,sofreu um grande baque no século passado, com o surgimento dos regimes totalitário-onipotentes nazi-fascista e o marxista-leninista, comumente conhecido como comunista. Onipotentes, porque a tudo se permitem sobre o destino humano. Totalitários, pois baseiam-se na anulação do individuo pelo todo. Ambos propuseram resgatar a humanidade de “pecados originais” responsáveis pelo mal na Terra, do que resultaria a criação de paraísos terreais nas sociedades liberadas do mal. O Nazi-fascismo libertaria a humanidade da contaminação com raças inferiores, restaurando-lhe sua beleza e melhores virtudes. O regime marxismo leninista resgataria a humanidade do pecado da “propriedade privada ou particular”, do que resultaria a “liberação das forças produtivas” e uma democracia jamais vista. Consequentemente a liberdade, a felicidade e a fartura inundariam as sociedades socialistas.

Do nazismo restou as lembranças de um ditador paranoico e um Estado que tinha o terror como instrumento de dominação sobre todos, lembranças estas que só inspiram ainda meia dúzia de amalucados,frustrados e paranoides. Praticavam a crueldade com sentimento do dever cumprido, pelo bem da raça superior. Não eram lobo com pele de carneiro, tinham um projeto explícito onde o terror era virtude, anunciavam o mal que praticariam. Por isso, o holocausto foi mais que anunciado.

O socialismo marxista foi detonado pela própria petulância e incompetência, pois, a policia secreta, os assassinatos nas mãos do Estado e a incapacidade de fornecer até papel higiênico para a população, são as lembranças mais comuns do “paraíso socialista”.A China, ainda sob domínio de um Partido Comunista, para escapar da fome e de um fracasso generalizado, ressuscitou a propriedade privada e a “burguesia que fede”, como diziam nossos petistas. Uma diferença notável entre esses regimes ditatoriais, entretanto, é a vocação socialista para vestir o lobo com pele de cordeiro ou ter sempre um discurso politicamente correto para encobrir seus projetos anti-libertários, a mentira ou, até mesmo o terror . Um exemplo concreto, a nossos olhos, é o Partido no poder,assumidamente marxista, apresentar num “Plano Nacional dos Direitos Humanos-3” o projeto de liquidar com a liberdade de imprensa sob o doce manto de “controle social da mídia”. Ou ainda, buscar impactar os direitos de propriedade,colocando os invasores de uma propriedade acima do invadido que, antes de buscar seus direitos, teria de discutir os “direitos humanos do invasor”, com este.

Lembraríamos ainda que, apesar de nossa produção rural ou agro-negócio serem o carro-chefe de nossa economia, abarrotando celeiros, estradas e portos, dando força e confiança aos projetos de governo, ao lado de discursos ideológicos contra latifúndio e impactação ambiental, houve décadas de invasões e terror impunes, praticados por apêndices do poder, o MST. Apenas o sucesso do agro-negócio soterrou tais movimentos, a contra gosto de muitos holerites.

Mas o DNA do terror persiste vivo e atuante, leitor, em entidades estatais e organizações de fachada religiosa, que propiciam e manipulam o “conflito indígena”. Neste, milícias armadas,eficientes e misteriosos transportes noturnos, técnicas de guerrilha, cobertura na imprensa e de órgãos estatais que anunciam o conceito de “retomada”, praticam a franca violação de direitos constitucionais, sob mantos ideológicos e politicamente corretos. O Ministério Público Federal assina embaixo do conceito constitucionalmente apócrifo de “retomada”, repassada aos invasores por entidades para-religiosas, induzindo ao franco terror em propriedades legítimas e seculares. O Ministério da Justiça empurra com a barriga, como convém à ideologia que quer impactar a segurança jurídica no campo, onde o terror se torna virtude revolucionária. É uma porteira aberta, um modelo de ação para as massas, em movimentos futuros, é o que os “companheiros “ chamam de “avanços”. Até onde vai? Até onde permitir a falta de percepção das lideranças rurais sobre o que está em jogo e onde querem chegar os manipuladores do “conflito indígena”. Não é Buriti ou a

Fazenda Esperança que querem ver “retomadas”. É o terror e o ódio entre brasileiros que zumbis ideológicos querem ensinar às massas, cumprindo assim uma diretriz de Lênin: "Não podemos prometer-lhes a guerra civil, mas temos o dever de, a todo momento, levá-los nessa direção". Por isso o governo PT não resolve o chamado "conflito indígena". Afinal, a diretriz leninista é "aguçar as contradições" e não resolvê-las.

(*) Valfrido Medeiros Chaves, psicanalista

vmcpantaneiro@gmail.com

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