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Gramíneas forrageiras tropicais para Integração Lavoura-Pecuária

Por Ademir Hugo Zimmer (*) | 04/11/2015 08:46

Diversas características das forrageiras tropicais favorecem sua utilização em Integração Lavoura-Pecuária (ILP) como: crescimento mais lento na fase inicial com menor competição com a cultura associada; maior tolerância à acidez e ao alumínio tóxico; sistema radicular mais profundo, que confere maior tolerância à seca e maior reciclagem de nutrientes; boa tolerância ao sombreamento apresentado por diversas cultivares.

Cada forrageira apresenta vários atributos agronômicos que possibilitam a escolha de locais mais apropriados para o cultivo. Os diferentes fatores ambientais afetam de forma diferenciada cada forrageira, sendo que alguns podem ser modificados ou corrigidos, de acordo com o objetivo do sistema de produção, como a correção e adubação, irrigação, semeadura e os ajustes no manejo.

Nos sistemas em áreas de Cerrado e outras regiões mais quentes, as forrageiras do gênero Brachiaria apresentam bons resultados na ILP e as mais comuns são: Brachiaria ruziziensis cv. Kennedy, B. decumbens cv. Basilisk, B. brizantha cvs. Marandu, Xaraés, BRS Piatã e, mais recentemente, a BRS Paiaguás. Já as cultivares B. humidicola, por apresentarem estabelecimento lento e qualidade de forragem inferior, raramente são utilizadas, sendo que em algumas condições são semeadas em cultivos com arroz.

As forrageiras são cultivadas em consórcio com culturas como milho, sorgo e arroz ou em sucessão a culturas de verão, como a soja. O objetivo pode ser o de somente a produção de palha da forrageira, ou palhada, mais a cultura associada. Para essas situações, a mais adotada é a braquiária ruziziensis, também utilizada em pastejo. Quando se objetiva uma integração com produção animal, normalmente são usadas as demais cultivares de braquiária ou panicum. Dessa forma, a pastagem é inserida por um, dois ou mais anos visando à produção animal.

As braquiárias se caracterizam pela rusticidade e adaptação a solos de baixa fertilidade e ácidos, entretanto, respondem bem a melhorias na fertilidade e, portanto, apresentam altas produções em áreas com cultivos anuais. Além de serem facilmente estabelecidas, apresentam boa competição com plantas daninhas e efeito no controle de algumas pragas e doenças em cultivos com milho, soja e feijão. Pelo porte mais baixo, são de manejo fácil, tanto para pastejo quanto dessecação e plantio direto das culturas em sucessão. Elas estão aptas a todas as fases da criação, mas em ILP, com o cultivo em solos férteis, apresentam melhor qualidade e proporcionam resultados satisfatórios na recria e engorda de bovinos de corte e produção de leite.

Resultados recentes de pesquisa demonstram ainda que as braquiárias nos sistemas de ILP favorecem a produção de soja. Em anos normais, nos quais as condições climáticas não são restritivas, a produtividade da planta estabelecida sobre áreas de milho safrinha consorciado com braquiária é de 3 a 5 sacas/há, maior que sem a presença do capim. Já em anos com restrição de chuvas, as diferenças tendem a acentuar. Nesses casos, a produção de soja semeada sobre palhada de milho safrinha consorciado com forrageiras pode ser superior em 8 a 12 sacas/ha em relação às palhadas de milho solteiro. Isso se atribui a melhor cobertura do solo com maior ciclagem de nutrientes.

(*) Ademir Hugo Zimmer, pesquisador da Embrapa Gado de Corte (Campo Grande, MS)

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