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Corrupção e feudalismo na República Popular

Por Valfrido M. Chaves* | 01/11/2011 12:30

Sabe-se que na Idade Média, onde o Feudo era a unidade econômica, social e política de uma região, o poder era conquistado e garantido a ferro e fogo. Alcançado o poder, através do saque ou de impostos, os senhores feudais adquiriam a riqueza, representada por posses e pelo dito “vil metal”, o ouro.

No contexto feudal surgiu o “Burgos”, a vila, a cidade, o “burguês”, daí se chegando a um universo econômico que chamamos de “Capitalista”, onde os meios de produção são propriedade particular, ou privada. Ao contrário do mundo feudal, no mundo capitalista o poder é conquistado após o acesso à riqueza.

Mas tudo é verdade até certo ponto, pois, em todo mundo, grande parte da riqueza das famílias é conquistada “à sombra do poder estatal”, o que poderíamos ver como uma herança do feudalismo no sistema capitalista. Os comunistas brasileiros, há décadas passadas, teorizavam sobre “o feudalismo” no campo e que a economia urbana, portanto capitalista, faria da economia rural a sua “colônia” que alimentaria a economia das cidades. Tais idéias se baseavam num dogma (e comunista só é menos dogmático que o Papa), o de que uma economia capitalista só funciona se tem uma colônia para sugar.

Mas o campo brasileiro prosperou, não só negando o chiquérrimo besteirol marxista da época, como se transformou no carro chefe de uma economia sustentável voltada para mercados externo e interno.

Girando o mundo, num Brasil onde a economia privada mostra serviços e fôlego para muito futuro, partidos políticos impregnados daquela ideologia marxista fracassada como profetiza, promotora de justiça, prosperidade e liberdade, chega ao poder central da República. Tal meta foi atingida após uma pertinaz, massiva e eficiente campanha através da qual a maioria da população acreditou que pouco prestava na condução dos destinos da nação, sobretudo na economia. Na república popular, entretanto, a “herança maldita” revelou-se um “céu de brigadeiro”, até agora não modificada e onde a prosperidade do agro-negócio contrasta com o abandono e corrupção que envolve assentamentos e a dita reforma agrária.

Valeria até dizer aquele ditado: “Boca falou, c. pagou”, sim senhor! Mas fato é leitor, que grande parte dos quadros de liderança dos Partidos ditos socialistas e comunistas no poder, participou da luta armada contra o regime militar, mas, até hoje, nunca mostraram um documento sequer em que tivessem definido como objetivo o restabelecimento democrático da Nação. O objetivo era ideológico, ou seja, substituição do regime militar por um regime totalitário, coisa da qual fui testemunha nos anos 60, e do que falarei futuramente.

Mas o que até aqui está posto, leitor, é para apontar para a grande ironia do que se passa em nosso momento político, que é alto grau de reacionarismo da orientação política dos socialistas no poder, que é reinstalar, com todas as letras, um aspecto essencial do feudalismo: instalar-se no poder para saquear o dinheiro público e, portanto, a sociedade. Para bolsos particulares, de ONGs ou caixa dos Partidos: o mecanismo é feudal, pois é o uso do poder para meter a mão. Por isso tá caindo o quinto Ministro, graças às denúncias da Imprensa, que parece mais competente que os órgãos de informação do Estado.

Por essa e por outras, reinstalou-se o poder feudal no Brasil ou, como já se diz, o sistema das capitanias hereditárias, onde o Capitão a tudo pode, menos ser pego com a mão na cumbuca, é claro. Aí dança. Quantos ainda dançarão?

(*) Valfrido M. Chaves é psicanalista

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