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Cidades

Amputação, viuvez e espera por perícia há 6 meses: o calvário de João em MS

Morador de Campo Grande está sem receber o benefício desde janeiro e exame presencial já foi adiado duas vezes

Por Ketlen Gomes | 14/06/2025 09:51
Amputação, viuvez e espera por perícia há 6 meses: o calvário de João em MS
João Paulo, em dezembro de 2023, após cirurgia devido ao acidente. (Foto: Juliano Almeida)

João Paulo Alves, de 45 anos, é uma das milhares de pessoas que aguardam por perícia do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) em Mato Grosso do Sul. Em dezembro de 2023, ele sofreu um grave acidente de moto, que resultou na morte da esposa e em diversas lesões. Desde então, enfrenta longa espera para realizar a avaliação médica obrigatória e, com isso, permanece sem receber o benefício por incapacidade.

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João Paulo Alves, de 45 anos, aguarda perícia do INSS desde janeiro em Mato Grosso do Sul, após sofrer grave acidente de moto em dezembro de 2023, que resultou na morte de sua esposa. O segurado teve múltiplas lesões, incluindo a perda de dois dedos do pé esquerdo, retirada do baço e cirurgia no fêmur. Sem receber benefício por incapacidade desde janeiro, João teve suas perícias remarcadas duas vezes devido à ausência do médico perito. O caso reflete a situação de mais de 40 mil sul-mato-grossenses que aguardam análise de benefícios. O INSS atribui os atrasos à greve de servidores e peritos médicos ocorrida em 2024.

Após retirar os fixadores da perna esquerda em janeiro deste ano, João foi informado de que seria necessário passar por perícia presencial. Até agora, a consulta não foi realizada. Ele relata que o exame foi remarcado duas vezes devido à ausência do médico perito, que estava de licença. A nova data está prevista para 30 de julho.

“Só gastei dinheiro com Uber. E não foi só comigo. Muitos que também tinham perícia marcada tiveram que voltar para casa porque a consulta foi remarcada”, afirma João.

As sequelas do acidente foram severas. Ele precisou retirar o baço, perdeu dois dedos do pé esquerdo e passou por cirurgia no fêmur. Desde então, tem mobilidade reduzida e faz sessões de fisioterapia, mas a recuperação, segundo ele, tem sido lenta.

“Fiquei três dias em coma induzido na Santa Casa e só saí de lá depois de três meses. Depois tive que voltar porque os dedos do pé começaram a necrosar. Minha recuperação ainda está muito lenta. Dei entrada no INSS no dia 9 de janeiro. Em outubro de 2024, tinha retirado os fixadores da perna, e em dezembro ainda recebi o benefício. A atendente me informou que, a partir de então, seria necessária a perícia presencial, mas isso vem se arrastando desde o dia 17 de março”, relata.

Antes da exigência da perícia presencial, João conseguia encaminhar os laudos e exames por foto, o que era suficiente para manter o benefício. Sem poder trabalhar e sem receber o auxílio desde janeiro, ele segue contando com a ajuda de familiares.

Além das dificuldades físicas e burocráticas, João ainda enfrenta o luto pela perda da esposa. “Ela era muito carinhosa e amiga. Já estou melhor desde a fase mais difícil da perda, mas ainda é dolorido”, diz.

João é um dos mais de 40 mil sul-mato-grossenses que aguardam análise de requerimentos de benefícios pelo INSS. O instituto foi procurado pela reportagem para comentar o caso, mas não se manifestou até a publicação.

Em outras ocasiões, o INSS atribuiu o aumento das filas de espera para perícia médica e cumprimento de exigências documentais a diversos fatores, entre eles a greve dos servidores em 2024 e a paralisação dos peritos médicos da Previdência Social.

Em nota enviada ao Campo Grande News em maio, o órgão informou que a paralisação dos servidores durou 114 dias, enquanto os peritos cruzaram os braços por mais de 230 dias, o que contribuiu significativamente para o acúmulo de demandas.

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