ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, SÁBADO  20    CAMPO GRANDE 20º

Cidades

Covid-19 cresce entre jovens, o que reduz a demanda por UTIs

Perfil de pacientes mudou, atingindo menos pessoas idosas e com comorbidades, que são as que mais precisam de leitos intensivos

Lucia Morel | 19/09/2020 07:40
Exclusivo para covid-19, Hospital Regional sentiu alteração no perfil de pacientes nos últimos cinco dias. (Foto: Assessoria HRMS)
Exclusivo para covid-19, Hospital Regional sentiu alteração no perfil de pacientes nos últimos cinco dias. (Foto: Assessoria HRMS)

Na última semana, o perfil de pacientes internados por covid-19 mudou e pessoas mais jovens, entre 40 e 50 anos, têm ocupado os leitos clínicos, o que reduziu de certa forma a demanda nas UTIs (Unidades de Terapia Intensiva).

Segundo a diretora-presidente do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul, Rosana Leite de Melo, essa alteração foi percebida nos últimos cinco dias, com a presença de pacientes mais jovens e sem necessidade de internação em leito intensivo, mas com demanda para oxigenação ou acompanhamento em leitos clínicos.

“Na última semana chegaram pacientes graves, mas não tão graves para precisarem de UTI. Até semana passada, a demanda era maior por UTI que enfermaria, mas em aproximadamente cinco dias, isso virou e estamos pegando pacientes mais jovens, entre 40 e 50 anos, sem cormobidades, reduzindo a demanda nas UTIs”, comentou.

O fato foi confirmado pela infectologista e integrante do COE (Centro de Operações de Emergência) da SES (Secretaria de Estado de Saúde), Mariana Croda.

Segundo ela, uma das razões para essa mudança de perfil seria que o vírus da covid-19, o novo coronavírus, estaria circulando mais entre os mais jovens, que são os que estão se expondo mais à contaminação enquanto os mais idosos tem se preservado.

“Estamos vendo um número maior de contaminações entre jovens sem comorbidades (que entre os idosos). Esses precisam ou não de UTI, mas se vão para um leito intensivo, não ficam tão enfermos, nem por tanto tempo”, avalia, sustentando que essa também pode ser um dos motivos da estabilização e pequena redução no número de óbitos pela doença em MS.

Para se ter uma ideia, na primeira sexta-feira deste mês, 4, havia 547 pessoas internadas com covid-19 em MS, das quais 296 em leitos de enfermaria e 261 em UTI. Uma semana depois, as quantidades eram, respectivamente, 289 e 225. Já hoje, há total de 485 pessoas internadas, sendo 270 em leitos clínicos e 217 em intensivos.

Fonte: Secretaria de Estado de Saúde / Arte: Thiago Mendes
Fonte: Secretaria de Estado de Saúde / Arte: Thiago Mendes

Outra explicação para essa redução em UTI e quase manutenção na quantidade de internados em leitos clínicos, seria a chamada imunidade coletiva ou de rebanho, que ocorre quando grande parte da população já foi contaminada, o que reduz a velocidade de disseminação da doença.

Por fim, também pelos dados, pode ser identificado que alguma redução na letalidade da doença ocorra diante da expertise, em termos de conhecimento em terapia intensiva, dos profissionais que lidam com esses pacientes, conseguindo manejar melhor essa condição.

Patamar – Tanto Croda quanto Leite sustentam que a aparente calmaria da covid-19 pode ser apenas um engano, principalmente porque, de fato, houve estabilização, mas em patamares muito altos, o que prolonga o período de extinção efetiva da doença.

“O que não queremos é que se estabilize nesse patamar. A curva no Brasil, por exemplo, foi de 90 dias seguidos com mil óbitos por dia. O que na verdade não apresenta um pico, mas uma montanha, e não foi o que vimos na China, França, Espanha, por exemplo, que em tempo menor conseguiram conter a disseminação”, analisa a infectologista.

Em Mato Grosso do Sul, a média de mortes por dia, tem sido de 13. “Nosso temor é que fique um platô muito grande, porque houve queda, mas parou, não entramos numa curva descendente de fato”, por isso, a especialista alerta: “ainda não é momento de se expor”.

“Ah, mas em Mato Grosso do Sul temos leitos suficientes. Temos leitos, mas estamos lidando com uma doença que não tem remédio, não tem vacina e que tem deixado sequelas, tanto em doenças neurológicas quanto autoimunes e ainda em diminuição da função pulmonar. Então, se puder, não é o momento de se expor”, sustenta.

Nos siga no Google Notícias