Com 41 mil na fila, campo-grandenses esperam 7 meses por perícia no INSS
Relatos de atrasos, perícias remarcadas e falta de atendimento presencial agravam situação de segurados em MS
Dados do Boletim Estatístico da Previdência Social de março deste ano, o mais recente publicado pelo Ministério da Previdência Social, apontam que 41.535 pessoas em Mato Grosso do Sul aguardavam análise de requerimentos de benefícios pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), seja por perícia médica ou cumprimento de exigência documental.
RESUMO
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A fila de espera do INSS em Mato Grosso do Sul atingiu 41.535 pessoas aguardando análise de benefícios, conforme dados do Boletim Estatístico da Previdência Social de março. Em Campo Grande, segurados relatam esperas de até sete meses por perícias médicas, com múltiplos reagendamentos devido à greve dos peritos. Os problemas incluem mau atendimento nas agências, dificuldades com o sistema online e longos períodos sem receber benefícios. Segurados denunciam situações precárias nas filas, afetando especialmente idosos e pessoas com necessidades especiais, além da falta de respostas efetivas às reclamações registradas na ouvidoria.
Em todo o país, 2.707.296 pessoas estavam na fila do INSS em março. Segundo a Folha de S.Paulo, esse número caiu para 2,678 milhões em abril. Em Campo Grande, a ex-bancária Fernanda Matsuyuki, de 28 anos, faz parte dessa estatística desde outubro de 2024.
Ela está há sete meses aguardando a perícia médica e já teve o procedimento remarcado seis vezes, devido à greve dos médicos peritos. “Eles atendiam apenas 50%, daí éramos remanejados e isso virou um looping”, relata.
Agora, Fernanda aguarda o dia 2 de junho para tentar novamente ser atendida. Além disso, espera, desde agosto do ano passado, o cumprimento de uma decisão favorável do próprio instituto, que ainda não foi executada por, segundo ela, “erro deles”.
“É horrível, porque além de ser uma experiência dolorosa, os próprios colaboradores do INSS não têm empatia nenhuma. Você chega na frente da agência, o guarda te trata mal, com deboche. Se te deixam entrar, o que é raro, os funcionários nem olham na sua cara direito. Já me passaram informações erradas também”, desabafa.
Fernanda explica que não tem uma doença física, mas sim mental, e, por isso, não enfrenta dificuldades de locomoção. No entanto, em todas as vezes que esteve na agência do INSS, em Campo Grande, percebeu a situação de pessoas idosas, machucadas e mães com bebês de colo, esperando em pé, sob o sol.
“É uma falta de humanidade sem tamanho. Já abri ouvidoria no Fala.BR para tratar dos prazos e atendimentos dos colaboradores, mas sempre recebo uma resposta genérica. Também registrei reclamações contra os seguranças da empresa terceirizada”, conta.
Em tratamento psicológico, Fernanda não pode voltar ao trabalho, está sem salário e sem previsão de quando será feita a perícia, o que, segundo ela, agrava ainda mais seu quadro de saúde mental.
A cozinheira Marili Campos da Silva, de 50 anos, também enfrenta dificuldades para ser atendida no INSS. Ela sofreu um acidente em janeiro deste ano e, inicialmente, conseguiu solicitar o benefício pelo aplicativo do órgão, sem problemas.
No entanto, após os dois primeiros meses, Marili precisou de uma prorrogação do benefício, determinada por seu médico, por mais 60 dias. Desde então, tenta atendimento, sem sucesso, já que, desta vez, não conseguiu resolver pelo aplicativo.
“Eu acho um absurdo esse tempo de espera, pois essa é minha única fonte de renda e as contas não esperam. Sem falar que os gastos aumentaram, com medicamentos e transporte para fisioterapia”, reclama.
Marili fez o agendamento em março, mas a perícia só será realizada no dia 27 de junho, dois dias antes do término do atestado médico. “Reenviei os documentos pelo aplicativo, mas pediram uma perícia presencial”, diz.
A reportagem entrou em contato com a assessoria do INSS em Mato Grosso do Sul, mas, até a publicação desta matéria, não obteve retorno sobre o número de pessoas na fila e as reclamações relatadas.
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