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Por que sou contra a aliança com o PMDB de MS

Por Semy Alves Ferraz (*) | 11/10/2013 18:32

A despeito de minha admiração por baluartes do antigo MDB, partido em cujo seio se travou a luta pela democratização do País durante o período de trevas que se abateu sobre a vida política brasileira – entre eles Ulysses Guimarães, Marcos Freire e Pedro Simon, em nível nacional, e Plínio Barbosa Martins, em nível regional –, entendo temerária qualquer hipótese de aliança do Partido dos Trabalhadores com o agora PMDB sul-mato-grossense.

Antes de tecer maiores considerações, esclareço que sou da geração que aprendeu a fazer política com o cérebro, a razão: eram tempos de chumbo, e qualquer erro político representava o fim, a morte de qualquer projeto coletivo em prol de uma sociedade melhor, mais justa, solidária e fraterna. Por essa razão, vou expor os motivos que me levam a tornar públicas as minhas considerações sobre esta bizarra aliança.

À luz da ética e dos mais caros valores da vida republicana e destituído de todo e qualquer preconceito, não é possível haver diálogo entre o pescoço e a guilhotina. Explico: o grupo político que desde que se apossou da legenda de Ulysses Guimarães em Mato Grosso do Sul tem demonstrado desprezo pelas liberdades cidadãs e pelos princípios da convivência democrática, dirigindo com fortes evidências de tirania, ou mais precisamente fascismo explícito, as instituições às quais chegaram usando todos os meios, não tem aptidão moral para integrar o arco de alianças com aqueles que num passado recente tripudiou, hostilizou e até negou de maneira intolerante e intransigente.

Não é demais trazer à lembrança o memorável gesto do Doutor Plínio, quando seu partido fez uma aliança, na sua abalizada opinião, espúria, e ele foi voto vencido na convenção, o que o levou a rasgar sua ficha de filiação e a fazer um discurso indignado, em que ensinava que não há como lutar pelos sagrados objetivos de levar democracia e legalidade quando pactuamos com os inimigos de nossos principais objetivo políticos.

Esse gesto entrou para a história, pois foi protagonizado diante das câmeras e dos principais dirigentes de seu partido em 1990, quando seu irmão mais velho havia afiançado uma coligação inimaginável sob a justificativa de derrotar o seu inimigo maior, o ex-governador Pedro Pedrossian.

O resultado todos conhecem: o ex-governador, então celebrizado como o “homem de Miranda”, ganhou no primeiro turno, e o irmão do Doutor Plínio amargou, mais que a derrota eleitoral com todos os seus aliados de última hora, a saída do cenário político de uma das maiores reservas morais da política brasileira, o grande democrata que falecera oito anos depois.

Faço questão de reiterar que nestas considerações não há qualquer cunho subjetivo, de ranço pessoal, mas de fundo ético e de princípios democráticos, dos quais nosso Partido não pode se distanciar sob pena de claudicar perante a sociedade sul-mato-grossense, ainda mais num momento em que as forças vivas da nação saíram às ruas para clamar por respeito à vontade popular.

Hoje, quando a cidadania tem acesso a informações antes inacessíveis, graças ao avanço tecnológico, não podemos nem devemos subestimar a inteligência do cidadão comum, atento e cada vez mais presente no cotidiano das instituições públicas. É nesse contexto que a atividade política precisa ser desenvolvida, focando o bem comum, a transparência e a participação coletiva, como razão de ser de nossa vontade política.

(*) Semy Ferraz é engenheiro civil e secretário de Infraestrutura, Transporte e Habitação de Campo Grande.

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