ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUINTA  18    CAMPO GRANDE 21º

Artigos

Desenvolvimento da malha ferroviária de Mato Grosso do Sul

Por Antonio Russo Neto (*) | 14/06/2012 09:19

É lamentável reconhecer que o Brasil está bastante atrasado na utilização dos trens para transportes de cargas e de passageiros. Nossa primeira ferrovia foi construída em 1854, ligando Porto de Mauá a Fragoso, no Rio de Janeiro. Hoje, mais de um século e meio depois, temos apenas 29 mil quilômetros de ferrovias no País, dos quais somente 11 mil são explorados. O restante está desativado ou é subutilizado.

Apesar de já termos tido 37 mil quilômetros de ferrovias no início da década de 50, a construção de rodovias pelo País eclipsou o arcaico sistema ferroviário nacional. Vale ressaltar que, entre 1998 e 2003, foram construídos apenas 215 quilômetros de ferrovias em bitola larga no Brasil.

Os investimentos ferroviários voltaram a acontecer com mais intensidade no governo Lula. Entre 2003 e 2010, foram construídos 504 quilômetros de estradas de ferro em bitola larga. No final de 2010 estavam em obras mais 1.908 quilômetros, feitos com investimentos públicos e privados.

Considero extremamente positivo que esses investimentos estejam sendo ampliados no atual governo Dilma Rousseff. O PAC 2 prevê recursos de R$ 46 bilhões até 2014 para a construção de ferrovias. Com isso, começa a ser construída uma matriz ferroviária no País, que pretende elevar dos 25% atuais para 32%, em 2020, a participação desse modal no transporte nacional de cargas.

Fazem parte dessa matriz as três maiores obras ferroviárias do mundo na atualidade: a Ferrovia Norte-Sul, a Oeste-Leste e a Nova Transnordestina. Além destes trechos, tenho defendido no Senado a construção de dois trechos complementares para a região Centro-Oeste e para o Mato Grosso do Sul. Refiro-me a ampliação dos traçados da Ferrovia Norte-Sul e da Ferrovia do Pantanal.

Estamos pleiteando – juntamente com o Governo do Estado e a bancada parlamentar sul-mato-grossense – que a União faça a opção por um novo traçado da Ferrovia Norte-Sul, compreendido entre Estrela D´Oeste e Panorama (SP), de modo que todo o segmento passe pelo território sul-mato-grossense, atravessando os municípios de Aparecida do Taboado, Selvíria e Três Lagoas, chegando a Brasilândia. Defendemos que este traçado tem a melhor viabilidade técnica, econômica e ambiental.

Nestas cidades estão instaladas e projetadas grandes fábricas de celulose, fertilizantes e siderurgia. Além disso, a região concentra indústrias de processamento de grãos, açúcar e álcool, madeira e de outros produtos de exportação. Ou seja, quando construída, no eixo da ferrovia Norte-Sul, já haverá um montante de mais de 10 milhões de toneladas a serem transportadas por ano!

Reforço os argumentos do governador André Puccinelli de que a região que engloba este trecho da Ferrovia Norte-Sul é um grande polo produtor que precisa de infraestrutura adequada. Vemos no traçado que passa pelos municípios sul-mato-grossenses uma oportunidade ímpar para impulsionar o desenvolvimento econômico e social e de promover ainda mais a interiorização do Brasil, elevando o índice de desenvolvimento humano.

Importante para nosso Estado é também a Ferrovia do Pantanal, que se conectará ao traçado da Ferrovia Norte-Sul, na região de Brasilândia. Estudo de viabilidade econômica e ambiental da Ferrovia do Pantanal indica que a melhor opção é a passagem pelos municípios de Maracaju, Dourados, Nova Andradina, Bataguassu e Brasilândia, na fronteira com o Estado de São Paulo, nas proximidades de Panorama.

Outra obra ferroviária de suma importância para o nosso Mato Grosso do Sul e para o Brasil é a Ferroeste, ligando Dourados a Cascavel no Paraná, onde ela se articulará com o trecho ferroviário já existente, de Cascavel ao Porto de Paranaguá.

Não é por outra razão que o Governador André Puccinelli tem lutado incansavelmente, desde seu primeiro mandato, pela implantação de mais ferrovias no Estado. Seja em audiências com Ministros de Estado ou com os Presidentes Lula e Dilma Rousseff, seja por meio de reiterados ofícios e exposições de motivos, tem trabalhado, com o nosso permanente apoio, para que essas obras ganhem prioridade no âmbito do Governo Federal.

O que queremos é a garantia de infraestrutura logística adequada para impulsionar o crescimento, do nosso estado, do Centro-Oeste e do Brasil. Há muito que fazer em matéria de transporte ferroviário no País, mas é inegável a importância estratégica que esses ramais ferroviários terão para o País.

(*) Antonio Russo Neto é senador de Mato Grosso do Sul (PR/MS).

Nos siga no Google Notícias