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Mudança de nome JÁ!

Por Antônio Cezar Lacerda Alves (*) | 04/02/2011 11:19

O nome do nosso Estado tem que ser mudado. Já passou da hora! Nós não nascemos de uma divisão. O nosso povo e a nossa gente, com as nossas características próprias, nasceram antes da divisão do antigo Estado. Nós temos uma história gloriosa e inconfundível.

Nós pertencemos a uma região de campos de pastagens, cerrados e charcos; eles - a área remanescente do antigo Estado - estão mais para a Região Amazônica (infelizmente, com a floresta em franca devastação).

Nosso povo descende da valente e aguerrida nação guaicuru (composta por índios guerreiros e exímios cavaleiros) e a nossa cultura tem uma identidade brasiguaia: somos amantes da guarânia, da polka paraguaia, do “puchero”, do tereré; e, agora, nos últimos tempos, nosso estado foi o berço do “sertanejo universitário”, que é o ritmo do momento; eles descendem de índios escravizados pelos bandeirantes e suas manifestações culturais (gastronomia, danças, modo de falar, artesanatos) partem do convívio de várias culturas (os índios que lá viviam, bandeirantes paulistas e os negros levados para lá como escravos).

Portanto, nossas características são totalmente distintas.

Não somos um apêndice do Estado de Mato Grosso.

Não dá mais para carregar essa sina que não nos pertence, ter que estar sempre dando explicações... Então, chegou a hora, mudança de nome JÁ!

Para os amantes da história, o nome do nosso Estado deveria ser “MARACAJU”, em homenagem e respeito àqueles homens que em 1932, na Revolução Constitucionalista, num gesto de ousadia, desafiando os caudilhos, romperam com o poder e declararam a independência de um novo Estado, o Estado de Maracaju - que sobreviveu por pouco tempo, mas o episódio serviu para registrar a bravura do nosso povo.

O nome Maracaju, que em tupi-guarani quer dizer “papagaio verde da cabeça amarela”, foi escolhido naquela época por ser o nome de uma gigantesca serra (SERRA DE MARACAJU) que corta nosso Estado de Norte a Sul e o divide em dois, ficando, ao leste, os campos de cerrado e ao oeste o nosso grandioso Pantanal.

Outro nome que poderia agradar ao nosso Estado - como ocorreu com o Estado da Guanabara que, ao se fundir em um só, ficou com o nome da Capital, Rio de Janeiro - seria: CAMPO GRANDE. Aliás, esse nome decorre do fato de que a região era conhecida como “Campo Grande da Vacaria” – uma grande região de terras férteis para a agropecuária.

E não é só. Campo Grande, que já foi a capital do teimoso, desafiador e ousado Estado de Maracaju, nasceu dos sonhos de hospitaleiros mineiros e hospeda em seus quadrantes uma parcela significativa de brasileiros vindos das mais variadas regiões do país (gaúchos, catarinenses, paranaenses, etc.) e povos vindos dos mais longínquos recantos da terra (japoneses, armênios, árabes, italianos, etc.). E mais. A história da cidade de Campo Grande está intimamente ligada à história de lutas pela divisão do Estado.

Mas, a bem da verdade, apesar de ser uma via recheada de posições políticas antagônicas, a melhor alternativa, até por uma questão de marketing turístico, seria dar ao nosso Estado o nome de PANTANAL. Este seria um nome realmente forte.

Um nome que seria imediatamente conhecido no mundo todo. É certo que o nosso Estado não é só PANTANAL; é certo também que a oficina da nossa economia, que é o agronegócio, está sediada em outras áreas do nosso território; é igualmente certo que essa questão do marketing turístico poderia ser solucionada através de um slogan que permanecesse fortemente agregado ao nome do Estado, por exemplo: “Maracaju, o Estado do Pantanal”, ou, “Campo Grande, o Estado do Pantanal” – essa alternativa, porém, poderia continuar sendo contrastada com o marketing turístico deles: “Pantanal mato-grossense”.

De sorte que, sem dúvida nenhuma, de direito e de justiça, o grande mar de xaraés, a maior planície alagada do mundo, a maior biodiversidade do planeta, o maior santuário ecológico da terra, o nosso PANTANAL, em sua maior extensão, está plantado no nosso território e, consequentemente, nada nos impede de darmos a esse chão um nome realmente representativo: PANTANAL.

... Ou, como foi dito antes, CAMPO GRANDE, ou, MARACAJU... Sei lá! Qualquer coisa, menos continuar da forma como está, pois, daqui a pouco, quando tirarem o SUL do nome do Estado,e na tentativa de nos distinguirem do outro, colocarão numeração romana: MATO GROSSO II, ou, MATO GROSSO SEGUNDO...!

Não dá, né?????? Pois, é! Mas, a qualquer momento, numa outra novela...!

(*) Antônio Cezar Lacerda Alves é advogado.

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