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O desafio da primeira escolha

Por Selena Greca (*) | 29/04/2017 13:37

Fazer uma escolha para o futuro, aos 16/17 anos, não é tarefa fácil! O mundo do trabalho em constantes mudanças, repleto de incertezas, tecnologia de ponta em todas as áreas, com mercado exigente e competitivo, tem tornado esta construção da carreira cada vez mais complexa. Mas, do outro lado, nos deparamos com um jovem adolescente passando pela sua primeira crise existencial: buscando o prazer acima de tudo, vivendo um consumismo muitas vezes exagerado, imediatista por natureza, e um “nativo digital”, para citar algumas características.

Em meio a esta turbulência ele precisa decidir por um caminho, construir o seu projeto de vida. Existem inúmeros fatores que interferem nesse momento de decisão, e que poderão ter uma forte influência caso não estejam conscientes. Quanto mais imaturo, maiores também serão as influências externas.

Muitas atividades exercem fascínio nos estudantes pelo possível retorno financeiro e status, por exemplo, Direito. O estudante sequer analisa quais características são importantes na área e, nem mesmo, se o seu perfil se encaixaria neste campo. Da mesma forma, outros cursos como Medicina e Engenharias continuam com forte influência perante pais e vestibulandos. Existem, ainda, aqueles que sonham desde criança fazer determinado curso. Muito cuidado!

Este pensamento é perigoso se não for analisado com a devida atenção. Permanecer "fechado", pensando em prováveis identificações e idealizações que toda criança faz durante a infância e, apenas transferir para o momento da escolha, poderá fazer com que corra o sério risco de entrar em uma faculdade totalmente imaturo em relação a si próprio, e ao que é exigido para exercer a atividade.

Outra grande influência é a interferência familiar. O possível sonho e desejo dos pais em ver o filho em determinada profissão ou, ainda, dando continuidade à atividade da família.

A liberdade de escolha deverá existir sempre, pois as consequências desta decisão serão vividas somente pelo jovem. No futuro, feliz e realizado, ou frustrado, não serão os pais que viverão por ele!

Podemos dizer que nesta fase a família convive com as mesmas ansiedades e angústias. Os filhos desejam a participação dos pais; estes pressionam para uma determinada escolha, ou, não se pronunciam temendo exercer influência. Não sabem como ajudar, pois tem apenas o referencial de como vivenciaram este momento quando também eram adolescentes.

Nossa orientação é sempre pelo apoio dos pais. Utilizar o tempo e o espaço para que o jovem continue seu processo de amadurecimento junto à família. Conversar sobre profissões, carreiras e trabalho. Utilizar a rede de relacionamento e conhecimentos dos pais para vivenciar ambientes em que a profissão é desenvolvida. Participar de feiras de profissões para que o universo profissional possa ser ampliado. Incentivar a leitura sobre cursos avaliando inclusive a grade curricular. Criar momentos para reflexões francas e enriquecedoras, pois isso diminuirá ansiedades e pressões.

Queremos que os jovens possam despertar enquanto existe tempo hábil para a decisão. Reforçamos que o autoconhecimento, isto é, buscar um referencial interno e, apropriar-se dele, este sim é o pilar fundamental para uma decisão madura.

Este deverá ser o equilíbrio de um processo de escolha. A carreira é um projeto de vida e apenas o jovem poderá construí-lo com consciência, maturidade e responsabilidade.

(*) Selena Maria Garcia Greca é psicóloga e orientadora profissional no Colégio Marista Santa Maria, do Grupo Marista.

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