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Da Quietude

Por Heitor Freire (*) | 23/04/2018 13:56

Nós, seres humanos, vivemos imersos em um turbilhão de pensamentos provocados pelo ego para distrair nossas mentes e impedir o acesso ao nosso interior, ao nosso coração, e assim continuar nos dominando como sempre fez.

Basta verificar quantas vezes tomamos atitudes apressadas e impensadas, das quais depois nos arrependemos e para as quais não há nenhuma razão plausível.

O despertar para o nosso verdadeiro Eu depende diretamente do silêncio da nossa mente que está sempre, ou quase sempre, envolvida com os ruídos internos que são nossos pensamentos.

Quando silenciamos nossa mente poderemos ouvir a nossa verdadeira voz que se manifesta com o silêncio interior.

Mais uma vez Eckhart Tolle, considerado hoje um dos principais líderes espirituais do mundo, nos surpreende com seus ensinamentos: “A orientação para os desafios e problemas do dia a dia pode vir naturalmente ao escutarmos nossa voz interior”. Autor dos best-sellers ‘O Poder do Agora’ e

‘Um novo mundo’, ele ensina que situações complicadas – e aparentemente impossíveis de serem resolvidas – podem ser superadas por meio da intuição e da gratidão.

Tolle garante que é possível desenvolver a intuição para que ela funcione a nosso favor. De acordo com o autor, o isolamento é necessário para despertar o potencial interior de cada indivíduo.

“Procure ter alguns períodos de quietude, que são melhores para aflorar o sexto sentido”, diz o autor, cujos livros superam os 10 milhões de exemplares vendidos.

Em um mundo com pessoas amplamente conectadas, porém cada vez mais focadas em si mesmas, o escritor fala sobre como equilibrar os desejos individuais e o fluxo natural da vida.

“Quanto maior a resistência ao presente, mais presos estaremos a um desejo egoísta. É preciso se render ao agora, pois essa aceitação permitirá uma resposta mais eficaz ao que o momento presente pede”.

Reconhecido pela originalidade e eficácia de suas reflexões, há 40 anos Tolle se dedica ao entendimento, integração e aprofundamento do despertar da consciência da humanidade, por meio da combinação de conceitos do cristianismo, budismo, hinduísmo, taoismo e de outras religiões.

Tolle não está sozinho nessa pregação. Jiddu Krishnamurti, um líder espiritual indiano, cujos ensinamentos sinalizam nessa mesma direção, foi “descoberto” ainda menino na Índia, por Helena Blavastky, Charles Webster Leadbeter e Annie Besant, então líderes da Sociedade Teosófica. Na ocasião, em 1909, ficaram impressionados com o incrível potencial espiritual do menino de apenas 13 anos de idade, e dois anos depois fundaram a Ordem da Estrela do Oriente, em 1911, para proclamar o advento do Instrutor do Mundo, que seria Krishnamurti, pela precocidade de seu entendimento espiritual.

Krishnamurti foi nomeado o dirigente da Ordem. Em 3 de agosto de 1929, dia da abertura do Acampamento Anual da Estrela, em Ommen, na Holanda, Krishnamurti dissolveu a Ordem diante de 3.000 membros, deixando todos perplexos.

Nessa ocasião, ele disse: “Eu afirmo que a Verdade é uma terra sem caminhos, e vocês não podem alcançá-la por nenhum caminho, qualquer que seja, por nenhuma religião, por nenhuma seita. Este é o meu ponto de vista, e eu o confirmo absoluta e incondicionalmente. A Verdade, sendo ilimitada, incondicionada, inacessível por qualquer caminho que seja, não pode ser organizada; uma crença é algo puramente individual, e vocês não podem e não devem organizá-la. Se o fizerem, ela se torna morta, cristalizada; torna-se um credo, uma seita, uma religião a ser imposta aos outros”.

“Vocês têm a ideia de que somente determinadas pessoas possuem a chave do Reino da Felicidade. Ninguém a possui. Ninguém tem a autoridade para possuir tal chave. Essa chave é seu próprio eu, e no desenvolvimento e na purificação e na incorruptibilidade desse eu particular está o Reino da Eternidade”.

“Meu único interesse é tornar o ser humano absolutamente, incondicionalmente livre”.

Essa corajosa decisão demonstrou o alto nível de consciência que Krishnamurti havia atingido. Dissolveu a Ordem da Estrela do Oriente, mas continuou por toda sua vida a pregar a necessidade de o homem entender a sua individualidade e a não renunciar a ela.

"O silêncio de uma mente tranquila é a essência da beleza. Porque a mente silenciosa não é joguete dos pensamentos, então nesse silêncio chega aquilo que é indestrutível, que é sagrado", ele disse.

Na mesma trilha, Osho, outro líder espiritual hindu, ensinou: “Sempre que há silêncio, a verdade floresce. A verdade é o florescimento do silêncio, porque sempre que estão silenciosos, as portas se abrem, e vocês estão no templo”.

Daí a importância de buscarmos a nossa quietude interior. Quietude é nossa natureza essencial. O que é quietude? O mais profundo espaço de consciência, que percebe e compreende porque, sem essa consciência, não há percepção, nem pensamentos, nem realidade.

Você é essa consciência personificada, particularizada.

Resumo da ópera: Não depender de ninguém. Buscar a quietude interior. Nosso coração sabe tudo. Basta que silenciemos nossa mente para escutá-lo. Deixar de seguir o que outros dizem.

(*) Heitor Rodrigues Freire é corretor de imóveis e advogado.

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