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Ferramentas digitais para jornalistas

Gerson Luiz Martins | 24/04/2012 06:48

Muito se cobrado dos jornalistas profissionais qualificados em algum curso de Jornalismo sua preparação e capacidade para atuar em ciberjornalismo, trabalhar nos cibermeios. Sem qualquer dúvida, o jornalista de hoje deve estar preparado para isso e, se antes sua capacidade, sua potencialidade ou seu talento para escrever bastava para o habilitar a profissão de jornalista, hoje a situação mudou sensivelmente. Dezenas de diretores de empresas jornalísticas, no seu saudosismo de uma profissão que se aprendia na pratica, na rotina das redações, repetem a exaustão que para ser um bom jornalista não há necessidade de fazer curso universitário de jornalismo, basta alguns dias de treinamento na redação e talento para o texto que estará pronto.

A realidade do "talento" para o jornalismo mudou muito. Se aquele que deseja ser jornalista não se qualificar, não cursar uma faculdade de jornalismo dificilmente terá vida longa na profissão. Mesmo profissionais egressos da escolas de jornalismo precisam de mais qualificação. As mudanças no jornalismo, nos últimos anos, foram muito significativas, sensíveis. E este processo não se concluiu, nunca irá se concluir. Como muito bem se debateu no ultimo Congresso de Jornalismo Digital de Huesca, Espanha, a atividade jornalística se transformou nos últimos 10 anos e muito mais virá nos próximos 5.

O "talento" para o jornalismo agora tem um nome - qualificação. É importante afirmar ainda que não se trata somente do apreender as novas técnicas do jornalismo ou do que se poderia chamar de "jornalmática", para se comparar grosseiramente com telemática, embora ciberjornalismo seja considerado o termo mais adequado; mas compreender o universo que se compõe a cibersociedade, compreender as ferramentas digitais do jornalismo e, analisar e avaliar, a sociedade política no sentido mais amplo do termo, que envolve a história e a geoeconomia.

Nesse caminho, a universidade tem buscado, e conseguido, contribuir para subsidiar os profissionais do jornalismo e promover ainda o desenvolvimento de processos, ferramentas e mecanismos que qualifiquem o jornalista e o jornalismo. Importante mencionar o trabalho do Grupo de Pesquisa em Jornalismo Online, liderado pelo professor Marcos Palacios, da UFBA que publicou na final de 2011 um livro que colabora na qualificação mencionada anteriormente, Ferramentas Digitais para Jornalistas; ou ainda, também de grande valor o trabalho realizado pelo Centro Knight de Jornalismo para a América, liderado pelo professor Rosental Calmon Alves, na Universidade do Texas (EUA), que realiza periodicamente seminários e treinamentos, via web, para a qualificação de jornalistas neste novo panorama da atividade.

Diante de todos esses desafios se pergunta como será o jornalista do século 21? Entende-se que uma das características, não a única, será um intercâmbio, muito denso, entre o jornalismo e o audiovisual, consequência direta do ciberjornalismo onde interagem áudio, vídeo, hipertexto, metadados e instantaneidade.

Esta situação demanda, exige uma reforma curricular urgente nos cursos universitários de jornalismo. Em boa medida o projeto proposto pelo Ministério da Educação e coordenado pelo professor José Marques de Melo em 2009, que se encontra "engavetado" no Conselho Nacional de Educação (CNE), sob as "nádegas" do relator do processo, professor Reynaldo Fernandes, ex-presidente do INEP; vai resolver em parte essa necessidade de reforma. Em parte porque todo processo de reforma curricular nunca estará acabado, deve se adequar, periodicamente, às novas demandas da sociedade. No caso deste projeto, cabe ressalvar que a sua estrutura prevê um amplitude de ações e, portanto, tem uma longevidade maior. Diga-se que o projeto foi construído a partir de varias audiências públicas, com a contribuição da sociedade e com o trabalho dos maiores e melhores expertos no ensino jornalismo, como os professores Eduardo Meditsch, Alfredo Vizeu, Luiz Gonzaga Motta, Sonia Virginia Moreira, além do próprio José Marques de Melo.

Enquanto o CNE estiver sentado sobre o projeto, os cursos de Jornalismo padecem sob precariedades, desatualização, em alguns casos centrados na teoria da comunicação, em outros casos num tecnicismo exacerbado. Deve-se entender que é um CURSO DE JORNALISMO, que a comunicação é uma área de conhecimento e não uma atividade profissional e que ainda esse mesmo jornalismo é, hoje, um campo consolidado com um histórico significativo de pesquisa e produção cientifica.

(*) Gerson Martins é jornalista e pesquisador do PPGCOM e CIBERJOR/UFMS.

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