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Sem educação é ilusão pensar que superaremos a corrupção no Brasil

Por Fábio Edir dos Santos Costa (*) | 07/02/2018 14:37

Se me perguntassem hoje quais são os mais graves desafios enfrentados pelo Brasil, nos primeiros itens da minha lista certamente estariam a corrupção e a educação. Na verdade, ambos estariam na mesma linha desta lista pois, para mim, são problemas ligados desde a raiz.
Em 2017 foram publicados dois indicadores mundiais que nos ajudam a perceber isso.

O primeiro é o ranking sobre percepção da corrupção no mundo, realizado pela entidade Transparência Internacional, que leva em consideração a percepção que a população tem sobre a corrupção entre servidores públicos e políticos. Os quatro países com menor indicativo de corrupção são Dinamarca, Nova Zelândia, Finlândia e Suécia. O Brasil ficou na incômoda 79º posição, empatado com Bielorrússia, China e Índia (ao todo foram analisados 176 países).

O segundo indicador que me chama a atenção é o Ranking da Educação, realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, que leva em consideração o desempenho dos alunos no PISA, a média de anos que os alunos passam na escola e a porcentagem da população que está cursando ensino superior. Neste ranking, o Brasil amarga a penúltima pior classificação (de um total de 36 países analisados).

E lembra os países considerados menos corruptos que citei no primeiro indicador? Pois então, todos figuram em ótimas colocações no ranking da educação. Finlândia em primeiro lugar, Suécia em terceiro, Nova Zelândia em 11º e Dinamarca em 14º.

Não é mera coincidência que países considerados menos corruptos tenham melhor desempenho em educação. Por isso é preciso ter clareza de que, sem o fortalecimento concreto da educação brasileira, através da criação e implementação de planos de curto, médio e longo prazo, contemplando do berçário à pós-graduação, é ilusório imaginar que superaremos o fantasma da corrupção que tanto mal faz ao nosso país.

Nossa missão democrática nesse contexto começa nas urnas. Eu tenho dito, repetido, e repetido de novo: só merece meu voto o candidato que me convencer ser competente para melhorar a educação. Tem que ter sensibilidade para ouvir quem está pensando a educação a partir da academia. Tem que ter peito para tratar o assunto como prioridade, ainda que ao final do mandato não haja todos os resultados esperados. Tem que saber que o problema da educação não se resolve em quatro anos, mas saber também que em quatro anos é possível preparar a terra certinho, lançar as melhores sementes e começar a regar.

Nós temos muito a aprender com os trabalhadores do campo em Mato Grosso do Sul, dos grandes fazendeiros aos agricultores familiares. Eles sabem que não há boa colheita sem um bom plantio. Eles sabem que a semente não brota de um dia para o outro. E sabem que mesmo quando ainda não se pode ver a planta saindo da terra, é preciso continuar cuidando dela pois um dia ela vai brotar.
Que em 2018 nós tenhamos em mãos a semente da educação, e que as urnas sejam o primeiro pedaço de terra para plantarmos as transformações que tanto almejamos.

*Fábio Edir dos Santos Costa, é reitor da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) e presidente do CRIE-MS (Conselho de Reitores de Instituições de Ensino Superior de Mato Grosso do Sul)

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